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Saint Seiya - O Legado


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Capítulo 1

 

 

O vento oceânico soprava fortemente no topo daquele desfiladeiro. O som vinha da inquiestação do mar, que lá embaixo se mostrava mais agitado que o normal. A tarde vinha chegando ao final quando um homem de cabelo comprido negro, preso em um rabo de cavalo caminhava tranquilamente.

 

- Quanto mais me afasto do santuário, mais sinto perturbação – pensou – isso não é bom.

 

Carregava uma grande e metálica caixa dourada em suas costas, mas seu peso não parecia incomodar. Resolveu parar por alguns instantes para fitar o pôr do sol. De alguma forma, aquela luz alaranjada o trazia uma paz, mas havia algo mais. Algo que ele nunca foi capaz de explicar. O brilho do sol o tocava de uma forma diferente. Tentava refletir um pouco sobre o assunto quando fora interrompido.

 

- Veja só o que temos aqui – disse um homem, trajando uma armadura azul de pequeno porte – um cavaleiro...

- E pelo visto, um dos graúdos – falou um segundo, apontando para a pandora box dourada.

 

Eles estavam em quase 20 homens. Todos usando armaduras semelhantes: azuis, cobrindo pouco de seus corpos. O guerreiro seguiu mirando a paisagem, sem se abalar. Parecia saber que fora seguido.

 

- Não vai dizer nada? – berrou um dos seguidores, elevando seu cosmo.

 

Uma luz azulada o cobria. Os demais seguiram seus passos. Gritos se misturavam com aquele brilho azul que se formou em torno dos guerreiros. O homem desafiado permaneceu em silêncio, aguardando o sol desaparecer. Não demoraria para que ele sumisse no horizonte.

 

- Talvez prefira se jogar daqui para não ser derrotado, cavaleiro de Athena – sugeriu um guerreiro que tomou à frente, se aproximando – ou quer que eu empurre?

 

Deu mais dois passos, três... Ainda parado. O guerreiro de azul ergueu seu cosmo intensamente. Quando o sol finalmente se escondeu, o brilho dos cosmos daqueles agressores iluminava o desfiladeiro. Não podiam mais ver o mar, somente o ouviam. Tentou um ataque sobre o cavaleiro de Athena, que permaneceu virado. Mirou seu punho nas costas do homem, que pouco antes do ataque, desapareceu. O rival nada entendeu, bem como os demais.

 

- Onde ele está? – gritou um deles.

- O cavaleiro sumiu! – disse outro.

 

Foram quase dez segundos de silêncio e dúvida. O homem então surgiu atrás do que tentara o atacar. Sua silhueta escura foi se iluminando conforme seu cosmo foi se acendendo. Como era forte. Uma luz dourada intensa, um poder inigualável, que foi amedrontando todos em seu redor.

 

- Mas... – gaguejou o rival – que poder é esse?

 

O homem de cosmo dourado abriu seus olhos, mirou bem o oponente, elevou sua energia ainda mais, expandindo a toda aquela região.

 

- Vão se arrepender... – disse o dourado – Excalibur!!!

 

De seu braço direito uma rajada de luz dourada saiu e cortou o oponente à sua frente ao meio.

 

- Meu Deus! – bradou um outro adversário – nem pude ver ele se mover!

 

O guerreiro virou-se para os demais, que apesar do susto, não se amedrontaram. O grupo elevou seu cosmo azul e partiu ao ataque. O cavaleiro de Athena se esquivou de todos os golpes, aumentou sua cosmo energia e decidiu colocar um fim naquele combate.

 

- Nem se fossem mil! – gritou erguendo seu braço novamente – Excalibur!!!

 

Foram poucos segundos e todos aqueles adversários caíram aos seus pés, mortos. Um deles, à beira da morte, ainda conseguiu soltar algumas palavras.

 

- Que tipo... de homem... é você? – soltou com dificuldade.

- Sou um cavaleiro de Athena – respondeu o homem se aproximando – o cavaleiro de ouro de capricórnio, Izô.

 

O rival morreu pouco antes de saber a identidade de seu algoz. Izô abaixou-se e tocou a armadura do derrotado. Sentiu que ela se desfazia entre seus dedos, estava úmida.

 

- Exatamente como imaginei... – disse Izô enquanto colocava a urna dourada novamente nas costas – preciso voltar ao santuário o quanto antes.

 

A escuridão não o assustava. Tomou um rumo rapidamente. Desapareceu em meio à penumbra. O céu estrelado banhava o santuário de Athena. Um silêncio inspirador acentuava o ar de tranquilidade. As 12 casas se erguiam com imponência e na base da montanha, um vilarejo. Em um dos pequenos templos, um grupo de jovens dormia. Alguns se moviam bastante, reflexo dos dias de treinamentos intensos. Ali estavam dezenas de aspirantes a cavaleiros. Um deles, de cabelo curto escuro e pele clara, se contorcia constantemente.

 

- Onde é que eu estou? – se perguntou em meio à agitação, sem perceber que estava sonhando.

 

Distante de onde estava, ouviu um choro de bebê. Um som que o agoniava. Um corredor de pedras o separava daquela criança. O jovem iniciou uma caminhada que em seguida, se tornou uma corrida. Os berros do bebê estavam cada vez mais forte, incontroláveis.

 

- Quem é esta criança? – pensou o jovem – que diabos está fazendo aqui?

 

Tochas iluminavam o caminho e davam um ar sombrio ao local. Os gritos iam aumentando gradativamente. Imaginava como mais ninguém tinha ouvido aquela criança desesperada. Se aproximou de uma abertura em forma de arco e viu um pequeno berço feito de pedra. Foi se aproximando para ver quem era, mas antes que pudesse descobrir que bebê era aquele, percebeu que alguém se aproximava. Se escondeu atrás de uma cortina pesada.

 

- Quem está aí? – gritou a voz de quem se aproximava.

 

O bebê permanecia gritando, cada vez mais alto. Mesmo atrás daquela cortina, o jovem era capaz de sentir seu desespero. Sua visão foi ficando turva, sem nenhuma explicação. Sentiu-se tonto, mas ainda assim, lutou para enxergar o que acontecia. Não foi capaz de ver quem estava ali, junto à criança. Uma sombra: assim o definiu. Mas uma luz fora erguida dando a certeza do objeto que estava em seu punho: uma adaga dourada. O jovem se desesperou ao imaginar o que aquele sujeito iria tentar, mas não houve tempo para a reação. Viu o brilho cortar o ar em direção ao berço, o sangue se espalhar por todos os cantos e o choro, silenciar.

 

- Meu Deus... – exclamou o jovem boquiaberto – o que é que ele fez?

 

Tentou tirar a pesada cortina de sua frente inutilmente. Percebeu que elas eram, na realidade, sua coberta. Abriu os olhos lentamente, se libertando daquele pesadelo. Um outro jovem, de cabelos esverdeados, com dois sinais circulares roxos em sua testa, tentava o acalmar.

 

- Você está bem, Dohko? – perguntou o jovem – ficou gritando tanto que várias pessoas acordaram.

- Acho que sim – respondeu Dohko – tive um pesadelo estranho, Shion. Com um bebê que não conheço. Alguém tentava o matar e não fui capaz de evitar.

- Um bebê? – riu-se Shion – não há nenhum bebê por aqui, meu amigo. Acho que deve estar fraquejando pelo treinamento.

- Claro que não... – rebateu Dohko – mas foi tão real. O que será que isso quer dizer?

- Como vou saber? – indagou Shion.

- Seu povo tem tantos poderes – afirmou Dohko – não conseguem ler sonhos?

- Consigo ter sonhos – respondeu Shion irritado – vou voltar a dormir...

- Está bem – disse Dohko virando-se para o lado.

 

Antes que pudesse pegar no sono novamente, o jovem lembrou do que viu em seu pesadelo, tentando encontrar uma solução, que naturalmente, não viria tão cedo. Nem percebeu quando voltou a dormir em um sono profundo.

 

Bem distante do santuário, um homem encapuzado corria intensamente. Driblava as leis da gravidade com extrema facilidade. Tinha um objetivo em mente e não descansaria enquanto não cumprisse.

 

- Onde estão os demais? – pensou enquanto saltava entre algumas pedras – nosso ponto de encontro é por aqui...

 

Seguiu se erguendo por entre as rochas. Um vento forte o ameaça constantemente, mas sua destreza parecia ser maior. Levou alguns minutos até alcançar o topo da montanha em que estava. Não se mostrava cansado. Ao contrário. Uma satisfação o dominava por estar ali. Uma grandiosa missão lhe foi dada. Pretendia executar com perfeição, ainda que precisasse trabalhar sozinho. Diante de seus olhos, uma imensa cidade, que se estendia até o horizonte.

 

- Chegou o momento – disse satisfeito.

 

O vento forte agitava sua túnica escura. Parte de seu braço fora descoberto, revelando uma tatuagem de um tipo de dragão. O homem preparava-se para descer, quando sentiu algo. Vários cosmos.

 

- Achei que não fossem aparecer – pensou enquanto deu um grande salto rumo à cidade.

 

Algumas horas mais tarde, o sol brilhava intensamente no santuário grego. Em uma região um pouco mais afastada dos vilarejos, alguns aspirantes a cavaleiros treinavam sem descanso. Entre eles, Shion e Dohko, que se enfrentavam.

 

- Vou lhe acertar em cheio... – disse Dohko tentando acertar o rival.

- Nem se eu deixasse! – provocou Shion se esquivando dos golpes.

 

Aos olhos comuns, o combate parecia rápido e cercado de uma grande energia. Mas para cavaleiros formados, não passava de um confronto lento e sem emoção.

 

- Nunca vão se sagrar cavaleiros de Athena assim! – gritou uma mulher – precisam se esforçar mais ou vão envergonhar seus mestres!

 

Cerca de 30 jovens ali estavam. Lutando uns contra os outros, sob as ordens daquela mulher, que usava roupas normais e uma máscara prateada que escondia seu rosto. Os cabelos esverdeados estavam presos em duas tranças, soltas sob seus ombros chegando quase até a cintura. Sua postura firme não dava margem para nenhuma insubordinação.

 

- Estamos tentando, mestra – disse Shion enquanto se esquivava facilmente de um chute dado por Dohko.

- Estou vendo... – respondeu sem ânimo – com um chute lento desse, Dohko, jamais vai acertar algum oponente.

 

Dohko pareceu incomodado com tal comentário e acelerou seu golpes aos poucos.

 

- Nem mesmo alguém tão fraco como Shion... – completou a mulher.

 

O lemuriano também se enfureceu com a bronca dada e partiu para contra-atacar. Dohko levou a pior. Sofreu um soco diretamente na boca, que começou a sangrar. Shion se preocupou.

 

- Você está bem, meu amigo? – perguntou, lhe oferencendo as mãos.

- Não quero sua ajuda! – gritou Dohko enquanto se levantava.

 

Uma pequena fagulha de cosmo pode ser sentida emanando dos dois jovens aspirantes. Algo notado pelos demais, que pararam para observar. A guerreira também olhou com mais calma para o que acontecia. Dohko e Shion partiram para um novo combate, um pouco mais rápido que o anterior. Foram quase três minutos se golpeando.

 

- Parece que estão evoluindo um pouco – disse uma amazona enquanto se aproximava da primeira.

- Nirin... – disse a primeira – não tão quanto deveriam ter evoluído.

- Tenha mais paciência com eles, mestra... – pediu Nirin.

 

Nirin tinha cabelos azuis até o ombro e seu rosto também estava coberto com uma máscara. Ela portava uma armadura vermelha com detalhes brancos. Duas ombreiras arredondadas e uma tiara.

 

- Venho tentando Nirin – explicou a mestra – mas o tempo está correndo. Temo que não possam estar aptos para o que virá.

 

A dupla de garotos pareceu se cansar da sequência intensa de golpes trocados. Foram ficando mais lentos, até a quase exaustão.

 

- Basta! – gritou a mestra – por hoje é o bastante. Amanhã voltarão a treinar com seus mestres pelo santuário.

 

O grupo foi se dispersando, com exceção dos jovens, que permaneciam deitados no chão. A mestra e Nirin se aproximaram.

 

- Vou confessar que gostei de ver esta pequena evolução – disse a mestra – mas ainda estão distantes do direito de ser um cavaleiro. Precisam de muito mais do que isso.

- Por que está usando sua armadura de raposa Nirin? – perguntou Dohko.

- Ordens do grande mestre – respondeu a amazona – estamos patrulhando o santuário, em estado de alerta.

- Quem vai nos atacar? – perguntou Shion.

- Esse não é um assunto para aspirantes – disse a mestra – ao menos por ora. Precisam se concentrar em sua própria evolução, antes de pensar na defesa do santuário. Para isso temos cavaleiros de prata, como Nirin. Agora vão descansar.

- Sim, senhora – os dois responderam enquanto se retiravam.

- Espero você bem cedo aqui, Shion – lembrou a mestra.

 

O garoto acabou nem respondendo. Permaneceu caminhando, irritado com mais uma bronca tão severa. Dohko parecia ainda mais nervoso.

 

- Que azar que você tem de treinar sempre com ela! – falou Dohko.

- Ela é uma grande guerreira – respondeu Shion – nós é que somos fracos. Não sei mais o que fazer para melhorar e merecer uma armadura de Athena.

- Estamos fazendo tudo que podemos... – se lamentou Dohko.

 

Os dois caminhavam exaustos, rumo ao vilarejo que cercava o santuário.

 

- Fracos... – disse uma misteriosa voz de um sujeito coberto pela sombra de uma árvore.

- Mas esta voz... – respondeu Dohko se preparando para lutar.

- Vai tentar a sorte? Com esse cosmo fraco? – provocou o homem – nem com os dois juntos...

 

O homem saltou das sombras golpeando os dois com os pés. Dohko e Shion foram atirados ao solo enquanto o rival ria intensamente. Cabelos azuis arrepiados e que chegavam aos ombros. Em suas costas, uma urna prateada com uma grandiosa taça.

 

- Suikyo! – gritou Shion abrindo um sorriso.

- Não pode ser! – gritou Dohko surpreso.

- Vocês não se cansam de tanto apanhar e levar broncas? – disse Suikyo devolvendo o sorriso – já era hora de estarem andando com suas armaduras por aí!

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Olá.

 

Um bom começo.

Vários ganchos, alguns mistérios, Vejamos o que vem por aí.

 

Minha fanfic: http://www.cdz.com.br/forum/topic/9921-a-ordem-de-serpentario-a-lenda-dos-guardioes-de-atena/.

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Minha fanfic: http://www.cdz.com.br/forum/topic/9921-a-ordem-de-serpentario-a-lenda-dos-guardioes-de-atena/.

 

Valeu!

 

Minha ideia é ir postando um pouco por semana. Já escrevi bastante, mas é um caminho meio tortuoso, já que um flashback do Kuru pode ferrar bastante coisa.

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Capítulo 2

 

Dohko e Shion se levantaram para abraçar o velho amigo.

 

- Há quanto tempo! – clamou Shion – por onde andou?

- Cumprindo algumas missões mundo afora – explicou Suikyo – designadas pelo grande mestre. Passei alguns meses longe de casa. Já era hora de voltar. Ainda mais em um momento tão complicado.

- O que é que está para acontecer que ninguém nos diz? – perguntou Dohko.

- Sinceramente, não sei dizer – respondeu Suikyo – é algo grande. Tenho apenas um pressentimento, meu cosmo está inquieto. Sinto que algumas forças estão se movimentando pelo planeta. E que nosso santuário corre perigo.

- Mesmo sem Athena ter renascido ainda? – questionou Shion.

- Principalmente por isso – falou Suikyo – mas acho que temos algum tempo para vocês me contarem por qual razão ainda não se sagraram cavaleiros. Nós começamos a treinar juntos!

 

Envergonhados, Dohko e Shion baixaram a cabeça.

 

- Mas estou certo de que não falta muito para isso – acrescentou Suikyo – pude sentir seus cosmos enquanto me aproximava. Precisam aprender a dominá-lo.

 

Os aspirantes observavam o amigo falando e puderam perceber o quanto Suikyo tinha evoluído. Era sem dúvida, um grande cavaleiro. Seguiram por uma pequena estrada de terra, relembrando histórias. Na direção oposta, Nirin e sua mestra se aproximavam da subida das 12 casas, quando encontraram um homem de cabelos vermelhos, trajando a armadura dourada de virgem.

 

- Shijima – surpreendeu-se Nirin – o que faz aqui, na base das 12 casas?

- Trago péssimas notícias – falou por telepatia.

- Mas como ele entrou na minha mente? – indagou-se Nirin.

- Shijima, o homem silencioso – disse a mestra – ele se privou da fala para aumentar sua cosmo energia, Nirin. Um homem poderoso e que temos a sorte de estar ao nosso lado.

- Saiba que penso o mesmo a seu respeito – respondeu Shijima – minha cara Daya. Mas acho que seria mais prudente que vestisse sua armadura de Áries, minha amiga.

