Ir para conteúdo

Posts Recomendados

No passado publiquei algumas fics e agora estou voltando com uma nova focada na Origem do Santuário na remota Era Mitológica.

O confronto entre Athena e Poseidon para decidir quem seria honrado com o nome de uma cidade que estava se formando a partir de um aglomerado de assentamentos é o pano de fundo.

Numa prévia, esta é a relação de personagens.

Cavaleiros: Eryx de Áries, Nysa de Libra, Aegon de Capricórnio, Scorvas de Escorpião, Viria de Virgem e Thalios de Aquário.

Marinas (Guerreiros Abissais): Karkinos da Lula-Vampiro, Ligeia do Polvo-Dumbo, Brontes do Peixe-Bolha, Scylla do Tubarão-Duende, Phorcys do Peixe-Dragão Negro, Naamah do Peixe-Bolha-de-Barbatanas e Abaddon do Tubarão-Cobra.

A escolha dos protagonistas é importante para o desenrolar da trama.

Em breve o capítulo 1.

Link para o post
Compartilhar em outros sites

Saint  Seiya Origins

O Chamado da Deusa

 

Capítulo 1 – O Chamado de Eryx

1536 a.C. – Messênia, Coração da Hélade

O sol, um disco de ouro incandescente, derramava sua luz sobre os campos infinitos de oliveiras e o trigo dourado que se estendiam como um manto vivo até o horizonte distante. A brisa, carregada com o hálito salgado do mar Egeu, sussurrava segredos antigos enquanto dançava sobre as ondas, um espelho bruxuleante sob o firmamento. Aninhada nesse cenário de beleza primordial, uma aldeia modesta, erguida com a solidez da pedra calcária e a simplicidade da madeira rústica, repousava no vale. Era ali, entre o cheiro de terra e a melodia do vento, que vivia Eryx, um jovem cujo destino estava prestes a se entrelaçar com as lendas dos deuses.

 

Desde os primeiros alvores de sua existência, Eryx manifestava um senso de responsabilidade que transcendia sua tenra idade. Primogênito de Theron, um ferreiro cuja força era lendária, e de Calistra, uma curandeira cujas mãos teciam milagres com ervas e sabedoria, ele cresceu embalado pelo clangor rítmico dos martelos e pelo aroma pungente das medicinas da terra. Absorvia o ofício do pai, moldando o aço com a precisão de um artesão, e aprendia com a mãe a arte de aliviar a dor, aprofundando-se nos segredos da vida e da cura. Theron, com a sabedoria dos anos e a aspereza das mãos calejadas, costumava dizer que Eryx nascera com o fogo nos olhos, mas com um coração feito de silêncio, uma alma que ouvia o mundo com uma profundidade incomum.

 

"Você escuta demais o mundo, filho", Theron proferia, o suor escorrendo pela testa enquanto o martelo descia com força sobre a bigorna. "Nem todo som precisa ser ouvido, nem todo silêncio é vazio. Há verdades que se revelam apenas na quietude."

 

Eryx, com um sorriso tímido que mal tocava seus lábios, apenas assentia. Desde os oito anos, sua calma era notória. Nunca buscava a contenda, mas quando a encontrava, a encerrava com uma força surpreendente, uma quietude que precedia a tempestade. Aos treze, já era a sombra do pai na forja e o braço direito da mãe na colheita das ervas, sempre atento aos mínimos detalhes, um perfeccionismo que lhe granjeava respeito, mas que também o envolvia em uma aura de distância, como se sua alma habitasse um plano ligeiramente apartado do mundo comum.

 

Seu único confidente, seu verdadeiro amigo, era Melantas, um jovem pastor cuja fala era rápida como um riacho de montanha e cujo riso ecoava com a leveza do vento. Juntos, percorriam os campos, lançavam pedras no rio, e sob o manto estrelado, debatiam os mistérios do cosmos.

 

"Você realmente acredita nos Deuses, Eryx?" Melantas questionou certa vez, a voz carregada de uma curiosidade juvenil, enquanto observavam as estrelas cintilarem como joias dispersas no veludo da noite.

 

"Acredito que existem", Eryx respondeu, seus olhos fixos na imensidão do céu, "Mas creio que eles nos observam como nós observamos formigas. Somos meros pontos em sua tapeçaria cósmica."

 

Melantas riu, um som cristalino que se perdeu na vastidão da noite, e atirou uma pequena pedra para o alto. "Então você é uma formiga que ousa falar com o céu?"

 

"Não", retrucou Eryx, um brilho enigmático em seu olhar. "Só sou alguém que ouve o vento... e sabe que ele tem algo a dizer. Há mensagens ocultas na melodia do universo, para aqueles que têm ouvidos para escutar."

 

O Presságio e o Despertar

Três semanas após seu décimo sétimo aniversário, uma noite, Eryx foi assaltado por um sonho de uma vividez perturbadora. Encontrava-se sozinho em um campo desolado, sob um céu que ardia em tons de vermelho-sangue, como se o próprio firmamento estivesse em chamas. Do alto de uma escadaria esculpida em pedra, uma mulher de olhos prateados, de uma beleza etérea e distante, o fitava com uma intensidade que parecia penetrar sua alma. Ela não proferiu uma única palavra, mas estendeu a mão em um gesto de convite silencioso. Eryx, impelido por uma força invisível, tocou-a – e despertou em choque, o corpo coberto de suor frio, o coração martelando no peito como um tambor de guerra.

 

Na manhã seguinte, uma transformação sutil, mas inegável, havia se operado em seu ser. Caminhou para a forja como de costume, mas o ar parecia mais leve, a gravidade menos opressora. O martelo em sua mão, antes um peso familiar, agora parecia uma extensão de seu próprio corpo, quase sem peso. E o fogo... ah, o fogo! Ele dançava na fornalha com uma vivacidade que nunca antes vira, suas chamas parecendo chamá-lo, convidá-lo a uma dança primordial.

 

Foi então que aconteceu. Ao encostar, sem querer, em um ferro incandescente, uma sensação estranha o invadiu. Não havia dor, apenas um calor que o envolvia, que parecia nutrir algo dentro dele. De seus dedos, uma faísca tênue, quase imperceptível, dançou no ar por um instante, como uma estrela recém-nascida. Theron, seu pai, percebendo a anomalia, gritou: "Eryx! Você está bem?"

 

"Sim...", respondeu o jovem, a voz embargada pela confusão e pela maravilha. "Mas algo está... diferente. É como se uma nova energia corresse em minhas veias."

 

Nos dias que se seguiram, as faíscas se tornaram mais frequentes, mais intensas. À noite, o corpo de Eryx irradiava um calor sutil, mas perceptível, como se uma fornalha interna tivesse sido acesa. Sua respiração, antes um som comum, agora parecia ecoar entre as árvores, um sopro que se fundia com o vento. E em seu peito, um brilho invisível, mas inegável, pulsava com uma vida própria, algo nascendo, crescendo... como um sol engatinhando por dentro, preparando-se para sua ascensão.

 

A Partida e o Chamado Inexorável

Três semanas depois do presságio, em um silêncio que falava mais alto que qualquer palavra, Eryx levantou-se antes mesmo que o sol ousasse espreitar no horizonte. Um pressentimento profundo, uma certeza inabalável, o impelia. Era um chamado que vinha de um lugar que ele nunca havia visto, um reino etéreo que, paradoxalmente, parecia conhecê-lo melhor do que ele mesmo. Era como se um fio invisível, tecido pelo próprio destino, o puxasse com uma força irresistível.

Vestiu suas roupas simples, o tecido rústico roçando em sua pele, e calçou as sandálias de couro que ele próprio havia reforçado, um símbolo de sua jornada iminente. Ao sair de casa, sua mãe, Calistra, já o aguardava na soleira, seus olhos marejados, mas seu semblante sereno. "Você vai partir, não vai?" ela perguntou com uma ternura que aquecia a alma, estendendo-lhe uma sacola de provisões, um gesto de amor e despedida.