- E por qual razão? – questionou Daya – os cosmos mais agressivos que tenho sentido estão bem distantes de nosso santuário.

- São deles que trago as más notícias – revelou Shijima – especialmente a vocês, lemurianas.

 

Um silêncio tomou conta do local. Mesmo usando máscaras, as duas amazonas não foram capazes de esconder do virginiano sua angústia e preocupação. Daya havia sentido uma agonia profunda horas antes, mas não soube explicar. Nirin permanecia afoita pelas notícias.

 

- O continente lemuriano foi atacado severamente – revelou Shijima – milhares de mortos. Os poucos sobreviventes estão fugindo.

- Como assim? – indagou Nirin – atacados por quem?

- Meu Deus! – balbuciou Daya – que coisa terrível! Nossas famílias... nosso passado...

 

As lágrimas escorriam por trás das máscaras das duas. Daya calou-se em uma mistura de sentimentos. Uma tristeza profunda, que foi dando espaço ao ódio e o desejo de vingança. Toda sua família, sua história e a rica cultura lemuriana estavam desaparecendo perante um ataque repentino.

 

- Foram... – iniciou a amazona de áries.

- Sim... – completou Shijima.

- Tenho que falar com o mestre imediatamente – falou Daya, mantendo ainda um tom sereno em sua voz.

- O que pretende? – questionou Shijima.

- Tomar uma atitude – respondeu Daya – Nirin, tome seu posto e reúna outros cavaleiros de prata.

 

Ainda tentando se recompor, a amazona de prata de raposa se fortaleceu mentalmente, ciente de sua responsabilidade e tendo em conta que aquela dor precisaria ser vingada em combate. Daya e Shijima tomaram o caminho das 12 casas. Em alguns minutos atingiram a primeira delas. Daya encontrou sua urna dourada, acendeu seu cosmo e trajou a bela armadura de áries.

 

- Assim é melhor – falou Shijima mais uma vez por telepatia.

 

No sul da Itália, uma grandiosa mansão se erguia em terreno ainda maior. Belos jardins, um pequeno riacho cortava a propriedade. Dezenas de funcionários trabalhavam intensamente para servir os donos daquele lugar. No alto de uma sacada, um homem bem vestido, de cabelos brancos e curtos, com pouco mais de 20 anos, mirava tudo aquilo que possuía. O patriarca, jovem. Precisou assumir tudo após a morte precoce de seu pai, assassinado por bandidos. O dia estava lindo, com uma brisa agradável. O sujeito abriu um leve sorriso pela paz que sentia, quando ouviu uma voz atrás de si.

 

- Perdoe-me por incomodá-lo – disse.

 

Sabia que não se tratava de um funcionário, pois não conhecia aquela voz. Temeu por alguns instantes que alguém pudesse ter driblado todos os seus seguranças. Virou-se lentamente até encontrar um sujeito com vestes comuns. Cabelo preto comprido. Estava ajoelhado diante do dono daquela propriedade.

 

- Quem é você? – questionou o rico homem.

- Meu senhor, vim lhe buscar – respondeu o sujeito – perdoe mais uma vez pela forma como vou conduzir as coisas, mas é para seu bem...

- Do que está falando homem? – gritou o homem – onde estão meus guardas?

- Me perdoe... – falou o sujeito mais uma vez.

 

Seus olhos brilharam intensamente, emanou uma energia laranja que foi se expandindo até ofuscar a vista de todos, inclusive os funcionários que trabalhavam longe dali. O proprietário gritou com o clarão, que silenciou no instante em que a luz desapareceu, bem como os dois envolvidos na conversa.

 

No topo das 12 casas, o Grande Mestre repousava em seu trono. Diante de si, o santuário de Athena e inúmeras preocupações, que só aumentaram com a presença de Shijima e Daya.

 

- Grande mestre – disseram os dois se ajoelhando.

- Não duvidei em momento algum que teria sua visita hoje, Daya – disse a voz robusta do Grande Mestre.

- Imagino que já soube o que aconteceu a Lemuria – respondeu a amazona.

- Lamentavelmente sim – falou o mestre.

- Gostaria de saber o que vamos fazer nessa situação – pediu Daya.

- Não podemos comprometer nosso exército com essa questão, Daya – explicou o mestre – entendo sua dor e compartilho dela. Perdi grandes amigos nesse ataque de hoje. Mas estamos próximos de uma batalha sem precedentes. Não podemos ter baixas.

- Discordo, mas entendo – respondeu Daya – sabe o respeito que tenho pelo senhor. Peço apenas sua permissão para dar minha proteção a Jamiel, refúgio de meu povo.

- Nesse momento não posso lhe dar essa permissão – falou o mestre – precisamos de todos aqui no santuário. Mandei chamar todos os cavaleiros espalhados pelo mundo.

- Então terei que desobedecê-lo – disse Daya.

 

Era possível a qualquer um sentir a tensão daquela conversa. Não que houvesse algum risco de confronto. O respeito e a amizade entre os dois parecia ser superior à divergência encontrada.

 

- Pretende fazer isso mesmo? – indagou Shijima – desobedecer nosso mestre e deixar o santuário como uma desertora?

- Não tenho outra escolha – respondeu Daya – não me vale nada proteger o santuário e ser uma amazona se eu não for capaz de proteger nem o meu povo, que já morreu aos montes em seu continente. Além do mais, sabemos que tudo está relacionado...

- Exatamente, minha cara Daya – falou outro sujeito, que se juntava ao trio.

- Antes tarde do que nunca, Izô – disse o grande mestre.

 

Trajando a armadura dourada de capricórnio e com parte de seu cabelo comprido amarrado em um rabo, Izô caminhou tranquilamente pelo salão, até se ajoelhar diante do Grande Mestre também. Seu elmo estava em suas mãos.

 

- Vim relatar o que já é sabido por todos – revelou Izô – fui atacado não muito longe daqui. Seres com escamas azuis. Nossos velhos amigos marinas ressurgiram em todas as partes do mundo. Foram eles os responsáveis por atacar o continente de Lemúria, que está afundando, sendo engolido pelos mares.

- Maremotos se iniciaram mundo afora – completou Shijima por telepatia – tudo confirma o que imaginávamos.

- E sem a presença de Athena, teremos que mostrar força – disse o mestre – não sabemos quando ela renascerá. Peço que voltem às suas casas, aguardando nosso próximo movimento. E quanto a você, Daya, não vou considerá-la uma desertora ou traidora. Mas precisamos de sua força.

- Agradeço, mestre – respondeu a amazona abaixando sua cabeça – sempre a terão.

 

Os três cavaleiros de ouro se levantaram, se despediram do mestre e partiram para iniciar a descida.

 

- A batalha que tanto deseja está mais próxima do que imagina – disse o mestre antes que saíssem.

 

Daya agradeceu em pensamento enquanto caminhava ao lado dos outros dois dourados. Do topo, era possível ver todo o santuário naquele dia ensolarado.

 

- Você me parece muito próximo do mestre, Shijima – comentou Daya.

- Eu o conheço há muito tempo – respondeu o cavaleiro de virgem – Não alimente alguns sentimentos confusos, Daya. Você é uma pessoa impulsiva, de grande ímpeto, mas soube escutar a voz da razão. Algumas batalhas serão vencidas assim. Sabe disso.

- A dor é grande – falou a amazona.

- A deles será maior – afirmou Izô.

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Bom capítulo 02.

 

Gosto da inserção de amazonas no time. Deve haver amazonas em todos os níveis, ainda que a maioria sejam cavaleiros. A minha fic tem bastante amazonas.

 

A estória se desenrola normal, previsível como qualquer batalha que se preze em CDZ. Está aí algo dual em CDZ, essa previsibilidade: é massante pois tudo anda sempre igual, mas é interessante pois a marca da obra. Sabendo trabalhar o previsível com toques de arranjos e novidades, somado a grandes ideias e uma boa dose de originalidade fica muito bacana.

 

Vamos acompanhando.

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Capítulo 3

 

O trio se aproximou da décima segunda casa, a de peixes. Foram recepcionados pela guardiã dela. Cabelos negros e olhos lilás de uma frieza extrema. Uma amazona sem a habitual máscara.

 

- Shira... – disse Daya.

- Somente Poseidon para trazer três dourados ao mesmo tempo ao Grande Mestre – disse a amazona de peixes.

- O que me trouxe aqui foi a destruição de Lemuria – respondeu Daya.

- Entendo que esteja sofrendo – falou Shira enquanto seus olhos cintilavam – mas no fundo sabe que foram fracos. Sucumbiram em um ataque. Precisamos de força para não deixar que o mesmo ocorra conosco.

- Esta é uma guerra que nunca vai entender, Shira – falou Daya – os Lemurianos foram atacados pelos atlantes dezenas de vezes, desde que surgiram nesse planeta.

- Mas desta vez, algo está mais forte – alertou Shijima – e em breve, cairá sobre nós...

 

A amazona de peixes ficou para trás, enquanto os demais seguiram sua jornada.

 

- Algo nela me incomoda – falou Izô – sinto um ar um tanto diabólico, não me passa confiança.

- Seus meios também me parecem duvidosos, mas acho que seja leal ao mestre – sugeriu Daya.

 

O rico homem raptado foi acordando lentamente. Atordoado, com os olhos embaçados, notou que havia água sob si. Mas como era possível? Estava respirando, deitado em um templo grandioso de mármore. Não fazia ideia de como chegara ali e que tipo de lugar era aquele. Conforme sua vista foi se acostumando com tudo aquilo, ele sentou-se. Diante de si, o homem que o raptou. Parado de pé, usando uma armadura laranja com detalhes dourados.

 

- Senhor Damian, espero que me perdoe mais uma vez – disse o guerreiro se ajoelhando.

- Como sabe meu nome? – perguntou Damian – onde nós estamos?

- Estamos no fundo do oceano atlântico, meu senhor – respondeu o guerreiro – somos os responsáveis por guardar sua vida e proteger seu santuário. Acompanhamos o senhor desde pequeno, aguardamos o momento certo para o seu despertar.

- Deve haver algum engano – disse Damian – responsáveis por me proteger, no fundo do mar?

- Talvez não saiba, mas a família Solo é a responsável por receber a reencarnação do deus dos mares, o soberano, Poseidon – explicou o guerreiro – e nessa era, você foi o escolhido. O responsável por guiar nossa vitória.

- Não pode ser... – balbuciou Damian olhando em torno de si – Poseidon...

 

Centenas de soldados de diversas classes estavam posicionados olhando para ele. À frente deles, na base de uma escadaria, três linhas de guerreiros foram organizadas. Todos estavam ajoelhados perante ele. Uma linha com seres usando armaduras cinzas. Outra com guerreiros vestidos com escamas azuis e a primeira, com seis deles, com armaduras semelhantes a do homem que conversava com Damian.

 

- Sua confusão vai passar em breve meu senhor – disse o guerreiro elevando seu cosmo laranja.

 

Sua energia foi capaz de trazer de dentro do templo uma imponente armadura laranja e dourada. Um tridente estava à frente. O objeto foi levado até a frente de Damian que permanecia inerte, praticamente paralisado.

 

- Vá em frente – disse o guerreiro – somente Poseidon poderá tocar nesse tridente sem ter toda sua cosmo energia sugada.

- Mas eu... – relutou Damian.

 

Por mais que ele relutasse, sentia uma vontade incontrolável de tocar o objeto. Não sabia de onde ela havia surgido. Era mais forte que ele. Damian foi se rendendo, ajoelhou-se perante a armadura e segurou o tridente. Um clarão se fez no fundo do oceano com um grito intenso que ensurdeceu a todos. Uma luz passou a irradiar em torno de Damian e tudo foi se acalmando. Com o objeto em mãos, virou-se para seus súditos. O guerreiro que estava ao seu lado voltou a se ajoelhar. O olhar de Damian havia mudado. Os olhos azuis estavam frios, calmos, como deveria ser um Deus. A armadura logo cobriu seu corpo, seguida por sua capa. O elmo foi o último a se encaixar no corpo do jovem.

 

- Hector – disse o deus com uma voz mais grave para o general marina ao seu lado e então a fez ecoar por todo aquele vasto espaço – a Terra precisa ser purificada imediatamente. Vamos erguer nosso poder contra os humanos, levantar nossa terra sagrada e estender nossos domínios sobre o reino de Athena. Vamos destruir o santuário! Uma nova era se inicia a partir de hoje!

 

Um grito uníssono ecoou por todo o templo de Poseidon. O deus olhou para tudo aquilo. Sentia-se completo por retornar ao mundo dos mortais.

 

- Antes que Hades ou outro o faça... – disse baixinho.

 

Aquela notícia aos poucos tomava conta de todo o santuário de Athena. Os soldados gritavam aos quatro ventos que o rei dos mares havia retornado. O clima já era mais tenso, mesmo sem qualquer combate na proximidade. Daya retornou à casa de áries, ainda trajando sua armadura dourada. Surpreendeu-se com a presença de seus dois aprendizes: Nirin de raposa e o jovem Shion.

 

- Vocês não deveriam estar aqui – falou a amazona – poderiam ser executados por entrar em uma das 12 casas sem permissão. Especialmente você, Shion, que sequer é um cavaleiro.

- Me perdoe, mestre Daya – respondeu abaixando a cabeça – Suikyo me contou o que aconteceu.

- Suikyo? – indagou Daya surpresa – ele retornou?

- Sim – confirmou Nirin – hoje mesmo.

- Isso é muito bom – falou Daya – sua força é cada vez maior. Não está distante de nosso poder e se voltou, é porque foi capaz de completar sua missão...

 

Shion ameaçou perguntar aquilo que nem o próprio Suikyo disse, mas não teve tempo.

 

- Receio que eu não poderei completar seu treinamento, Shion – disse Daya.

- Não? – perguntou Shion – o que eu fiz de errado?

- Nada – riu-se a Ariana enquanto despiu sua armadura.

 

A dourada retornou à pandora box no formato de objeto. Reluzia intensamente em sintonia com as demais armaduras de ouro presentes no santuário.

 

- O continente lemuriano realmente foi devastado – revelou Daya – nossos irmãos foram mortos. Centenas conseguiram sobreviver e rumaram a Jamiel, nossa fortaleza ancestral. O mestre não me deu a autorização, mas eu partirei assim mesmo para dar proteção aquele local.

- Não entendo – falou Shion – porque os guerreiros de Poseidon querem destruir nossa raça?

- É uma história muito antiga – completou Nirin – atlantes e lemurianos travam guerras desde um passado remoto.

- Exatamente – falou Daya – já vencemos algumas vezes, outras eles. Sinto que nunca houve um exército de marinas tão forte quanto esse e a cosmo energia de Poseidon segue se expandindo. Sem Athena encarnada, nos enfraquecemos. Os lemurianos se enfraqueceram. Estão aproveitando para tentar terminar essa guerra e eu não vou permitir. Partirei ao amanhecer.

- E o santuário? – perguntou Nirin – você é uma das guerreiras mais fortes do exército de Athena.

- Temos muita gente para proteger este lugar – respondeu Daya – serei mais útil protegendo meu povo.

- Quero fazer o mesmo! – bradou Shion, de forma corajosa.

- Mal sabe se defender... – ironizou Nirin.

- Não me subestime! – falou Shion a ameaçando.

 

Daya riu-se com a breve discussão de seus pupilos. Desejou profundamente que ele pudesse se cuidar enquanto se ausentaria. Percebia nele um grande cosmo adormecido e não tinha ideia se ele seria capaz de o despertar e quando isso poderia acontecer.

 

- Acho mais prudente que fique aqui – aconselhou Daya.

 

Mesmo por trás daquela máscara, Shion era capaz de notar a doçura em sua voz. Seu tom sereno mostrava toda sua preocupação.

 

- Também gostaria de partir ao seu lado, mestra – falou Nirin – podemos ser úteis e Shion poderá completar seu treinamento, bem protegido por Jamiel.

- Vocês estão cientes dos riscos que vão correr com essa decisão? – perguntou Daya – quero que pensem bem. Não sou mãe de nenhum de vocês.

- Eu já tomei minha decisão – bradou Shion.

- Detesto concordar com esse pivete – ironizou Nirin – mas também sinto isso. Quero estar com nosso povo nesse momento.

- Está bem – concordou Daya – vamos partir ao amanhecer.

 

Um sentimento de confiança encheu o peito do aprendiz da amazona de áries. Saiu com um sorriso satisfeito ao lado de Nirin, que o provocava. Mas ele não se abalou. Daya mirou para o fim de tarde, que provocava bonitos tons no céu grego. Viu uma estrela cadente percorrer o espaço até sumir no horizonte. Teve um sentimento estranho.

 

- Ox, meu amigo... – pensou – onde você está? Já deveria ter voltado.

 

Um pouco distante dali, um silêncio profundo tomava conta do cemitério do santuário. Dezenas de lápides se espalhavam pelo local. Uma homenagem aqueles que haviam dados suas vidas para que a paz seguisse reinando sobre a Terra. Um pequeno ruído foi se acentuando aos poucos. Vozes curiosas de aprendizes a cavaleiros. Sete deles, que corriam enquanto tentavam se golpear. Entre eles, Dohko.

 

- Tome isso! – gritou um saltando, tentando o acertar.

 

Dohko se esquivou facilmente e preparou o revide, quando sentiu um forte cosmo atrás de si.

 

- Deveriam ter mais respeito pelos mortos – bradou uma forte voz – especialmente em um momento tão complicado como este...

- Mas quem... – disse Dohko virando-se.

 

Não houve tempo para distinguir nada, muito menos para reconhecer o dono da voz. Recebeu um forte impacto contra o peito e foi jogado longe, caindo em cheio sobre uma lápide.

 

- Quem diabos me atacou dessa forma – falou tentando se recompor, ainda caído – que cosmo poderoso é esse?

 

O homem golpeou os demais garotos, que tiveram um rumo parecido com o de Dohko. Veio caminhando lentamente entre as lápides. Sua aura roxa brilhava intensamente. Sua armadura tinha a mesma cor e carregava detalhes em preto. Algo próximo de espinhos. O elmo fechado carregava em uma das mãos.

 

- Jaga... – disse um dos garotos.

- Quem é ele? – perguntou Dohko.

- Jaga de órion – respondeu o garoto – um dos cavaleiros de prata mais fortes deste santuário. Seu poder é quase tão grande quanto o de um guerreiro de ouro.

- E vocês vão conhecê-lo agora, pivetes... – falou Jaga elevando ainda mais o cosmo.

 

Apavorados, os garotos tentaram correr, mas foram golpeados facilmente pelo homem de cabelos negros. Não viram nenhum movimento daquele poderoso ser.

 

- Como é possível? – perguntou-se Dohko enquanto mirava Jaga caminhando – tentei observar seu golpe, mas ele tornou-se um borrão e desapareceu rapidamente. Que poder é esse?

- Vão aprender a respeitar o santuário de Athena de uma vez por todas! – ameaçou Jaga – ou provam que podem ser cavaleiros, sobrevivendo ao meu ataque mais poderoso...

 

O vento começou a soprar mais forte, seu cosmo foi se elevando. Os jovens se mostraram apavorados. Tinham poucas chances de sobreviver diante de um oponente como aquele. Dohko não sabia o que fazer. Pensou que essa realmente seria a chance de provar que merecia uma armadura no exército de Athena. Tentou queimar seu cosmo, como havia aprendido. Sua luz era fraca, no entanto estava ali.

 

- Que coisa mais patética... – falou Jaga – isso é tudo que tem para me dar? Vou acabar com vocês.

 

O cavaleiro de prata saltou para atacar o grupo de jovens. Sua constelação surgiu atrás de si. Seu olhar não demonstrava nenhum tipo de piedade. Voou em direção à Dohko. Quando estava próximo de o acertar mais uma vez, uma melodia o interrompeu. Uma doce melodia, um réquiem executado de forma magnífica, perfeita. Notas que se encaixavam com perfeição e que impediram Jaga de completar seu ataque. O guerreiro deteve-se.

 

- O que está fazendo aqui? – perguntou Jaga.

- Impedindo você de cometer um grande erro – respondeu o outro homem, escondido pela luz do luar que surgia em suas costas.

- Eles precisam de uma lição – insistiu Jaga – não podem se tornar cavaleiros assim.

- Concordo – disse caminhando em direção aos demais.

 

Ele usava uma bela armadura prateada, como sua patente. Cabelos castanhos repartidos, que iam até os ombros. Na testa, uma faixa branca, acima dos olhos azuis.

 

- Mas esta não é a hora certa para desavenças, muito menos baixas – completou – precisamos de todas as forças e de união, Jaga.

- Está certo Vega – concordou a contragosto o guerreiro de órion – vou perdoá-los desta vez.

- Assim é melhor – disse Vega abrindo um sorriso.

 

Vega tinha um belo instrumento em suas mãos. Uma lira que fazia parte de sua própria armadura. Foi dela que executou o belo som ouvido por todos.

 

- Não perca tempo com esses idiotas – ordenou Jaga – em breve, teremos coisas a resolver.

- Sim – concordou Vega, ainda calmo.

 

O guerreiro de órion desapareceu na escuridão. Tão logo, os garotos agradeceram a Vega.

 

- Nunca o vi por aqui – revelou Dohko – sua música é tão bela...

- Sou o cavaleiro de prata de Lira – disse – meu nome é Vega. Sou um dos responsáveis pela guarda de Athena. Enquanto ela não renasce, também sou aproveitado para algumas missões.

- Por que ele quase nos matou? – perguntou Dohko – não fizemos nada de errado.

- Não deveriam estar aqui em um momento perigoso como esse – respondeu Vega – ainda mais nas condições em que estão. Não tem a capacidade de se defender. Seriam presas fáceis nas mãos de qualquer marina. Foi isso que Jaga tentou lhe mostrar.

- Nos matando? – ironizou Dohko.

- Ele não é uma má pessoa – falou Vega – tem alguns métodos mais rudes, é um tanto grosseiro, mas é um grande cavaleiro, extremamente leal a Athena.

- Quero agradecer mais uma vez por ter nos salvo – disse Dohko.

- Não fiz nada – repetiu Vega – mas concordo com Jaga. Vocês precisam se recolher em local seguro.

- Está bem – concordou Dohko.

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Muito bom!

 

Dois cavaleiros de prata poderosos, uma amazona de peixes com convicções tipicas, Lemurianos nervosos, e um bom contexto sobre a guerra entre atlantis e lemúria. Os nomes também estão bem legais.

 

Animado para o próximo capítulo.

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Gosto da sua narrativa e colocações, tudo bem organizado, leve e coerente. Sempre com os ganchos misteriosos nos instigando a ler o próximo capítulo para descobrir mais. Tudo isso num capítulo relativamente curto (em comparação com os meus pelo menos). A estória corre solta e a leitura flui bem, mas com conteúdo, o que eu chamaria de "denso".

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Capítulo 4

 

Os jovens partiram para o vilarejo. Vega permaneceu de pé e começou a executar algumas notas em sua lira. A melodia suave foi acompanhando Dohko em sua corrida. Conforme foi avançando, viu que uma grandiosa fogueira estava acesa um pouco distante das casas. Já sozinho, caminhou lentamente, com mais cautela, até perceber que em torno dela, estavam Suikyo e Shion.

 

- Parece que não fui convidado para esta festa – ironizou.

- Esperávamos por você, meu amigo – disse Suikyo.

- É seguro? – indagou Dohko.

- Ainda é – falou Suikyo.

 

O céu estrelado olhava pelo trio, que por horas, permaneceu sentado ali, em volta do fogo, lembrando de coisas da infância, do início do treinamento juntos.

 

- Por onde esteve nos últimos meses, Suikyo? – indagou Shion.

- Algumas missões dadas pelo Grande Mestre – revelou Suikyo – nem tudo posso contar, mas estive ao norte, nas gélidas terras de Asgard, passei pelo deserto africano, onde os fortes guerreiros egípcios vivem...

- Entrou em combate? – perguntou Dohko.

- Algumas vezes – respondeu enquanto mordia um pedaço de carne – duras lutas. Ganhei algumas, perdi outras. Mas sobrevivi e aprendi muito.

- Dá para sentir – completou Shion – ainda estamos aprendendo a controlar nossa cosmo energia. E é nítida a diferença de poderes entre nós.

- Algumas coisas me levaram a evoluir meus poderes um pouco antes – revelou Suikyo – isso não siginifica que eu seja mais forte que vocês.

- Não? – perguntou Dohko.

- Claro que não – afirmou Suikyo – seu poder depende não só de treinos, mas sim da sua força interior, do quanto conseguiu despertar seu cosmo. Diversos cavaleiros em nossa história já fizeram milagres, vencendo titãs e semi-deuses em batalhas memoráveis. Tudo porque souberam despertar seu cosmo a um nível inimaginável para nós.

 

Dohko e Shion permaneceram em silêncio, fitando o amigo explicar a essência de seus cosmos. O fogo crepitava de forma agitada.

 

- Olhem para cima – pediu Suikyo enquanto virava sua cabeça – observem atentamente aquelas estrelas ali...

 

Apontou para a direção de sua constelação, a de taça, que se desenhava no céu. Seus amigos sorriram satisfeitos com o que viam. Desejam em breve ter suas próprias constelações protetoras.

 

- Esta é a constelação que me rege, que me guia, que me protege – explicou Suikyo – logo conhecerão a de vocês. Não é algo que possam escolher. Aprendi que somos predestinados, nascemos para as vestir. No santuário de Athena, temos 88 armaduras, correspondentes às suas constelações. Temos os cavaleiros de bronze, os de prata, categoria ao qual me incluo e os poderosos cavaleiros de ouro, guardiões das 12 casas.

- Os cavaleiros de bronze são os mais fracos, não é mesmo? – perguntou Dohko.

- Em tese, sim – falou Suikyo – mas é como lhes disse. Essas patentes não servem para nada. O cosmo é o mais importante, um universo dentro de si, que pode se expandir ao infinito.

- É possível um humano chegar ao poder de um Deus? – indagou Shion.

- Por que não? – retrucou Suikyo – qual é o limite para nós? Acho que ninguém sabe. Tudo depende de nossa determinação, pelo que lutamos...

- No seu caso, não muita coisa... – provocou Dohko – mal consegue se mover entre outros aspirantes, quanto mais ser um Deus...

 

Shion se irritou, enquanto Suikyo ria-se dos amigos. Muito tempo havia se passado desde que estiveram juntos, assim, sem grandes responsabilidades. Algo que em breve, mudaria para sempre. O lemuriano avisou aos colegas que partiria ao amanhecer para Jamiel, com sua mestra.

 

- Soube da decisão de Daya – comentou Suikyo – foi algo realmente corajoso o que fez. Ir contra as ordens do Grande Mestre em um momento em que precisamos de todas as forças.

- Sim – concordou Shion – não sei o que acontecerá lá e talvez isso atrapalhe meu treinamento, mas decidi ajudar meu povo e ela.

- Você fez bem – falou Dohko – é o que ela disse: não adianta permanecer aqui e ver o que sobrou de povo morrendo.

- O que me preocupa é que o santuário não está completo – acrescentou Shion – soube que muitos cavaleiros ainda não atenderam o chamado do Grande Mestre, entre eles, alguns de ouro.

- Isso é bobagem – afirmou Suikyo – eles voltarão a tempo. Mas não acredito que o santuário, sem a presença de Athena, seja o grande alvo de Poseidon. Ele quer aumentar seus domínios...

- Você é cheio de mistérios, Suikyo! – bradou Dohko – por que não conta mais aos seus velhos amigos?

- Tem coisas que são para seu próprio bem – riu-se Suikyo – só atrapalharia seu treinamento. Outras foram confiadas a mim pelo Grande Mestre.

- É o que ele sempre diz – falou Shion sem ânimo para Dohko.

- Chega de acusações – completou Suikyo ainda em meio aos risos – precisamos dormir, pois já é tarde.

- E sempre muda de assunto – disse Dohko – só porque é um poderoso cavaleiro de prata e...

 

Uma pequena estrela cortou o céu rapidamente, chamando a atenção de Suikyo, que imediatamente deixou de ouvir as brincadeiras de seus amigos, que demoraram a perceber que algo havia acontecido. O cavaleiro de prata permaneceu paralisado, olhando para cima. Sua visão ficou turva e então, teve uma visão: uma armadura escura, imponente, com grandes asas negras, envolta por um cosmo lilás o deu uma sensação desesperadora, como se sua alegria estivesse sendo sugada. Foram poucos segundos, o suficiente para que pudesse se atordoar.

 

- Suikyo! – gritou Shion o chacoalhando – você está bem?

 

O cavaleiro de prata havia retornado de sua alucinação. A fogueira estava mais calma, bem como o céu estrelado. Dohko e Shion estavam de pé diante do amigo. Naturalmente preocupados.

 

- O que te aconteceu? – perguntou Dohko – Ficou paralisado, com os olhos vidrados e uma expressão de pavor.

- Foi o que senti... – balbuciou Suikyo – um mal presságio, mal pressentimento. Como se algo horrível fosse acontecer.

- Deve ter sido apenas um sonho acordado – sugeriu Shion – está ansioso pelas batalhas.

- Gostaria que fosse apenas isso – falou Suikyo.

 

Suikyo permaneceu meio paralisado pelo que lhe ocorrera. Sem explicação, apenas incrédulo por sua visão. Sabia que tipo de armadura havia visto. Mas não o porque.

 

- Será que me descuidei enquanto estive na China? – perguntou-se em sua mente – mas segui todos os conselhos do mestre, não rompi o selo...

- Já vi que vai nos esconder mais uma coisa, como sempre... – falou Dohko.

- Desta vez não há nada para esconder – mentiu Suikyo, tentando parecer normal, com um sorriso desajeitado.

- Entendemos – disse Shion, sabendo que havia algo maior por trás – melhor dormimos mesmo.

- Está bem – concordou Dohko.

 

O trio deitou-se em torno da fogueira. Cobriram-se. Dohko e Shion logo caíram no sono. Suikyo permaneceu deitado, olhando para o céu, angustiado, inquieto. Levou mais de uma hora para finalmente apagar, mas um sentimento estranho e inexplicável permaneceu dentro de si. Em uma região um pouco mais afastada do santuário, um grande homem se apoiava em rochas para se manter em pé em seu caminho. Bastante ferido, carregava uma urna dourada em suas costas. Sua visão tornava-se cada vez mais embaçada conforme avançava.

 

- Falta pouco... – disse a si mesmo.

 

Um pedaço deslizou em sua frente, o que quase o fez cair no grandioso precipício que o ameaçava. Caminhou com dificuldade por mais alguns minutos até que decidiu parar.

 

- Até quando vai me vigiar, sem me ajudar? – indagou o homem sem se virar.

 

Sabia bem quem o acompanhava desde muito longe dali. Mas agora estavam perto do santuário. Sentia-se mais protegido.

 

- Por que está me seguindo, Deathtoll? – voltou a perguntar enquanto virou-se.

 

O homem, apesar de ferido, postou-se em uma posição de combate, com os braços bem abertos para Deathtoll, o cavaleiro de ouro de câncer.

 

- Pouco me importo se está usando sua armadura, seu verme! – bradou o homem – acabo com você agora mesmo!

- Para que tanta valentia, meu caro Ox? – perguntou Deathtoll – ferido como está... Fora que eu não perderia meu tempo lutando com você sem um verdadeiro motivo.

- Não é motivo o bastante estar me seguindo há tanto tempo? – retrucou Ox, o cavaleiro de ouro de touro – vou te dar mais uma chance de me responder, antes que eu lhe mate!

- Ordens do santuário... – respondeu Deathtoll – acha mesmo que eu perderia meu tempo atrás de você por aí?

- Mas que diabos! – gritou Ox – estou há semanas fora por ordem do grande mestre. Como isso pode ser possível? Ele sabia onde eu estava!

- Isso você deve perguntar a ele mesmo – respondeu Deathtoll sem muito interesse – minha parte foi feita, ou quase... Não consegui descobrir quem fez isso a você. Apenas senti seus cosmos à distância. Foi o que me fez achar você.

- Você... – bradou Ox, mostrando um pouco de sua fraqueza pelos ferimentos.

- Aquele cosmo era realmente grande – afirmou Deathtoll – pra te deixar ferido assim, só poderia ter tamanho poder. Espero que ao menos você tenha o matado. Quem era afinal?

- Isso não é da sua conta! – vociferou Ox – eu me entenderei com o Grande Mestre.

 

Deathtoll fez uma grande careta para as palavras de seu companheiro de santuário. Olhou firmemente para Ox, tentando retirar alguma pista através da postura do taurino, mas percebeu que seria em vão. Virou as costas.

 

- Não vai me ajudar a voltar para o santuário? – perguntou Ox, já sabendo a resposta.

- Chegou até aqui – respondeu o cavaleiro de câncer – não vai precisar de mim.

- Seu maldito verme – disse Ox baixinho rindo-se.

 

Sabia que estava em casa, após um grande período de turbulência. Algo que quase o levou a morte. O cavaleiro cuspiu um pouco de sangue antes de seguir seu caminho. Deathtoll já havia desaparecido dali.

 

- Por que o destino te colocou em minha frente? – perguntou-se Ox – porque isso tinha que ter acontecido?

 

Lágrimas lavaram o rosto do grande cavaleiro dourado, que seguiu se apoiando nas rochas para chegar ao santuário. De longe, conseguiu ver a casa de áries, ainda longe dali. Sentiu-se aliviado. Tão logo o santuário recebeu os primeiros raios de sol, a agitação se iniciou. Não havia descanso. Sabiam que em breve entrariam em conflito com os marinas de Poseidon. Quando Dohko e Shion acordaram, Suikyo já havia partido. Não foram capazes de entender o que tinha incomodado o amigo na noite anterior. Mas sabiam que aquele era o momento de uma despedida.