 

"Eu não sei por que, mãe", Eryx confessou, a voz embargada pela emoção. "Mas preciso ir. Algo... me chama. É um sussurro que se tornou um clamor em meu coração."

 

Calistra tocou seu rosto, as lágrimas escorrendo livremente, mas sem traços de medo, apenas uma aceitação resignada. "Quando estava grávida, sonhei que você nasceria com o fogo das estrelas. Sempre soube que você não era apenas meu, mas pertencia a um propósito maior."

 

Theron, o ferreiro, também surgiu, segurando um pequeno punhal de bronze, a lâmina reluzindo fracamente na penumbra do amanhecer. "Eu o forjei no dia em que você nasceu, filho. Nunca teve dono. Agora tem. Que ele seja sua proteção e sua guia."

 

Eryx abraçou os pais, um adeus silencioso e profundo, e partiu em direção ao desconhecido. No limite do campo, Melantas, seu amigo de infância, corria para alcançá lo, o rosto contorcido pela preocupação e pela tristeza. "Você realmente vai, sem saber para onde?" ele perguntou, a voz embargada.

 

"O mundo precisa de respostas, Melantas", Eryx respondeu, seus olhos fixos no horizonte, onde o sol começava a pintar o céu com tons de rosa e ouro. "Talvez... eu encontre alguma. Talvez meu caminho seja o de desvendar os mistérios que nos cercam."

 

"Então vá", Melantas proferiu, um sorriso melancólico surgindo em seus lábios. "E leve meus risos contigo. Que eles o acompanhem em sua jornada e aliviem o peso da solidão."

 

A Jornada e o Encontro com o Destino

A estrada que Eryx trilhava não era pavimentada com pedras, mas com a solidão. Atravessou campos vastos, escalou trilhas sinuosas nas montanhas, e dormiu sob o dossel estrelado, a natureza como sua única companhia. Em Esparta, testemunhou guerreiros em treinamento, seus corpos esculpidos pela disciplina e pela dor, uma visão que ecoava a própria forja de sua alma. Em Delfos, observou sacerdotisas em transe, suas vozes ecoando profecias que pareciam vir de outro mundo. E em todos os lugares, sentia uma força invisível guiando seus passos, um magnetismo cósmico que o puxava inexoravelmente para um destino desconhecido.

 

O Cosmo – essa energia primordial, ainda sem nome para ele, mas que pulsava em suas veias com uma intensidade crescente – expandia-se a cada dia. Às vezes, à noite, sentia se envolto em uma aura invisível, um escudo de calor que o protegia do frio da noite e da incerteza do caminho. Era uma sensação de poder latente, de uma força que ansiava por se manifestar plenamente.

 

Certa tarde, após semanas de uma jornada que parecia durar uma eternidade, Eryx chegou aos pés de uma montanha solitária, cujos picos se perdiam em uma névoa densa e misteriosa. Um arrepio percorreu sua espinha, e seu coração disparou no peito, um tambor de guerra anunciando a chegada de algo grandioso. O chamado, ele sabia, estava ali, naquelas encostas silenciosas.

Na encosta, uma figura o aguardava. Não havia palavras, apenas um silêncio profundo que preenchia o ar, um silêncio que falava de eras e de destinos. Eryx, impelido por uma reverência inata, ajoelhou-se. O fogo dentro de si, o Cosmo que ardia em sua alma, parecia reverenciar algo maior, algo divino. E ali, sem compreender plenamente o porquê, Eryx soube: havia encontrado o início de tudo. O início de sua verdadeira jornada, o despertar de um poder que mudaria o curso de seu destino e, talvez, o destino do próprio mundo

Link para o post
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.
Nota: Sua postagem exigirá aprovação do moderador antes de ficar visível.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...