 

- Cuide-se meu amigo – disse Dohko – ao menos sei que está seguro ao lado de Daya.

- Esse é o momento em que devemos nos fortalecer – respondeu Shion – precisamos nos tornar cavaleiros ou seremos um peso para nossos amigos do santuário.

- Tem razão – concordou Dohko – ficaremos mais fortes.

- Ficaremos mais fortes – repetiu Shion selando a despedida com um grande abraço no amigo.

 

Poucos segundos depois, as amazonas mascaradas Daya e Nirin surgiram levando suas armaduras nas costas.

 

- Está na hora – disse Daya – tem certeza de que quer fazer isso?

- Sinto que é o mais certo – respondeu Shion – ficar ao seu lado, ao lado de nosso povo.

- Pois bem – falou Daya – vamos então. A viagem será longa. Cuide-se Dohko!

- Vocês também! – falou Dohko acenando para o trio.

 

O jovem ficou ali parado, obervando o trio lemuriano abandonar o santuário de Athena. Seria a primeira vez em anos que Dohko se distanciava de seu melhor amigo Shion. Desejou-se lhe sorte para voltar em segurança. Não longe dali, Suikyo caminhou lentamente até a entrada de uma pequena casa, que tinha sua entrada aberta. Encontrou uma criança de cabelos curtos negros sentada no chão, brincando com algumas pedras. Tal criança não conseguiu esconder a alegria ao encontrá-lo.

 

- Suikyo! – gritou enquanto se levantou.

 

O garoto correu para abraçá-lo e com toda a sua força o fez. O cavaleiro de Athena retribuiu o gesto. Havia ficado meses longe de casa. A saudade de seu pequeno irmão era grande.

 

- Suishou... – disse Suikyo enquanto algumas lágrimas escorriam de seu rosto – tem se comportado bem?

 

Suishou apenas balançou a cabeça positivamente. Uma senhora de cabelos brancos se aproximou também com um grande sorriso. Vestia uma túnica longa e branca.

 

- Isto é bem verdade – disse ela com uma voz rouca pela idade – Suishou tem sido um bom menino.

- Senhora Samara – falou Suikyo apertando sua mão – não há como agradecer por ter cuidado de meu irmão mais uma vez.

- Não há o que agradecer, Suikyo – respondeu Samara – sou uma velha e não tenho companhia. Sei o quão importante é para você e tenho ideia do que vem fazendo por todos nós. Todos comentam. Sei que vamos correr perigo.

- Isso é verdade, Suikyo? – perguntou Suishou.

- Sim – respondeu Suikyo, ainda abraçado ao irmão – não posso enganar vocês. Teremos uma das maiores guerras que este planeta já viu.

- Quer dizer que vamos morrer? – perguntou o garoto com lágrimas nos olhos.

- Não fique assim! – suplicou Suikyo enquanto se ajoelhava para ficar na altura do irmão – nós, os cavaleiros, somos muito fortes. Vamos lutar muito para proteger o santuário, nosso povo. Não vou deixar que nada aconteça a vocês.

 

O cavaleiro de prata voltou a abraçar o pequeno irmão. Ambos choravam, assim como a senhora Samara que tinha as mãos apertadas contra o peito. Sentia em seu íntimo que a destruição se aproximava. Algumas horas mais tarde, o trio lemuriano já havia percorrido uma longa distância. Diversas vezes Daya e Nirin precisaram parar para aguardar o jovem aprendiz Shion, que tinha muita dificuldade para se locomover na mesma velocidade.

 

- Vocês estão indo muito rápido! – gritou Shion.

- Eu sabia que ele seria um atraso... – falou Nirin – vamos deixar ele para trás!

 

Daya riu da situação. Shion não gostou dos comentários.

 

- Se quiser se tornar um cavaleiro, precisa ser capaz de nos acompanhar – falou a amazona de ouro – é o mínimo, na realidade. Eu sequer estou usando um décimo da minha velocidade.

- Quase não as vejo – acrescentou Shion.

- Eleve sua cosmo energia – insistiu Daya – sinta ela dentro de você. Não deixe sua matéria ser uma limitação. Precisa expandir sua consciência...

- Mas é tão difícil... – falou Shion.

 

Nirin mostrava impaciência com a situação. Daya, um tanto impulsiva, precisou conter seu nervosismo. Sabia que as pessoas em Jamiel, que não estava distante dali, precisavam deles.

 

- Feche seus olhos, Shion... – pediu a amazona. Assim ele o fez – imagine um universo inteiro dentro de você.

 

O aprendiz aos poucos viu a escuridão de sua mente ser tomada por uma luz intensa. Aquela agitação e intensidade foi se acalmando. Estrelas surgiram, se aglomeraram em galáxias.

 

- Isso mesmo – encorajou Daya – sinta essa luz, sinta essa força. Deixe sua natureza crescer, tomar conta de sua alma, expandir seu cosmo além de seu corpo...

 

Uma luz clara foi tomando conta do corpo de Shion, que ainda tinha dificuldade para controlar o que sentia. O cansaço foi aumentando, assim como aquela luz, que alguns segundos depois explodiu de dentro para fora.

 

- Aaaaaaaaaaaaaaa – gritou Shion levando os punhos cerrados do alto para a linha de sua cintura.

 

Nirin e Daya permaneceram paradas observando, com suas armaduras nas costas. As urnas reluziam com a luz solar. Exausto, Shion ajoelhou-se satisfeito.

 

- Muito bem, Shion... – felicitou Daya – você começou a entender o que venho tentando te passar há algum tempo.

- Consegui? – perguntou ofegante.

- Sim – respondeu Daya – aos poucos vai aprender a controlar esta cosmo energia.

- É algo tão forte – disse Shion surpreso – parecia que eu ia explodir em milhões de pedaços.

- E não chegou ao cosmo de um mero cavaleiro de bronze – explicou Nirin.

- Sério? – indagou Shion espantado.

- Uma evolução que vai encontrar atráves de seu treinamento – completou Daya – mas precisamos seguir em frente. Quero que use isso para nos acompanhar. Não temos tempo a perder.

- Sim! – bradou Shion enquanto se levantou.

 

Enquanto Shion procurou se recompor, Daya e Nirin saíram saltando na frente.

 

- Você sentiu? – perguntou Daya.

- Sim, mestra – respondeu Nirin – foi impressionante.

- É uma criança aprendendo a ser um cavaleiro – disse Daya – mas dentro daquela agitação e descontrole sobre o próprio cosmo, senti uma energia tão poderosa, algo grandioso. Se Shion for capaz de sobreviver às próximas batalhas, será um grande guerreiro, sem dúvida.

 

Sem nem imaginar tal conversa, Shion se esforçou para alcançá-las. Estava muito cansado, mas uma alegria estava dentro de si. Tão forte quanto a energia que havia sentido. Logo estariam em Jamiel.

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Gostei do capítulo.

Um pouco do misterioso sumiço de Suikyou e as ordens secretas do GM.

Só acho estranho o nível de Dohko e Shion. Eles estão muito aquem dos poderosos cavaleiros de ouro que se apresentaram, mas a estória evoluirá.

 

Curioso para saber quem que deixou Ox naquele estado, e porque a garuda surge assim no meio da batalha contra Poseidon. Aposto que ele deixou a Garuda fugir quando esteve na prisao selada de Hades. Pelo menos é o que parece, mas vamos ver.

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  • 2 semanas depois...

Capítulo 5

 

Na Grécia, um cavaleiro de cabelo castanho carregava uma dourada nas costas. Estava próximo do santuário após algum tempo distante. Havia recebido o chamado do Grande Mestre para retornar. Após superar uma grande montanha, notou que um grupo considerável de pessoas estava sendo conduzido por soldados vestidos com armaduras azuis, em tons claros.

 

- Mas que diabo está acontecendo? – perguntou-se enquanto olhava com atenção o que acontecia – estes homens não são do santuário.

 

Procurou se proteger para não ser visto. Dezenas de pessoas estavam sendo escoltadas por aqueles homens. Não pareciam forçados a nada. Estavam contentes. O cavaleiro decidiu se aproximar, mas pouco antes de alcançar a trilha onde estavam, foi surpreendido por um grupo de soldados.

 

- Ora, ora... – disse um deles – temos uma surpresa por aqui.

- Afaste-se se não quiser morrer, homem – alertou outro enquanto se aproximava do cavaleiro.

- Não toque em mim – bradou o cavaleiro acendendo uma pequena fagulha de seu cosmo dourado.

 

A luz dourada jogou o rival longe dali. Os demais se assustaram. Prepararam para atacar. O cavaleiro de Athena entrou em posição de defesa.

 

- Fiquem longe dele! – bradou uma voz.

 

O cavaleiro apenas fitou a chegada deste homem. Cabelos azuis longos, olhos verdes. Usava uma armadura laranja, com detalhes dourados. Tinha um olhar sereno e pacífico.

 

- Nem milhares de vocês seriam capaz de derrotá-lo, acreditem – disse o sujeito.

- Um general... – respondeu o cavaleiro – a que devo a honra desta visita em nosso santuário?

- Meu nome é Zarek de cavalo marinho – respondeu o guerreiro – sou o general marina responsável pelo pacífico norte.

- Interessante... – falou o cavaleiro.

- Chega de papo! – gritou um dos oficiais – vamos acabar logo com ele!

- Não vão respeitar seu general? – indagou o cavaleiro.

- Cale essa boca, cavaleiro! – berrou outro – morra!!

 

Quase vinte marinas saltaram para atacar o cavaleiro de Athena. Zarek permaneceu observando, do alto daquela pequena pedra. Sabia perfeitamente o que aconteria a seguir. O cavaleiro acendeu seu intenso cosmo dourado e com apenas um movimento levou todos ao chão. Mortos em poucos segundos. Sem sequer tirar sua armadura da urna.

 

- Eu avisei... – disse Zarek – gostaria que se apresentasse.

- Já deve ter percebido que sou um cavaleiro de ouro – respondeu – meu nome é Kaiser, da constelação de Leão!

- É um prazer, Kaiser – falou Zarek sorrindo.

 

Neste momento estavam a sós. Apesar de rivais, não havia um clima de batalha. Zarek não parecia ofensivo, tampouco agressivo. Respeitava seu rival. Kaiser sentiu que o marina possuía um grandioso cosmo também. O general desceu da pedra de onde se encontrava. Deu alguns passos, parando ainda a certa distância.

 

- Gostaria de perguntar somente mais uma vez – falou Kaiser – a que devemos tal visita? Para onde os soldados estão levando aquelas pessoas?

- Eles foram escolhidos por Poseidon – explicou Zarek.

- Escolhidos para o quê? – questionou Kaiser.

- Para habitar Atlântida – disse Zarek – são pessoas superiores aos demais. Com grandes conhecimentos e habilidades. O continente está se reerguendo e uma nova era vai começar. Eles poderão viver em paz após a purificação que está prestes a começar.

- Purificação? – perguntou o cavaleiro de ouro um pouco impaciente – e quem vai realizá-la, Zarek?

- Os marinas – respondeu o general – recebemos esta ordem de nosso Deus e assim o faremos.

- De fato acredita em tudo isso? – indagou Kaiser – realmente pensa que são superiores aos demais seres humanos?

- A Terra está cada vez mais contaminada – afirmou Zarek – em algum tempo, as destruições acabarão com a raça humana. Estamos tentando salvá-la antes disso. Não entende que é para o bem maior? Para trazer paz?

- E acha que podem fazer isso matando os demais? Afundando continentes e seus habitantes? – perguntou Kaiser ainda mais irritado.

- Volto a dizer – respondeu Zarek – não sou a favor de mortes e guerras, mas entendo que isso será necessário para que as próximas gerações vivam em paz.

 

Aos poucos, a cordialidade foi desaparecendo. A divergência trouxe tensão à conversa entre os dois grandes guerreiros.

 

- Vocês estão sequestrando estas pessoas – afirmou Kaiser.

- Vê alguma resistência em seus olhares? – perguntou Zarek para o silêncio do cavaleiro de ouro – foram escolhidos. Sabem que uma transformação vai acontecer e escolheram estar ao lado de quem vai os proteger.

- Eles têm que o proteja! – bradou Kaiser cerrando os punhos.

- E quem seria? – perguntou Zarek – Athena? Onde estaria sua deusa neste momento?

 

Kaiser silenciou. Aquilo era uma grande verdade. Seria uma grande brincadeira dos deuses do Olimpo? Poseidon havia retornado em sua maturidade e estava prestes a invadir toda a área terrestre, que nesse momento estava sem a proteção de Athena. Por que ela ainda não reencarnou?

 

- Aos poucos vai entender tudo isso – afirmou Zarek.

- Não há o que entender! – gritou Kaiser – terei que derrotá-lo!

 

O cavaleiro de leão queimou seu cosmo intensamente, vestiu a armadura dourada e preparou o ataque ao rival.

 

- Detenha-se! – bradou Zarek para surpresa do leonino.

- Por acaso está se entregando? – perguntou ironicamente Kaiser.

- Não tenho qualquer intenção de lutar com você aqui – disse Zarek.

- Não estão invadindo nosso santuário? – questionou Kaiser.

- Eu não estou aqui para isso – explicou Zarek – tenho outros objetivos e vou os cumprir!

 

Kaiser notou que todas aquelas pessoas estavam embarcando em grandes navios. Ameaçou saltar para tal direção.

 

- Quer realmente tentar evitar a partida destas famílias? – indagou Zarek colocando-se à frente.

- Não deixarei que os sequestrem! – gritou Kaiser queimando o cosmo.

- Ainda não entendeu que eles querem isso? – questionou Zarek – estão felizes! Escolheram Poseidon, assim como eu!

- Então morrerá por isso, maldito! – berrou Kaiser – prepare-se para conhecer o poder do leão!

 

Kaiser explodiu seu cosmo, saltou e procurando aumentar sua velocidade, disparou seu golpe:

 

- Cápsula do poder! – gritou o dourado.

 

Zarek se esquivou do golpe. Girou suas mãos seguidamente, criando correntes de ar, capazes de deter as luzes de Kaiser.

 

- Acho que não está levando isso a sério! – gritou o marina – mas como lhe disse, não estou aqui para matar ninguém.

- Maldito seja! – falou Kaiser erguendo seu punho.

- Só vim escoltar aquelas pessoas até Atlântida – revelou Zarek – minha missão será terminada.

 

Com o final desta frase, o general elevou seu cosmo e partiu rapidamente. Kaiser decidiu não tentar o deter. Sabia que seria inútil. Mas o recado estava dado.

 

- Eles são realmente muito fortes – confessou Kaiser a si mesmo – talvez um dos mais fortes que já encontrei...

 

No vilarejo mais próximo do santuário, muitas pessoas choravam desesperadas. Umas consolavam as outras. Dohko se aproximou assustado, sem entender o que se passava. Havia sentido dois grandes cosmos se encontrando há poucos instantes não tão longe dali.

 

- O que está acontecendo? – perguntou Dohko para um senhor que ajoelhado amparava uma pequena menina – estão nos atacando?

- As pessoas foram levadas – disse o homem chorando intensamente.

- Levadas para onde? – indagou Dohko.

 

Mas não houve tempo para responder. Luzes romperam de todos os cantos. Dohko nem foi capaz de ver de onde vinham. O choro das pessoas deu lugar a gritos de desespero. Explosões começaram a acontecer por todos os lados. Corpos caíam, pessoas morriam. De todas as idades.

 

- Quem está fazendo isso? – gritou Dohko tentando se proteger, tentando acudir algumas das vítimas em vão.

- Deveria estar mais preocupado com sua própria vida, garoto – bradou uma voz grave.

- Quem é você? – perguntou Dohko tentando o definir em meio aquele fogo e fumaça.

 

Cabelos longos e lisos brancos, olhos negros e uma expressão de ódio estampada na face. A armadura imponente fazia juz à sua força.

 

- Sou Nereu, general de Kraken! – falou com orgulho – e vim acabar com essas vidinhas medíocres! Hahaha.

- Seu maldito! – gritou Dohko – como pode ser capaz de matar todos esses inocentes assim?

- Vou lhe mostrar como.... – disse abrindo bem os olhos – aprenderá a não entrar no caminho de um general marina! Dê lembranças a todos no mundo de Hades!

 

Nereu levitou no ar, abriu bem seus braços. Uma agitação deu-se em torno do general. Começou a ventar mais forte.

 

- Sinta todo o meu poder! – gritou Nereu.

 

O marina lançou um golpe contra Dohko, que só teve tempo de fechar os olhos e tentar se proteger com as mãos. Sentiu a morte o abraçar, mas logo acabou. Um cosmo intenso o protegeu. Quando aquela gigantesca luz cessou, viu que um braço, protegido por um escudo dourado, estava em sua frente.

 

- Quem é você? – perguntou fracamente.

 

O homem sorriu para ele. Cabelos negros de médio tamanho, olhos azuis. Trajava uma armadura dourada repleta de armas.

 

- Você está bem? – perguntou – sou Têmis, o cavaleiro de ouro de libra. Quase não chego a tempo, garoto.

 

Ainda sorrindo, ao ver que Dohko estava bem, virou-se para o general. Antes que Dohko pudesse perguntar mais alguma coisa, foi pego pelo braço por outro homem.

 

- Mas o que é... – iniciou.

- Deu sorte mais uma vez, fedelho! – gritou Jaga de órion o erguendo – saia imediatamente se quer sobreviver!

- Mas quero ajudar! – disse Dohko sendo teimoso, tentando se soltar.

- Você não tem condição de ajudar ninguém! – devolveu Jaga – é um fracote! Nem cavaleiro é! Só vai nos atrapalhar! Se quer ajudar, guie essas pessoas para fora deste lugar, agora!

 

Irritado, Dohko fitou o cavaleiro de prata, que tinha uma feição séria, firme. Logo percebeu que apesar de ter sido rude, Jaga tinha razão. Dezenas de soldados do exército de Poseidon estavam diante deles. Enquanto corría, ouviu Têmis dar uma ordem ao prateado.

 

- Cuide desses insetos, meu amigo – pediu Têmis – tenho um probleminha para resolver por aqui...

- Será um prazer – falou Jaga caminhando lentamente em direção aos soldados.

 

Tais homens estavam atacando os inocentes do vilarejo.

 

- Hora de fazer a limpa – completou Jaga a si mesmo.

 

Um pouco atrás, Têmis parou diante de Nereu. Se olharam por alguns segundos antes que algo pudesse ser dito.

 

- Um cavaleiro de ouro – riu-se Nereu – que privilégio o meu.

- Não posso dizer a mesma coisa – respondeu Têmis – matando inocentes? É isso que se espera de um general marina?

- Esqueci que estou diante do homem da balança, da justiça – falou sarcasticamente – serei punido?

- Aqui mesmo... – respondeu Têmis elevando seu cosmo.

 

Dohko se afastou o suficiente para ver o combate de longe. O local estava tomado pela batalha. Jaga fazia um estrago considerável. Tinha um grande cosmo e com movimentos rápidos, deu cabo de boa parte do exército rival. O cavaleiro de ouro de libra era ainda mais forte. Seu bom humor havia desaparecido.

 

- Como pode ser tão cruel? – perguntou Têmis.

- Quer ver? – provocou Nereu – vamos ver se é capaz de proteger todas essas pessoas.

 

Mirou seu punho para fugitivos. Seu cosmo laranja se acendeu. A imagem do Kraken surgiu atrás de si.

 

- Ele é muito forte – pensou Têmis – mas não posso deixar que essas pessoas morram!

- Aguente essa, cavaleiro! – gritou Nereu – a purificação através da dor! Ahahaha

 

Têmis foi capaz de defender o golpe, mas não de evitar que muitos fossem atingidos. Quase dez pessoas caíram mortas com o ataque do marina.

 

- Seu maldito! – berrou Têmis furioso – pare com isso! Eu sou seu adversário, lute comigo!

- Você não é páreo para mim, dourado – provocou Nereu – ninguém é! Já vi que aqui será como em Lemuria. Fracos por todos os lados. Não perderei meu tempo...

- O que está dizendo? – perguntou Têmis.

- Gosto do som da morte – falou Nereu – é como uma sinfonia para meus ouvidos. Me faz bem. Gosto de ouvir estes vermes gritando antes de morrer. Mas já me cansei deste lugar. Este é apenas um recado, uma amostra do que vamos fazer com vocês...

- Ora, seu... – bradou Têmis aumentando seu cosmo.

- Guarde isso para a hora certa, dourado... – menosprezou Nereu – agora não tenho tempo para você.

 

Têmis ameaçou contê-lo enquanto o general partia, mas foi seguro por Jaga, que retornou após acabar com todos os demais soldados.

 

- Este monstro tem toda a razão – falou Jaga.

- Como pode concordar com ele? – perguntou Têmis perplexo – este assassino maldito!

- Não é hora de morrer em vão – respondeu Jaga – precisamos encontrar o Grande Mestre.

- Sim – concordou Têmis enquanto se acalmava.

 

Os corpos estavam jogados em meio aos destroços. Cortinas de fumaça se erguiam acima das labaredas de fogo. Um cenário de total destruição.

 

- Eles deram o recado – falou Têmis – cabe a nós a resposta.

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  • 4 semanas depois...

Capítulo 6

 

Daya, Nirin e Shion estavam no topo de uma grande montanha. Protegidos pelo intenso frio da nevasca que os atingia, caminhavam com dificuldade.

 

- Estamos distantes ainda? – perguntou Shion.

- No Himalaia – respondeu Daya – tão perto...

 

Levaram mais alguns minutos, ultrapassando rochas, o peso da neve, até se aproximar de um grande precipício. Uma estreia ponte estava diante do grupo.

 

- Este é o único caminho? – perguntou Shion.

- Sim – respondeu Daya – quer ficar pelo caminho?

 

O pupilo fraquejou por alguns instantes. A amazona de áries partiu na frente. A prateada de raposa iniciou a caminhada na sequência. Virou-se para Shion.

 

- Quer realmente ser um cavaleiro? – perguntou Nirin – isso não pode o assustar.

- Você olhou para baixo? – questionou Shion com os olhos arregalados.

- É claro! – respondeu Nirin – está assustado com a altura ou com os esqueletos?

- Que esqueletos? – indagou Shion ainda mais nervoso.

 

O jovem observou melhor. Estava tão preocupado com o abismo que praticamente não notou que o local era um grande cemitério. Dezenas de guerreiros foram selados ali. Tanto pelo próprio precipício, quanto pelos gigantescos espinhos, que se tornaram espetos para eles.

 

- Venha Shion! – disse Daya de forma doce – não tenha medo! Estamos em casa!

 

Ainda relutando um pouco, Shion procurou passar com muito cuidado, sem olhar para baixo. Tinha muito medo de altura. Mirou apenas os próprios pés.

 

- Vencer os medos, os obstáculos – falou Daya enquanto caminhavam – é um grande passo na vida de um cavaleiro.

- Quem foram eles? – perguntou Shion.

- Essa é uma proteção necessária aos lemurianos – revelou Daya – esta não será a primeira guerra contra os atlantes e provavelmente, não será a última também. Eles são uma prova de nossa força, um aviso aos que querem nos atacar. Esse é o nosso refúgio e quem se aproximar, terá o mesmo destino.

 

Foram alguns minutos que pareceram uma verdadeira eternidade para o aprendiz Shion. Ele jamais imaginou que pudessem enfrentar tanta dificuldade para chegar aquele local. Jamiel, de fato, era uma grande fortaleza. Uma estreita passagem revelou uma grandiosa torre segmentada. Em sua base, dezenas de pessoas pareciam atordoadas. Com pequenas trouxas, se refugiaram com o que puderam levar. Lemurianos feridos recebiam amparo, outros se alimentavam. Uma grande agitação tomava conta daquele local.

 

- É tão estranho ver pessoas como nós – comentou Shion – no santuário, sempre me senti diferente.

- Estamos em casa – afirmou Daya – vamos, temos muito trabalho a fazer. Temos que ajudar essas pessoas.

 

Deram alguns passos, foram recebidos por um lemuriano de idade avançada. Cabelos lisos brancos, usava uma túnica de mesma cor.

 

- Mestre Yoni – disse Daya curvando-se – é tão bom vê-lo novamente.

- Fico feliz que tenha vindo – respondeu o ancião – não em uma situação como essa. Era algo que imaginávamos que pudesse acontecer, mas não com tamanha crueldade.

- Só esses sobreviveram? – perguntou Daya.

- Temos um pequeno grupo sendo escoltado por alguns homens que enviei ao leste – revelou Yoni – mas isso é basicamente o que sobrou de nosso povo.

 

Nem duzentas pessoas estavam na base da torre de Jamiel. Shion olhava impressionado, assim como Nirin. Daya saiu andando com o ancião, mas ambos desapareceram.

 

- O que aconteceu? – perguntou Shion surpreso – para onde foram?

- Entraram na torre – respondeu Nirin enquanto colocava sua urna no chão.

- Mas como? – voltou a questionar Shion – não há uma entrada.

 

E de fato era verdade. O palácio não tinha uma abertura de entrada. Somente nos andares acima.

 

- Como faremos para entrar? – indagou Shion.

- Vai precisar aprender... – falou Nirin rindo.

 

Em seguida, a amazona de prata desapareceu, deixando Shion sozinho, virando-se para procurá-la.

 

- Nirin? – perguntou Shion – onde se meteu? Me ajude a entrar também!

 

Algumas horas haviam se passado do ataque marina ao vilarejo próximo ao santuário. No entanto, nenhum deles tentou ultrapassar a barreira das 12 casas. Após ajudar tantas pessoas feridas, Dohko notou que algo havia o atingido também. Um pequeno corte em seu ombro direito.

 

- Você está bem? – perguntou uma voz serena bem conhecida.

 

Dohko virou-se rapidamente para confirmar o que suspeitava. Um homem com trajes negros da cultura chinesa estava parado diante do jovem. Cabelos negros lisos cumpridos, olhos de mesma cor.

 

- Mestre Navi! – gritou Dohko sorrindo.

- Fico feliz em revê-lo, Dohko – disse Navi.

- Por onde esteve? – questionou Dohko – tantas coisas aconteceram por aqui.

- Andei sabendo – respondeu Navi – quando me despedi de você, meses atrás, recebi uma importante missão do Grande Mestre. E na realidade, ainda estou a executando.

- E por que voltou? – perguntou Dohko – por acaso está desobedecendo o Grande Mestre?

- Ao contrário – disse Navi rindo – ele me concedeu algo e sou muito grato por isso.

 

Dohko não conseguia compreender o que seu mestre estava tentando lhe dizer. Sentiu uma dor profunda em seu ombro. Navi se aproximou, ergueu uma de suas mãos, acendeu seu cosmo. Concentrado, transmistiu energias ao ferimento de Dohko, que foi cicatrizando rapidamente. O jovem, agradeceu satisfeito e surpreso.

 

- Este local não é seguro para você – afirmou Navi.

- Como assim? – indagou Dohko – estamos no santuário. Que local pode ser mais seguro do que aqui?

- As coisas mudaram, Dohko – revelou Navi – muita coisa está acontecendo aqui, diante de seus olhos. Mas ainda não tem capacidade de enxergar.

- Não compreendo, mestre – falou Dohko.

- Acompanho seu pequeno cosmo, mesmo à distância – disse Navi – está na hora de se sagrar um cavaleiro.

 

Dohko permaneceu de pé, fitando seu mestre, que parecia um tanto inquieto com a situação.

 

- Eu preciso retornar à minha missão, Dohko – falou Navi – quero que me acompanhe, para que eu possa finalizar seu treinamento.

- Mas você acabou de voltar – respondeu Dohko – e além do mais, não posso deixar o santuário. Quero ajudar os demais cavaleiros.

- Ajudar como? – perguntou Navi.

 

Dohko silenciou.

 

- O máximo que conseguiu foi o ferimento em seu ombro e isso porque foi salvo por Têmis, como eu já soube – falou Navi – não se entristeça com o que vou dizer, mas sua presença aqui é completamente dispensável. Você precisa treinar. E assim vai ser.

- Mas eu... – iniciou Dohko.

- Acha que eu quero o seu mal? – perguntou Navi – eu o vi crescer. Quero lhe preparar para o que virá.

 

Dohko sabia que seu mestre estava certo e que só queria o ajudar. Mesmo distante, sabia que Navi sempre o vigiava e que se havia voltado somente para lhe buscar, era porque isso seria fundamental e a coisa mais certa a se fazer.

 

- Para onde vamos? – perguntou Dohko.

- Isso é um segredo – respondeu Navi sorrindo.

- Não posso saber nada? – indagou Dohko.

- Saberá quando chegarmos – falou Navi – isso faz parte da segurança da missão. Tem que entender que precisei pedir muito ao Grande Mestre para que ele me deixasse o levar daqui.

- Está bem – disse Dohko irritado – e quando partimos?

- Você tem meia hora para pegar o que precisa – falou Navi.

- Como assim? – perguntou Dohko ainda mais irritado – é pouco tempo!

- Não posso me ausentar dos meus afazeres, rapaz – prosseguiu Navi – entenderá quando chegarmos até os... – Dohko arregalou os olhos esperando a resposta – ...até lá. Agora vamos, a viagem será longa.

 

Emburrado, Dohko foi reunir algumas coisas antes de partir.

 

- Essa é a única forma – pensou Navi enquanto mirava alguns feridos sendo ajudados – não podia deixar ele morrer aqui. Não assim.

 

Um pouco distante dali, centenas de homens estavam alinhados em uma grandiosa formação. Soldados rasos do santuário, ávidos pela batalha, sedentos por vingança. No topo de uma grande escadaria, acompanhada por pilares de pedra, um cavaleiro de prata trajava uma armadura vermelha com detalhes negros. Seus cabelos eram claros e curtos, com uma costeleta cobrindo as laterais de sua cabeça. Parado, observava atentamente a formação daquele grupo. Ventava forte no local e poucos minutos depois, uma amazona de cabelos brancos longos, mascarada, com uma armadura esverdeada se apresentou.

 

- Que bom que veio Lynn – falou o homem – estamos prontos?

- A seu comando, Bradock – respondeu Lynn.

- Ótimo – disse Bradock – reunimos milhares de homens, amazona de sextante. Esta é a última formação. Quero que guie ela conforme combinamos.

- Sim, senhor – falou a amazona.

- O Grande Mestre nos deu permissão para partir – revelou Bradock – em breve, o confronto vai começar.

- Ainda temo pelo santuário – disse Lynn – que eles possam invadi-lo com tantas tropas fora.

- Posso lhe assegurar que não será assim – respondeu Bradock – não deixaremos que nenhum marina sobreviva para tal.

 

Com aquela postura firme, Bradock ordenou que a amazona partisse com aquele gigantesco grupo de soldados.

 

- Gigori deve lhe encontrar no caminho – informou Bradock – não se preocupe com nada. Nossa estratégia foi bem traçada. Vamos acabar com aqueles malditos!

- Tenho certeza disso – falou Lynn enquanto descia a escadaria.

 

Bradock virou as costas e partiu na direção contrária. Alguns soldados que patrulhavam o local curvaram-se conforme sua passagem.

 

- Senhor Bradock – disse um para seu aceno de cabeça.

- Com ele estamos seguros – falou o outro quando o cavaleiro se afastou.

- Sem dúvida – respondeu o primeiro – o cavaleiro de cruzeiro do sul, chefe de todo nosso exército, homem de grande caráter.

- Mas por que ele anda sempre sério? – indagou o segundo.

- Nunca ouviu falar em sua história? – retrucou o primeiro – ele passou por grandes problemas anos atrás. Pouco depois de ter...

- Ei vocês! – gritou um terceiro soldado – não há tempo a perder! A senhora Lynn ordenou nossa partida! Vamos!

 

Bradock se aproximou de uma encosta e notou o mar banhado pela luz solar. Barcos carregados de soldados partiam.

 

- Chegou a hora – pensou com a mesma expressão séria – finalmente.

 

Em outra região do santuário, Jaga observava a movimentação dos soldados. O rápido ataque de Nereu havia servido de aperitivo. Sabia que em breve, teria muito mais. Em meio aquela correria, viu Dohko passando com uma pequena trouxa nas mãos.

 

- Está fugindo, covarde? – indagou Jaga.

- Eu jamais faria isso! – bradou Dohko enquanto parava para falar com o cavaleiro de prata de órion – estou viajando com meu mestre Navi para concluir meu treinamento.

- Onde este maldito esteve? – indagou Jaga – não o vejo há meses!

- Nem eu sei – falou Dohko – anda misterioso. Nem sei para onde vamos.

- Vai se tornar um cavaleiro, então? – perguntou Jaga – não acredito muito nisso.

- Vai ver só! – falou Dohko – voltarei forte, mais poderoso que você, Jaga!

- Não me faça rir, garoto – riu Jaga – pode até voltar vivo, mas se comparar a mim... nem um tolo arriscaria tal bobagem!

 

Dohko virou as costas para os risos sarcásticos do cavaleiro de órion, se questionando o que havia feito para tamanha implicância do argento. Jaga logo se esqueceu do aprendiz, pois notou entre a corrida de alguns soldados que algo brilhava intensamente atrás de uma grande rocha.

 

- Mas que diabos... – pensou enquanto se aproximava.

 

Caminhou lentamente, dando a volta no objeto. Surpreso, encontrou um garoto caído ao lado de uma urna de bronze.

 

- Um cavaleiro... – falou Jaga – mas quem é ele?

 

Deu dois toques com seu pé no corpo estendido. Notou que respirava.

 

- Vivo ele está – pensou – será que foi derrotado por alguém?

 

Virou o corpo do garoto de cabelos curtos cor de vinho, pele clara. Não parecia estar machucado. Um pingente saltou para fora de sua camiseta. Jaga se aproximou para ler.

 

- Beron... – falou.

 

Foi o que deu tempo de fazer. O jovem acordou assustado, agarrando o punho de Jaga. Ergueu o outro para o golpear. O cavaleiro de prata não se esquivou. Parecia estar o testando.

 

- Quem é você? – perguntou o garoto – o que quer de mim?

- Eu é que pergunto – falou Jaga de forma cínica – se não soltar meu punho, não terá a chance de responder, cavaleiro de bronze...

 

Assustado, o garoto soltou o punho de Jaga, que se levantou para mirar a urna.

 

- Cavaleiro? – indagou o jovem – do que está falando?

- Para alguém carregar um objeto como este – respondeu Jaga apontando para a urna – precisa ser um cavaleiro de Athena, como eu sou. E esta urna corresponde à constelação de lince, uma armadura de bronze. Ao acaso, está brincando comigo?

- Não, juro que não – falou o jovem – não me lembro de nada. Não sei quem sou, como cheguei até aqui. Você é a primeira pessoa que vejo.

- Em seu pingente está escrito Beron – disse Jaga – este é seu nome?

- Não sei dizer – respondeu o jovem.

- Agora será – sentenciou Jaga – não deve ter ideia do risco que está correndo neste local, não é mesmo?

 

O jovem negou com a cabeça. Parecia muito confuso.

 

- Você não tem marcas de luta, ferimentos – analisou Jaga – realmente não deve ter perdido a memória em combate.

- Onde nós estamos? – perguntou Beron.

- No santuário da deusa Athena – cravou Jaga – não te diz nada este nome?

- Não – falou Beron.

- Então saia imediatamente daqui com sua urna – ordenou o cavaleiro de prata – não servirá para nada com esta armadura em tal estado.

- Para onde? – indagou Beron – não conheço nada.

- Isso não é um problema meu – respondeu Jaga – temos uma guerra a vencer.

 

Desorientado, com olhos arregalados e uma fraqueza no corpo, Beron fez grande força para colocar a urna em suas costas e partir. Sua cabeça estava completamente confusa e com dores. O que estava fazendo naquele local? Um cavaleiro, que servia a uma deusa? Constelação de lince? Nada fazia sentido. Jaga caminhou na direção contrária, ainda inquieto com a presença daquele jovem. Tentou não demonstrar esse sentimento, mas não conseguiu esconder sua curiosidade.

 

- Estou há anos no santuário e nunca ouvi falar deste cavaleiro – pensou – de onde pode ter vindo?

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  • 3 meses depois...

Capítulo 7

 

Em outro ponto do santuário, Vega tinha a urna de prata de lira nas costas. O cavaleiro mirava o mar tranquilamente, pensando no que estava por acontecer. Em seu íntimo, perguntava porque sua deusa não havia reencarnado para defender a Terra de Poseidon. Sentiu um ser surgir atrás de si. Alguém realmente poderoso.

 

- Se não quiser encontrar a morte, é melhor parar por aí – avisou sem se virar.

- Vai matar um velho amigo assim, meu caro Vega? – perguntou o homem.

 

Vega arregalou seus olhos. Conhecia bem aquela voz. Virou-se. Diante de si, estava um sujeito usando vestes gregas claras. Cabelo curto esverdeado, olhos de mesma cor. Pele clara.

 

- Ácelo... – balbuciou Vega em lágrimas, enquanto correu para abraçar o homem – por onde esteve, meu amigo?

 

Ácelo retribuiu o abraço e também, as lágrimas. Pelo menos dez anos haviam se passado do último encontro entre eles. Amigos de infância, cresceram juntos.

 

- Eu acreditei que tivesse morrido com seus pais – falou Vega se afastando um pouco para poder conversar – o que aconteceu a você?

- Estou feliz em poder te ver novamente – respondeu Ácelo – precisei me afastar por um tempo. Não pude contar a verdade.

- Qual verdade? – questionou Vega.

- No dia em que desapareci, passeávamos de barco pela costa grega – revelou Ácelo – meu pai estava tão feliz, assim como minha mãe, meu irmão, minha irmã... Fomos atacados por piratas, que sem nenhum tipo de questionamento, nos atacaram.

- Soube disso – acrescentou Vega – todos foram mortos por espadas, mas seu corpo foi o único que não foi encontrado. Procuramos você por tanto tempo.

- Mal vi seus rostos – revelou Ácelo – só lembro do golpe perfurando meu pai pelas costas, enquanto ele tentou me defender...

 

Ácelo chorava intensamente enquanto contava tudo o que aconteceu em sua infância.

 

- Eu caí no mar – contou Ácelo – engoli muita água. Me desesperei, achei que fosse morrer e de fato isso ia acontecer. Até que ouvi uma melodia tão doce, agradável, que foi me acalmando. Decidi aceitar a morte e um silêncio profundo tomou conta de mim.

 

Vega permanecia tentando entender tudo aquilo. Seu amigo de infância havia desaparecido tanto tempo atrás. Nunca retornou e agora estava ali, diante de seus olhos.

 

- Como pode ter sobrevivido? – perguntou Vega – aqueles homens te pegaram do mar?

- Fui salvo antes – revelou Ácelo – eles certamente me matariam. Hoje, eu o faria primeiro. Como gostaria de os achar.

- Por onde andou tanto tempo? – indagou Vega – por qual razão não retornou, meu amigo?

- Eu aprendi a odiar os humanos – falou Ácelo – mesmo sabendo que existem pessoas boas como você, Vega. Mas no geral, a humanidade está perdida.

- Está se colocando fora da humanidade? – perguntou Vega suspeitando de algo.

- Não posso me considerar assim mais – disse Ácelo – fui salvo, fui escolhido.

- Escolhido? – indagou Vega dando um passo atrás – o que te aconteceu, Ácelo?

 

Ácelo ainda tinha a mesma expressão calma. Estava feliz ao rever o velho amigo. Notou que Vega tinha entendido. Deu um passo à frente tentando o acalmar.

 

- Não estou aqui para lutar – adiantou Ácelo – sequer estou com a minha armadura.

- Como pode? – perguntou Vega – juntar-se ao inimigo?

- Você tem que tentar entender – pediu Ácelo – estou aqui para te ajudar.

- De que forma? – bradou Vega – sou um cavaleiro de Athena!

- Eu fui salvo por Poseidon, Vega! – explicou Ácelo – evitou que eu pudesse morrer! Quando achei que tudo tinha acabado, acordei em seu templo, diante de uma escama e de alguns marinas. Era apenas um adolescente. Me explicaram que por pouco, eu teria morrido nas mãos daqueles bandidos. Que uma nova era começaria, erguida pelas mãos do deus dos mares, que em algum tempo retornaria em nossa era. Seria o tempo de purificar o planeta, eliminar sujeitos assassinos, ladrões, a escória da humanidade. Os bons seriam escolhidos, para poder viver em um novo tempo. Ele chegou, meu amigo! É por isso que estou aqui!

- E o que espera de mim? – perguntou Vega sem entender.

- Supliquei ao deus do mar que lhe desse uma chance de se converter – falou Ácelo – Poseidon sentiu seu cosmo à distância e foi capaz de reconhecer a bondade dentro de você, meu irmão. Você é um escolhido, vai sobreviver e poderá se juntar a nós em Atlântida.

 

Vega riu baixo daquela proposta. Ácelo pareceu não entender tal reação.

 

- Não está feliz? – perguntou Ácelo.

- Eu posso entender tudo o que passou, meu amigo – falou Vega – passou por uma experiência terrível, foi salvo por Poseidon. Pelo cosmo que senti de você, se tornou um grande guerreiro. Mas está negando sua origem. É um humano, não um atlante. E assim será, para sempre.

- O que quer dizer com isso? – indagou Ácelo.

- Estamos em lados opostos nesta guerra – explicou Vega – não sou eu quem deve mudar de lado. Sou um humano, defendo Athena e sua humanidade, mesmo com todos os seus defeitos. Os homens serão capazes de se curar, através de suas próprias dores. Assim se cresce, se aprende. É o que você deveria entender. A humanidade não pode pagar e padecer pelos erros de alguns.

- Vai negar a chance de sobreviver que Poseidon lhe deu? – questionou Ácelo perplexo.

- Diga que lhe agradeço – falou Vega – mas tenho uma razão maior para ficar e defender minha deusa.

- E onde ela está agora? – perguntou Ácelo para o silêncio do amigo – onde sempre esteve. Ausente, deixando os inocentes, como meus familiares morrerem.

- Não faz diferença onde está – rebateu Vega – estamos aqui por ela. Defenderemos seus domínios.

- É uma pena... – disse Ácelo – você teve a chance e fez sua escolha.

- Você também – completou Vega.

- Mas como sempre fomos grandes amigos, vou lhe alertar – falou Ácelo – nunca houve um exército tão forte de Poseidon como este. Atlântida é a maior fortaleza da Terra. Intransponível e bem guardada. De lá, observaremos a destruição completa da humanidade para o renascimento através dos escolhidos. Não gostaria que estivesse entre os mortos.

- E não estarei – salientou Vega.

 

Ácelo virou as costas. Lágrimas caíam por seu rosto.

 

- Adeus, velho amigo... – disse Ácelo.

- Adeus... – respondeu Vega, enquanto o via partir.

 

O cavaleiro de lira sentiu um ódio profundo pelo deus dos mares, que longe dali, soberano em seu trono, na erguida Atlântida, observava a chegada de centenas de pessoas. Elas desciam dos gigantescos barcos felizes, com a sensação de serem escolhidas. Ao lado do deus, de pé, estava o general Hector, de dragão marinho.

 

- Acabou? – indagou Poseidon friamente.

- Ainda não senhor – respondeu Hector – quase metade dos escolhidos já foram resgatados mundo afora.

- Quero começar logo a purificação – revelou o deus dos mares.

- Falta pouco, meu senhor – falou Hector – nossos exércitos já estão praticamente prontos para o combate. Mas se desejar, algumas áreas já completaram o resgate dos escolhidos.

- Começarei a inundação planetária por estes lugares, então – falou Poseidon enquanto se levantava.

 

Hector se ajoelhou, bem como alguns soldados rasos que estavam ali. Do topo daquele templo, era possível enxergar boa parte do continente erguido. Terras a se perder de vista. Colossal, tinha uma grande cidade central, onde estava localizado o templo de Poseidon, que passou a queimar seu gigantesco cosmo. Tudo vibrava intensamente. Era como se um terremoto estivesse abalando o lugar. Hector finalmente entendeu o poder de um deus. Sua luz era forte e poderosa. Como alguém seria capaz de desafiar um ser daquela grandeza? De olhos fechados, Poseidon manipulou sua força até outras regiões do planeta, que começaram a sofrer com tsunamis colossais. Em poucos instantes, centenas de lugares seriam arrasados com a força dos mares.

 

- Hora de limpar este planeta! – gritou Poseidon para delírio de todos em seu redor – a Terra finalmente será minha! Ouviu isso Athena?

 

Aquele cosmo intenso foi sentido em todo o planeta. Até mesmo no santuário grego, que nesse início de noite, parecia pacífico, com um céu estrelado. Algumas constelações pareciam brilhar mais que as demais. No topo das 12 casas, a amazona de peixes deixou sua casa para um chamado do Grande Mestre. Atravessou a casa do mesmo e quando se aproximou da cortina que dividia o salão principal de seu aposento, notou uma conversa em tom baixo.

 

- Não pude fazer mais do que isso – falou a voz de Ox de touro – não poderia imaginar que encontraria ela.

- Sabe que isso pode ter comprometido toda a missão, não é mesmo? – perguntou o Grande Mestre – há muito mais em jogo do que possa imaginar.

- Posso assegurar que ela não saiu ilesa – insistiu Ox – e o que descobri foi muito valioso para nós. Uma coisa importante.

- Detenha-se Ox – ordenou o Grande Mestre.

- O que foi? – indagou o touro.

- Temos a companhia de Shira, que está fazendo certa cerimônia para entrar – revelou o mestre.

 

Com tal afirmação, a amazona atravessou a grandiosa cortina, sem disfarçar.

 

- Não lhe ensinaram que é feio ouvir a conversa dos outros, Shira – falou Ox enquanto se levantava.

- Feio é voltar ao santuário surrado como soube que foi – provocou Shira – ao acaso apanhou tanto que quer esconder de todos de quem foi?

- Meça suas palavras, mulher – bradou Ox – ou serão as últimas.

- Gostaria de vê-lo tentar – falou a amazona.

- Deveria mostrar mais respeito diante do Grande Mestre – advertiu o cavaleiro de ouro de leão Kaiser, que também atravessava a cortina.

- Mais um bajulador – ironizou Shira – não percebe que estavam tramando algo por aqui, Kaiser?

- Isso não é da minha conta – rebateu Kaiser – mas sua indisciplina, sim.

- Ora, leãozinho... – falou Shira elevando seu cosmo dourado.

 

Kaiser fez o mesmo. Um combate entre dourados seria iniciado em breve, gerando uma guerra dos mil dias entre os dois. Os cosmos ardiam intensamente. Quando Shira preparou para atacar primeiro, foi contida pela voz forte do patriarca.

 

- Chega! – gritou o Grande Mestre coberto por sua máscara – esse não é o momento para isso! Temos uma guerra pela frente como nunca vimos. Sem Athena entre nós, com Poseidon renascido em todo o seu poder e um exército poderosíssimo. Não podemos perder tempo e forças lutando entre nós!

 

Tal ordem foi suficiente para controlar a situação. O trio se ajoelhou diante do mestre, gesto repetido pelos demais dourados que chegaram na sequência. Deathtoll de câncer, Izô de capricórnio, Shijima de virgem e Têmis de libra.

 

- Com a sua licença, mestre – disse Têmis – mas onde estão os demais? Não pude sentir seus cosmos no santuário.

- Estão retornando – revelou o patriarca – com exceção de Daya, que está em Jamiel.

 

Os sete cavaleiros de ouro permaneceram ajoelhados perante o Grande Mestre, que voltou a se pronunciar.

 

- Não é segredo a nenhum de vocês que Athena ainda não retornou – revelou – e nem o fará tão cedo. Sua ausência certamente nos enfraquece nesta batalha, que será mortal. Não podemos fraquejar diante dos marinas. Precisamos vencer e permanecer fortes. Outros deuses cobiçam nosso território e a humanidade depende de nós! Poseidon começou a inundar os continentes. Em algum tempo, só Atlântida estará livre das grandes ondas. Quando ele matar a todos, vai recuar as águas para reiniciar o mundo sob seu comando. É por isso que sequer tentaram subir as 12 casas.

- E jamais conseguiriam! – bradou Kaiser.

- Talvez não mesmo – concordou o Grande Mestre – certo é que não vão tentar. Por isso, nós precisaremos atacar Atlântida, o continente de luz. Nossos exércitos começaram a partir hoje mesmo. Vamos levar algum tempo para chegar até lá com eles. Na velocidade da luz, vocês logo estarão por lá. Bradock será o responsável pelas tropas. Quero que você, Têmis, se encarregue dos cavaleiros de prata e bronze para esta campanha.

- Sim, senhor – falou o cavaleiro de libra.

- Eu guardarei o santuário com a minha vida – revelou o Grande Mestre – zelarei pelo templo de Athena e por sua armadura. Até que seja o momento dela retornar.

- Você falou em outros deuses, Grande Mestre – lembrou Izo.

- Sim – concordou o Grande Mestre – mas creio que não seja prudente falar disso nesse momento. Mas saibam que eles vão voltar e querem o mesmo que Poseidon. Por isso, precisamos sobreviver. Por Athena!

- Sim! – gritaram os cavaleiros de ouro – por Athena!

- Em alguns dias, vocês vão partir com os demais cavaleiros – ordenou o mestre – é o tempo que nossos soldados levarão pelo oceano.

 

Com aquela ordem, os cavaleiros de ouro partiram. O Grande Mestre atravessou uma outra cortina, que ficava atrás de seu trono. Ali não havia nenhuma luz. Retirou a máscara e o capacete. Respirou profundamente e levou a mão aos cabelos.

 

- Que Athena nos ajude... – falou baixinho.

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  • 1 mês depois...

Bons capítulos.

 

O cenário de ND antes de Shion e Dohko dourados no universo contra Poseidon na época de Atândita é recorte interessante.

Bem esquentadinhos esses dourados né? kkkkk

Gostei do GM com postura mais coerente, como um cavaleiro em batalha.

O cavaleiro de Lince chegou bem na trama. Aguardemos para ver o que ele fará de especial.

 

Que venha o 08.

 

Ah. Estou revisando minha fic. Leia e comente. Cap 01 e 02 postados.

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  • 2 semanas depois...

Bons capítulos.

 

O cenário de ND antes de Shion e Dohko dourados no universo contra Poseidon na época de Atândita é recorte interessante.

Bem esquentadinhos esses dourados né? kkkkk

Gostei do GM com postura mais coerente, como um cavaleiro em batalha.

O cavaleiro de Lince chegou bem na trama. Aguardemos para ver o que ele fará de especial.

 

Que venha o 08.

 

Ah. Estou revisando minha fic. Leia e comente. Cap 01 e 02 postados.

 

Valeu o comentário, meu amigo!!

 

Vou visitar sua fic e comentar por lá tb!

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Capítulo 08

 

Quase dois dias haviam se passado desde que Daya, Shion e Nirin alcançaram a fortaleza em Jamiel. Centenas de refugiados chegavam a todo instante ao lugar e procuravam abrigo no interior do palácio. Shion ainda não conseguia entrar sozinho. Daya precisava o teleportar todas as vezes. Ao acordar, caminhou por um pequeno corredor e notou um barulho metálico intenso. Foi se aproximando, sem cerimônia. Colocou sua cabeça por uma grande abertura e viu o ancião Yoni cercado por sete lemurianos em um círculo, formado por desenhos no chão. Um tipo de diagrama. O mestre estava ao centro, com uma armadura diante de si. Parecia sem vida.

 

- Não está errado ao pensar isso, meu jovem – falou Yoni, lendo os pensamentos de Shion.

- Como fez isso? – perguntou Shion.

 

Os demais lemurianos também tinham armaduras diante de si. As mais variadas. Algumas estavam rachadas, com pedaços quebrados.

 

- Telepatia – sua voz surgiu na mente de Shion – nós, lemurianos somos capazes de tal coisa. Precisa aprender um pouco mais sobre si mesmo.

- Desculpe ter aparecido assim – falou Shion sem jeito – atrapalhar vocês.

- Acho apropriado que tenha aparecido. Faz parte de seu treinamento – explicou Yoni – não é mesmo, Daya?

 

A amazona de áries se materializou ao lado de Shion, que novamente se assustou.

 

- Com toda a certeza, mestre – concordou a amazona – faz parte da vida de um lemuriano.

 

Ela deu dois passos adiante, procurando se aproximar de uma das armaduras selecionadas. Haviam dezenas de urnas espalhadas por aquele salão.

 

- Quero que preste muita atenção, Shion – pediu Daya – as armaduras que estão aqui perderam seus donos e sofreram quase tanto eles. Nós, lemurianos, temos a habilidade de as consertar. Elas são compostas de uma liga de gamânio, que dá a resistência e de oricalco, o que traz sua energia. Elas possuem vida como nós e por isso, são capazes de saber a natureza de seus portadores. O que quer dizer que podem rejeitar algum cavaleiro que não tenha boas intenções.

- Os donos delas morreram? – indagou Shion.

- Sim – respondeu Daya – normalmente, as armaduras conseguem se regenerar, quando sofrem pequenos danos. Basta colocá-la de volta em sua urna, ao qual chamamos caixas de pandora. Mas nem sempre isso é possível. Aí precisamos fazer exatamente isso que está vendo.

 

Os lemurianos estavam se concentrando, com olhos fechados. Seus cosmos emanavam fortemente. Uma aura de luz, capaz de rodear a armadura diante de cada um. Eles manipulavam três diferentes ingredientes, que aos poucos iam devolvendo a luz à armadura, que brilhava de forma mais intensa, emanando um cosmo próprio.

 

- O gamânio e o oricalco que lhe falei – explicou Daya – somado a um importante ingrediente: a poeira estelar.

- Impressionante – disse Shion boquiaberto – elas estão lindas, parecem muito mais fortes!

- E resistentes – acrescentou Daya – vão voltar ao santuário em breve para receber novos cavaleiros.

- E quanto aquela? – falou Shion apontando para a que estava diante de Yoni – ela está estranha.

- Morta – disse Daya – elas também morrem conforme absorvem golpes muito fortes, acima de sua capacidade. Geralmente seus cavaleiros morrem juntos.

- E porque ele vai tentar consertar se ela está morta? – perguntou Shion.

- Por que há conserto – respondeu Daya – é uma situação muito mais complicada, que requer alguém muito poderoso, como é o mestre Yoni.

 

O lemuriano inflou seu cosmo rapidamente. Uma energia muito poderosa, muito forte, que contagiou a todos. O chão trepidava e todos em Jamiel puderam sentir.

 

- Duas formas podem reviver uma armadura – explicou Daya – um quarto de sangue de um cavaleiro, o que pode acabar sendo letal. Ou o poder de um grande reparador, coisa que só alguns lemurianos são capazes de fazer.

 

O cosmo brilhante de Yoni contagiou a armadura cinzenta, morta. Sua luz foi reaparecendo. O mestre lemuriano levitou do chão. Com a boca aberta, emanou um som gutural forte, que impressionava.

 

- Que poder é este? – pensou Shion – como ele é capaz de fazer isso?

- Concentração e conhecimento – respondeu Daya por telepatia.

 

Yoni foi voltando ao solo calmamente. A armadura diante de si voltou a ter cores. Uma mistura de azul e prata, com ferramentas douradas nas mãos de seu objeto. Com sua telecinese, o mestre lemuriano a conduziu de volta à caixa de pandora, que fechou lentamente.

 

- Pronto – falou Yoni – a armadura de cinzel foi revivida. Agora é tempo de fazermos uma pequena pausa. Precisamos recuperar nossos cosmos, meus amigos.

 

O grupo pediu licença a Shion e Daya, que permaneciam observando as armaduras reparadas e demais urnas, que continham armaduras danificadas.

 

- Nosso povo as criou – revelou Daya – só nós somos capazes de as consertar. Nossa morte, significa o enfraquecimento do exército de Athena.

- Agora entendo a importância de nossa vinda – concluiu Shion – além de poder defender todos esse inocentes.

- Fico feliz que tenha compreendido – falou Daya – mas preciso acelerar seu treinamento. Não temos tempo. Sinto que está próximo, mas tem que aprender algo importante. Vamos lá para fora.

 

Daya se preparava para usar o teletransporte novamente. Shion a deteve.

 

- Mestra – disse Shion – eu ainda não sei fazer isso!

 

Daya depareceu e reapareceu diante de Shion diversas vezes, nos mais variados lugares. O aprendiz ficou confuso com todo aquele movimento.

 

- Você tem que se concentrar onde quer ir – explicou Daya – todo o poder está em sua mente Shion. Enxergue um lugar para onde quer ir. Esvazie toda a sua mente do resto. Se concentre apenas em um ponto. No caso, o lado de fora. Pense onde quer chegar.

- Certo – disse Shion imaginando o exterior – não consigo ver com tanta nitidez. As imagens ficam alternando sozinhas.

- Se esforce mais – pediu Daya – precisa retirar o resto. É sua mente que está atrapalhando. Não está acostumado com este foco. Veja com clareza! Somente onde quer chegar. Não faz diferença se é aqui ou do outro lado do mundo. É a sua mente que vai definir.

 

Shion fez uma grande careta, fazia força tentando atingir a nitidez pedida por Daya. Aos poucos a imagem ia entrando foco. Conseguia ver o exterior do palácio com cada vez menos dificuldade.

 

- Isso – falou Daya – não precisa de força. Somente de concentração.

- Estou conseguindo – comemorou Shion.

- Agora, sem deixar a imagem de lado – explicou Daya – imagine um ponto de luz bem à sua frente.

- Mas vou perder a imagem – disse Shion.

- Não vai não – falou Daya com um pequeno riso – mantenha os dois em sua mente. A imagem no fundo e um ponto de luz branca, bem forte, bem intenso. Ele está à sua frente.

- É tão difícil! – falou Shion fazendo novas caretas.

- Ninguém disse que seria fácil – completou Daya – vamos em frente.

- Certo – concordou Shion se concentrando mais.

 

Uma luz passou a irradiar em torno do aprendiz da amazona de áries. Um cosmo ainda fraco, mas cada vez maior.

 

- Só nós somos capazes de fazer tais coisas – explicou Daya – aumente a nitidez desse ponto de luz, cuidando para que a imagem do exterior não suma.

- Estou conseguindo, estou conseguindo – sibilou Shion.

- Perfeito, Shion! – falou Daya – agora vamos ao final. Caminhe para este ponto de luz.

- Como? – perguntou Shion surpreso, com os olhos bem fechados.

- Mantenha os olhos fechados – pediu Daya – e dê um passo à frente, caminhe para esta luz.

 

Shion deu um passo onde estava e nada aconteceu.

 

- Precisa acreditar – falou Daya – não basta dar um passo. Precisa acreditar que pode entrar neste ponto de luz, tanto quanto pode fazer o ponto e a imagem serem reais em sua mente.

- Acreditar... – disse Shion a si mesmo – tenho que acreditar.

 

Shion eliminou toda a hesitação de sua mente. De forma lenta, deu um pequeno passo, que o colocou dentro da luz. Completou com a outra perna. Seu corpo se encheu de luz, sentiu uma força inexplicável, uma leveza enorme. Na sequência, foi sugado. Em menos de um segundo, apareceu no gramado do exterior do palácio. Só não caiu de cara no chão, pois Daya o segurou.

 

- Vai precisar melhorar essa chegada – disse a amazona – mas estou orgulhosa de você. Foi capaz de aprender a se teletransportar.

- Eu fui... – respondeu Shion incrédulo – não posso acreditar no que fiz agora.

- Tem que acreditar, seu bobão – falou Nirin, que apareceu ao seu lado – ou nunca mais fará. Precisa praticar.

 

E foi o que ele fez. Shion passou a desaparecer e reaparecer em todos os lugares daquele gramado.

 

- Está ficando insuportável! – falou Nirin alguns minutos mais tarde.

- Disse que eu precisava treinar – provocou Shion – estou fazendo isso!

- É com esse ensinamento que será capaz de mover objetos, pessoas e se comunicar por telepatia – revelou Daya – tudo depende de seu cosmo, de sua vontade e de sua concentração. Quanto mais forte forem, mais fácil será.

 

Da sala onde estavam as armaduras, o mestre Yoni observava tudo com um largo sorriso. Dali, foi capaz de sentir a terra tremer fracamente. Sabia perfeitamente o que aquilo significava. Em um grandioso templo em Atlântida, dezenas de oficiais estavam ajoelhados perante um jovem de cabelos longos azuis. Este usava uma armadura dourada, com poucos detalhes laranjas. Ostentava um tridente em sua mão direita. Sua feição era de raiva. Poucos segundos depois, um marina de escama cinza adentrou o recinto.

 

- Mandou me chamar, senhor Tritão? – disse o atlante se ajoelhando.

- Sim, Derdiok – confirmou com sua voz grave – cansei de esperar. Tenho uma missão especial para você.

- Será um prazer servi-lo... – respondeu Derdiok com um riso satisfeito.

- Ao acaso pretende desobedecer nosso pai? – ouviu-se uma voz feminina.

 

Morena, cabelos longos e cumpridos. Olhos verdes. Uma armadura que lhe cobria grande parte do corpo em tons de rosa e dourado.

 

- Ora, se não é minha irmãzinha... – ironizou Tritão – o que está fazendo em meu templo, Tétis?

- Tentando evitar que cometa uma loucura – respondeu Tétis – não precisamos atacar ninguém. O plano de nosso pai prevê que a Terra será purificada sem lutas.

- Não seja tola... – falou Tritão – sabemos no que vai dar.

- Não está seguindo o plano de defesa de Hector – insistiu Tétis.

- Não mencione este nome em meu templo! – gritou Tritão empunhando seu tridente.

 

Tétis não se moveu, mesmo com a ponta afiada próxima ao seu rosto. Manteve uma postura firme. Olhos frios fitando o irmão.

 

- Eu lhe avisei – disse Tétis enquanto virava-se.

- Agora vá, Derdiok – pediu Tritão – faça o que combinamos.

- Certo, meu senhor... – respondeu Derdiok.

- Vamos encurtar essa maldita guerra – pensou Tritão diante de todos aqueles soldados.

 

Na China, Navi ia caminhando na frente, seguido de perto pelo jovem Dohko. Algumas grandiosas folhas precisavam ser superadas pelo caminho.

 

- Falta muito, mestre? – perguntou Dohko – estou cansado...

- Pare de reclamar, Dohko – o repreendeu Navi – estamos próximos do local onde passei os últimos tempos.

- Como veio parar neste lugar? – indagou Dohko surpreso com o quão isolado era o local.

- Esta é uma longa história – falou Navi – um dia contarei a você, mas agora apresse-se.

 

Navi ergueu uma grandiosa folha para que Dohko pudesse passar. Maravilhado, percebeu que estava em uma grandiosa pedra que ia se afunilando lentamente até uma ponta razoavelmente larga. Uma queda d’água erguia-se diante daquele local. Enorme, colossal.

 

- Meu Deus... – balbuciou Dohko dando alguns passos lentos.

- Sabia que reagiria assim – riu-se Navi – seja bem vindo aos cinco picos de Rozan, meu aprendiz.

- Cinco picos? – perguntou Dohko ainda mirando a cachoeira – o que há aqui, além desta linda cachoeira?

- Mais do que poderia entender – respondeu Navi – mas por hora, basta saber que aqui é onde eu vivo. Passará algum tempo comigo neste lugar, naquela cabana.

 

O mestre de Dohko apontou para uma pequena cabana que ficava em outra pedra, parecida com a que estavam.

 

- Por quanto tempo? – perguntou Dohko espantado.

- Até se tornar um cavaleiro – respondeu Navi com um sorriso.

- Como? – indagou Dohko – isso pode levar meses!

- Ou até anos – falou Navi enquanto deu um grande salto de uma pedra para outra – isso depende de você.

 

Dohko deu mais três passos. Parecia assustado com aquela revelação.

 

- Este lugar é lindo, tranquilo – pensou Dohko – mas é afastado de tudo. Como alguém pode pensar em viver em um local como este por mais do que alguns dias? Precisa ser quase louco.

 

O jovem aprendiz concentrou-se e foi capaz de saltar de uma pedra para a outra. Antes, notou o tom alaranjado do céu, com o sol no horizonte. Uma cena que provavelmente não se esqueceria tão cedo. O barulho causado pela água não saía de sua mente.

 

- O que há de especial nestes tais cinco picos antigos para meu mestre estar o guardando? – pensou Dohko curioso.

 

Navi não sabia ler pensamentos, mas pareceu adivinhar a dúvida de Dohko.

 

- Muitas perguntas serão respondidas em breve – falou Navi – inclusive por você mesmo. Mas agora precisamos buscar algumas frutas para garantir nosso jantar.

- Está bem – respondeu Dohko decepcionado.

 

O jovem imaginou que algo poderia ser contado a ele ou até mesmo que pudesse descansar depois da longa viagem. Pensou em como seus amigos Shion e Suikyo estariam neste mesmo momento.

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Muito bom desenvolvimento.

 

A forma como Shion vai aprendendo, mostra uma face mais real do treinamento de um cavaleiro, onde ele aprende um pouco de cada vez. Sem falar na menção discreta da leitura das histórias que as armaduras trazem (que a Shiori fez no Gaiden LC).

 

Dohko, típico da idade, reclamando de tudo.

 

Gosto dessa visão dos cavaleiros como humanos normais que fazem coisas normais com sentimentos normais.

 

Vamos acompanhando!

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  • 4 semanas depois...

Capítulo 09

 

Em Jamiel, Shion, com sua percepção apurada, pareceu ter sentido o cosmo de Dohko em algum ponto distante. Shion permanecia se teletransportando incessantemente, como Daya havia mandado. A tarde caía lentamente e as estrelas tomavam o céu aos poucos. Um brilho intenso. Diversos lemurianos já haviam se recolhido para o repouso. Alguns jovens treinavam no gramado. O mestre Yoni observava tudo de forma concentrada. Ao seu lado, Daya.

 

- Estes garotinhos vão se tornar cavaleiros antes de você – Nirin provocou Shion.

- Ah, mas não vão mesmo! – rebateu Shion a desafiando.

 

Os dois começaram a se enfrentar em um duelo animado. Shion estava definitivamente evoluindo. A amazona de prata percebia a cada ataque que sua cosmo energia estava maior, mais controlada. O garoto já não se sentia tão exausto enquanto lutava.

 

- Muito bem – admitiu Nirin.

- Não te disse? – gritou Shion enquanto aumentava sua velocidade.

- Não se gabe – falou Nirin se esquivando – não quer dizer tanta coisa!

- Vamos ver! – soltou Shion enquanto tentava a acertar.

 

Mas antes que ele pudesse a acertar, ouviu gritos distantes, seguidos.

 

- Ah! – berrou um garoto.

- Fui atingido! – berrou outro.

 

Os lemurianos gritavam intensamente. Pelo menos dez estavam no chão se contorcendo. Do céu caíam luzes pontiagudas negras.

 

- O que está acontecendo? – perguntou Shion.

- Proteja-se! – ordenou Nirin – isso é um ataque.

 

De onde estava, Shion viu Daya dar uns três passos. Seu olhar permanecia sério, firme. Alguém estava se aproximando.

 

- Muro de cristal! – gritou a amazona de ouro.

 

Seu cosmo dourado se expandiu com força e violência, protegendo todos os que estavam ali. Uma barreira de energia se formou, inibindo o ataque adversário. As luzes negras se dissipavam ao tocar na barreira.

 

- Levem todos daqui – disse Daya – eles precisam de um antídoto rápido para este veneno.

- Que veneno? – perguntou Shion confuso.

 

Mestre Yoni iniciou o auxílio aos lemurianos que estavam do lado de fora. Com seu poder, teletransportou todos para o interior do palácio, para onde também foi na sequência.

 

- Para onde ele vai? – indagou Shion.

 

Nirin não respondeu. Colocou a armadura de raposa e ficou na retaguarda de Daya, que na sequência desarmou sua parede.

 

- Hahahahaha – gargalhou um ser que caminhava pela escuridão.

 

Cabeça raspada, pele clara. Usava uma armadura cinza repleta de espinhos. O seguindo, pelo menos trinta soldados.

 

- Devo admitir que sua defesa foi surpreendente, amazona – disse o homem – esperado para um cavaleiro de ouro.

- E eu confesso que me surpreendi por terem enviado um marina tão fraco para nos atacar – respondeu Daya.

- Como? – perguntou irritado – por acaso pensa em zombar de mim, Derdiok de ouriço do mar?

- Lutarei sem sequer vestir minha armadura – falou Daya sem se mover.

- Me deixe acabar com ele, mestra – pediu Nirin.

- Me respeite, mulher! – gritou o marina – foi capaz de deter meus espinhos, mas vou mostrar o que um marina de terceira classe é capaz de fazer!

- Terceira classe? – falou Shion baixinho.

- Vão aprender a não zombar de um marina! – gritou o marina – espinhos assassinos! Perfurem a carne delas e espalhem o meu doce veneno!

 

Os espinhos foram lançados por Derdiok e como uma chuva, caíram do céu, se espalhando por todo o território.

 

- Preste muita atenção, Shion – pediu Daya em pensamento – tente acompanhar meus movimentos.

 

Derdiok ria-se, imaginando que seu golpe acabaria com as duas de uma só vez. Daya queimou seu cosmo ainda mais forte. Uma aura dourada a cercou.

 

- Você é patético – bradou a amazona – agradeça por ter a honra de morrer pelas mãos de um dourado! Revolução Estelar!

 

Um faixo de luz dourada caiu do céu, varrendo o marina do mapa. Com um grito aterrorizante, o guerreiro desintegrou-se imediatamente, bem como sua escama. Nirin deu dois passos à frente e antes que os soldados pudessem fugir, seguiu em sua direção.

 

- Teremos novos esqueletos à mostra! – gritou Nirin – punho flamejante!

 

Labaredas de fogo saíram de seus punhos, dizimando todos os oponentes que se atraveram a atacar Jamiel.

 

- Mandar um soldado de terceira classe para nos atacar? – perguntou Daya alto – acho que desconhecem nossa força. Nirin acabaria facilmente com ele.

- Você foi incrível, mestra – disse Shion boquiaberto.

- Não, Shion! – respondeu Daya – eu sequer usei um centésimo de minha força. Não percebe isso porque ainda não se tornou um cavaleiro. As coisas precisam ser aceleradas. Me ataque!

- Como? – perguntou Shion confuso – não posso, você é minha mestra.

- Deixe de bobagens – falou Daya – jamais conseguiria me acertar. Quero que dê seu melhor!

- Está bem – disse Shion sem muita certeza.

 

O jovem queimou o seu cosmo o quanto conseguiu e tentou a atingir. Daya se movimentava tão rápido que ele nem foi capaz de enxergá-la. Percebendo isso, a amazona estacionou em um ponto e montou sua parede de cristal novamente. Shion tentou a quebrar, mas foi repelido uma, duas, incontáveis vezes. Foi se ferindo pelos golpes que retornavam. No chão, machucado e exausto se perguntou como poderia a acertar.

 

- Prestou bem a atenção no golpe que usei para acabar com o ouriço do mar? – perguntou Daya – o fiz de forma mais lenta que pude.

- Só vi toda aquela luz caindo do céu e despedaçando o marina – respondeu Shion no chão.

- Já lhe disse dezenas de vezes que existe um universo infinito dentro de cada um de nós – explicou Daya – você precisa sentir uma estrela nascendo em seu interior, se expandindo, irradiando todo seu ser até não aguentar mais. Aí coloca tudo para fora por seus punhos. Essa é sua essência...

- Eu não consigo... – disse Shion se colocando em pé com muita dificuldade.

- Não desista, Shion – pediu Nirin – você está no caminho.

- Me ataque Shion! – gritou Daya – é preciso ser capaz de romper o muro de cristal.

 

Shion voltou a erguer seu cosmo. Com um grito forte tentou acertar sua mestre, mas além de sua velocidade ser menor, sua cosmo energia parecia mais fraca. Estava exausto. Sequer arranhou a parede e na sequência, recebeu o golpe de volta. Foram várias tentativas, até cair sem forças.

 

- Eu fracassei... – pensou Shion – não sou capaz de me tornar um cavaleiro...

- Se é assim que pensa, não há mais nada a fazer – falou Daya enquanto sua muralha sumia – vamos Nirin.

 

Daya passou por Shion, que estava caído no solo. Nirin caminhou ao seu lado lentamente.

 

- É assim que quer proteger seu povo? – perguntou Nirin.

- Eu sou um fraco – balbuciou Shion.

- Sabe o que estes marinas queriam? – indagou Nirin.

- Matar a todos – respondeu Shion em telepatia.

- Mais do que isso – falou Nirin – acabar com os lemurianos significa não haver chance de reparos nas armaduras do exército de Athena. Por isso, querem acabar com nós. Por isso afundaram nosso continente. Por isso tentam nos matar desde os tempos mais remotos. E tudo que pode fazer é desistir Shion? Então você é um fraco mesmo...

 

Shion pensou em todos os lemurianos feridos no interior do palácio. No continente afundando, com todos sendo massacrados pelos marinas. Uma crueldade sem tamanho. Sentiu um ódio grande dentro de si. Estava fraco, mas as palavras de Nirin haviam lhe perfurado um pouco mais. Há quanto tempo vinha treinando, mas não conseguia dominar o próprio cosmo. Lágrimas escorreram por seu rosto, se misturando ao sangue derramado pelos golpes repelidos. Pensou em todos os cavaleiros que conhecia. Em seus amigos Dohko e Suikyo, que estavam em um caminho parecido, lutando para deter o avanço de Poseidon.

 

- Espere, Daya... – falou Shion fracamente enquanto se levantava - não posso desistir...

 

A amazona apenas virou-se para observar Shion, que mal se aguentava em pé. Suas pernas fraquejavam.

 

- E o que pretende fazer neste estado lamentável? – indagou Daya.

- Vencer você – disse o jovem.

- Pois bem – respondeu Daya – não adianta mantê-lo vivo se não puder se sagrar um cavaleiro. Morrerá no primeiro duelo. Não vou pedir que destrua minha muralha. Terá que ser capaz de suportar o meu golpe.

- Mestra! – advertiu Nirin – vai acabar com ele desse jeito! Não faça isso!

- Prefiro que morra por minhas mãos! – gritou Daya – prepare-se Shion!

 

A amazona aumentou seu cosmo rapidamente. A luz dourada brilhava intensamente na noite estrelada. O símbolo da constelação de áries surgiu atrás de Daya. Seus cabelos se agitaram com o vento.

 

- Está pronto? – indagou Daya.

 

Nirin permanecia entre os dois, mas afastada o suficiente. Angustiada, temia pela vida do jovem Shion, que parecia um morto-vivo. O sangue escorria entre seus olhos, que permaneciam atentos aos movimentos de sua mestra.

 

- Sim – disse Shion de forma firme.

- Então morra, Shion! – gritou elevando seu cosmo – Revolução Estelar!!!

 

A luz dourada caiu do céu imediatamente, cobrindo o corpo de Shion em questão de segundos. Ele gritou intensamente, erguendo suas mãos para o alto. Nirin deu dois passos de preocupação, pensando em o ajudar. Daya a deteve. No meio daquela luz, o jovem gritava em seu despertar. Ao invés de se desintegrar, surgiu com as mãos em mesma posição, detendo o golpe de sua mestra. Fraco, parecia estar pronto para desmaiar.

 

- Estou sentindo... – disse baixinho Shion – estou sentindo esse universo dentro de mim...

 

Seus cabelos verdes estavam muito agitados com toda aquela energia. Com um urro forte, foi capaz de mandar toda aquela energia para o alto. Estava exausto, mas sentia-se forte. Como se estivesse sendo abastecido por seu cosmo.

 

- O que está acontecendo? – perguntou-se – de onde vem essa força?

 

Uma luz azulada o envolveu e foi crescendo. Da primeira abertura do palácio, Shion viu o mestre Yoni sair levitando com uma urna ao seu lado. Alguns segundos mais tarde, ambos pararam diante dele, que permanecia aumentando seu cosmo.

 

- O que está acontecendo comigo? – perguntou Shion assustado.

- Está controlando esse forte cosmo que habita aí dentro – disse o mestre Yoni.

 

Na sequência, ele fez sinal para que Shion tocasse a urna.

 

- Vá em frente – encorajou o mestre – não tenha medo...

 

Shion esticou sua mão lentamente até tocar na urna, que com o contato, brilhou e se abriu imediatamente. O jovem foi levado ao céu sem se esforçar. O objeto da armadura deixou a caixa. Era a mesma reparada pelo mestre Yoni. Ela se desprendeu e segundos mais tarde, revestiu o corpo de Shion, finalizando pelo elmo.

 

- O cavaleiro de bronze de Cinzel – disse Yoni – estamos aguardando sua chegada há muito tempo.

 

Shion estava revigorado. Sentia-se mais forte e leve, apesar de estar usando a armadura. Imaginou que fosse o deixar pesado, com peso de tolenadas, sem conseguir se mover. Fechou os punhos algumas vezes para ver como o objeto estava moldado a seu corpo. Deu um grande salto, muito mais alto do que poderia sonhar. Disparou dois golpes ao céu.

 

- É incrível! – bradou Shion enquanto voltou ao solo.

- Esta é uma armadura de bronze – explicou Daya com um sorriso – estou orgulhoso que tenha entendido e aprendido Shion.

- Me perdoe por ter demorado tanto – pediu Shion.

- Cada cavaleiro tem seu tempo – falou Daya – você entendeu a gravidade da situação. Saiba que esta armadura lhe será fiel até após sua morte, desde que seus propósitos sejam justos. Jamais poderá a usar para o próprio benefício.

- Sim, pode deixar – disse Shion acenando com a cabeça.

 

O mestre Yoni se aproximou satisfeito, com um largo sorriso.

 

- A reparei em sua frente – explicou Yoni – queria que visse sua armadura sendo revivida. Você foi escolhido pela constelação de cinzel, meu jovem. Poucos têm essa honra, mesmo entre nós lemurianos. Somos o único povo capaz de envergar essa armadura. Ela tem ferramentas, feitas para reparar as demais com facilidade. Somado ao seu cosmo e ao ensinamento que eu mesmo vou lhe dar, se tornará o melhor forjador deste mundo.

- É uma grande responsabilidade – completou Daya.

- Isso quer dizer que eu não lutarei? – indagou Shion confuso.

- Ao contrário – respondeu Daya – é por isso que estou ensinando minhas técnicas a você. Ou acha que disparei aquela lenta revolução estelar à toa?

 

Shion riu-se. O mestre Yoni indicou que deveriam entrar.

 

- Mas não é para dormir com essa armadura, viu? – provocou Nirin.

- Eu já entendi – respondeu Shion seriamente.

 

Após se despir da armadura de cinzel sentiu-se mais leve. Não pelo peso do material, mas pelo de ter finalmente se sagrado um cavaleiro de Athena. Uma nova vida começaria ao amanhecer. Exausto, Shion caiu no sono ao lado de sua urna, que brilhava intensamente, bem como sua constelação. As inundações causadas por Poseidon seguiam acontecendo. Os continentes sofriam com as fortes ondas. Territórios devastados pelo avanço do mar. Alguns dias haviam se passado desde que as tropas de Athena partiram do santuário rumo ao continente de Atlântida. Bradock de cruzeiro do sul fora encarregado de os comandar. Esse era o momento da partida para os demais cavaleiros. Foi durante a tarde ensolarada que Suikyo se levantou da mesa de madeira de sua casa.

 

- Chegou o momento – disse.

- Não! – gritou Suishou correndo para o abraçar – não nos deixe aqui, meu irmão! Vamos acabar morrendo!

- Não diga besteiras, Suishou – falou Suikyo sorrindo – não vou permitir que nada aconteça a vocês, já lhe disse.

- É uma promessa? – perguntou o pequeno com os olhos marejados, mirando os do irmão.

- Sim – confirmou Suikyo com firmeza – tem minha palavra, meu irmão. Não permitirei que nenhum mal te aconteça, custe o que custar.

 

A senhora Samara chorava intensamente, parada de pé. Suikyo abraçou forte o pequeno irmão e na sequência colocou a urna da armadura de taça nas costas. Suishou permaneceu parado, fitando o irmão partir. O cavaleiro de prata tentou se manter forte, sem chorar. Sabia que uma derrota do exército de Athena acabaria com a vida fora de Atlântida. Caminhou lentamente pelo lado de fora pensando: quantas vidas dependiam dessa vitória?

 

- Ele vai ficar bem – disse atrás de si o cavaleiro de lira, Vega.

- Sei que sim – respondeu Suikyo com um sorriso – mesmo sem estar na Terra, tenho certeza que Athena estará ao nosso lado.

- Eles estão vivendo uma utopia – falou Vega – vamos mostrar a realidade aos atlantes.

- O maior erro deles foi subestimar nosso exército – afirmou Suikyo – que nos provem que estamos errados.

 

No coliseu, mais de 30 cavaleiros das patentes de prata e bronze estavam com as urnas nas costas, aguardando a chegada de Têmis de libra. Entre eles, o jovem Beron. O cavaleiro não demorou. Trajando sua armadura sorriu satisfeito.

 

- Aguardamos muito este momento, meus amigos – disse Têmis – reunimos uma grande força. É verdade que alguns ainda não retornaram, mas tenho a esperança que cheguem a tempo para a luta.

- Senhor Têmis – falou Gigori, da constelação de Erídano – e se o santuário for atacado? Estamos todos deixando o lugar.

- O Grande Mestre não acredita que isso possa acontecer Gigori – respondeu Têmis – e além do quê, ele será o responsável pela proteção do santuário. Todos sabemos que o mestre foi um grande cavaleiro no passado. Não há com o que se preocupar. Eles querem defender sua fortaleza. O plano será repassado novamente quando chegarmos lá. Quero que me escutem bem. Nunca se viu um exército de Poseidon tão forte como este. Precisaremos de toda nossa força. Os humanos dependem de nosso sucesso. Vamos!

 

Com um grito forte, os cavaleiros se movimentaram para partir. Têmis se aproximou do jovem Beron, que ainda parecia um tanto perdido.

 

- Beron, certo? – indagou o cavaleiro de libra.

- Isso, senhor – confirmou o jovem – eu acho...

- Jaga me falou a seu respeito – explicou Têmis – ainda não se recordou nada de seu passado?

- Infelizmente não – respondeu Beron – esse pingente com meu nome e a urna da constelação de lince são os únicos registros que tenho. Mas o mais estranho é que nenhum dos outros cavaleiros me conhece. Sou um completo desconhecido.

- Isso é realmente estranho – comentou Têmis – mesmo para nós, cavaleiros de ouro, que estamos há tanto tempo por aqui. Mas é possível reconhecer seu cosmo. Será útil ao nosso lado, se assim desejar.

- Se carrego esta armadura, é porque sou um cavaleiro de Athena – falou Beron – ainda que não saiba ao certo o que representa, quero ajudar.

- Pois bem – disse Têmis sorrindo – é deste tipo de pensamento que precisamos. Vamos lá, meu jovem, temos uma guerra a vencer.

 

O grupo partiu rapidamente. Em pouco tempo estariam nos domínios do deus dos mares.

Editado por kansler_miro
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Muito bom Miro.

A forma como Shion e Dohko são construídos é bem real, apesar de eu achar que já era hora mesmo de um desfecho.

Bom o desfecho da armadura de Cinzel.

 

Vamos acompanhando.

 

Postei mais um capítulo da minha fic ontem, e ainda estou começando a postar um gaiden. Acompanhe lá!

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