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Os Cavaleiros do Zodíaco - O Expurgo dos Deuses


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Olá a todos! Meu nome é Miguel (conhecido como Migs) e faço parte de fóruns desde a época mitológica. Participei dos antigos Fóruns SSUnion, Arayashiki, Saint Seiya Dimension e etc. Nos últimos tempos tenho escrevendo meu romance autoral, mas periodicamente decidi me dedicar a retornar ao hábito de escrever fanfics e revisitar o mundo de Saint Seiya. Espero que se divirtam e agradeço desde já a atenção!

Classificação: 12 anos.

Cronologia: Pós Next Dimension.
Mini-sinopse:

 

 



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~ P
RÓLOGO ~

v Ilha de Lemnos, Grécia.

 

O mergulho já dura pelo menos vinte minutos, mas o desconforto passageiro acabou por valer a pena. Passaram-se alguns anos, mas finalmente o jovem alemão conseguiu cumprir com o primeiro de seus objetivos. O Templo secreto de Hefesto, em toda sua glória, se encontra na sua frente. Na fachada se observa facilmente a grafia grega de seu nome: Ήφαιστος”. Os dois mergulhadores adentram o templo e sobem para um dos bolsões de ar.

- Não acredito Nicklaus! Você estava certo o tempo todo! – Falou alto Pietro, enquanto segurava um longo objeto coberto por um tecido. – Estamos no verdadeiro Templo de Hefesto!

- Ainda não há o que comemorar meu amigo. A pior parte vem agora. – Alertou o amigo. – Você está bem?

- Sim, estou suportando. – Sorri.

- Excelente! Então vamos.

Os dois retomaram o mergulho e foram até a direção de uma imensa porta de pedra, mas embaixo dela existe um buraco que pode vir a ser uma rota alternativa para a antessala. “Que minhas pesquisas não me falhem agora”, pensou Nicklaus. O tempo passava e o oxigênio presente em seus tanques ia diminuindo de forma alarmante. Se não encontrassem logo o que estão procurando, deverão retornar de mãos vazias ao barco. Foram mais e mais afundo, gastando tempo precioso. Quando Pietro ia alertar seu colega de que está na hora de retornar, uma corrente acabou levando eles de maneira descontrolada por todo o labirinto, fazendo-os bater desenfreadamente em todas as inesperadas curvas daquele lugar inóspito. O objeto de valor inestimável que Pietro trazia consigo quase se perde.

Finalmente, terra firme! Os rapazes foram jogados até a antessala que tanto aguardaram ver. Tiraram o equipamento de mergulho e contemplaram com admiração aquela obra arquitetônica magnífica deixada ainda intacta pelo tempo.

- Por favor, Pietro. – Apontou para o objeto.

Após desembrulhado, o objeto se revela como o Cetro de Agamenon, comprado por uma pequena fortuna no mercado negro, quinze dias antes. Nicklaus pega o cetro com sua mão direita e o finca dentro de uma cavidade no centro da antessala, em seguida, retira uma faca de seu bolso, corta a palma de sua mão e segura o cetro novamente, enquanto o sangue escorre por ele. Nicklaus profere então as palavras, em grego:

 

EU QUE SOU DIGNO DE SUA OBRA, PEÇO LICENÇA PARA PISAR EM SUA MORADA”.

Um portal translucido se abriu, demonstrando do outro lado a parte de dentro d’aquela que é a verdadeira morada do Deus Olimpiano. No que parece um altar, há uma escultura de Hefesto sentado, com suas ferramentas em riste.

- Eu vou entrar agora. – Fita Pietro com genuína face de preocupação. – Tem certeza que você também quer fazer isso?

- Sim. – Respondeu sem muita confiança, mas respira profundamente, como se quisesse encontrar aquela motivação que deu início a toda a jornada. – Sim! Tenho certeza!

- Obrigado por tudo! – Respondeu, com garganta embargada pela emoção.

Nicklaus atravessa o portal e olha ao redor deslumbrado, como se não pudesse acreditar estar pisando no Monte Olimpo, o local da morada sagrada dos senhores do mundo. Ao olhar de volta para o portal pelo qual entrou, está Pietro, criando coragem para repetir o mesmo caminho. Nicklaus estende a mão, convidando seu amigo de anos para acompanhá-lo. Após uma hesitação inicial, ele dá o primeiro passo, o segundo, o terceiro, até desaparecer ao tentar atravessar, apagado da existência por não ser aquele autorizado para cruzar a ponte. Aquilo faz os olhos de Nicklaus lacrimejarem.

- Lhe prometo que sua morte não será em vão, meu amigo.

“Os Deuses esperariam que Atena tivesse a audácia de invadir a Casa de Hefesto no Olimpo, mas não um mortal. Um ser com contagem finita de dias que tivesse a disposição e a malícia para passar por debaixo dos panos e forjar o começo de Sua queda”. O Jardim Elísios é proibido para mortais, mas o Olimpo não, ele não tem o menor problema com mortais, afinal, os deuses o utilizam como forma de impressionar aqueles mais ingênuos. Um Deus apenas tem essa alcunha se existir alguém que o adore, e esta é uma das funções da opulenta morada. Não demorou mais que duas horas para Nicklaus encontrar aquilo com o que constatou ser possível encontrar, e não apenas um sonho. Nos textos antigos existe um elemento que sempre considerou um objeto, por se tratar de uma “arma” segundo os escritos, mas esta não precisa ser tangível. Debaixo do túmulo de Filofrósine estão as palavras que fariam os deuses ficarem de joelhos.

- Finalmente a nova era pode começar. A Era em que os humanos não precisarão mais estar sob a vontade volátil dos deuses. A Era em que apenas nós tomaremos conta do nosso destino e do nosso mundo. Essa é minha vingança, por tudo o que você fez a mim e aos outros órfãos passarem, Mitsumasa e Saori Kido. Por tudo o que vocês fizeram os humanos passarem, Hades e Poseidon.

Ao encontrar os escritos encravados como epitáfio daquele local sagrado, as palavras que vieram em sua mente não podiam ser outras:


- “Deus está morto”!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://podcasts.esquadraoaleatorio.com.br/vitrines/CdZExpurgo.jpg

 

 

 

 

Por Miguel Augusto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conteúdo sem fins lucrativos. Obra original de Masami Kurumada©, Shueisha Inc., Toei Company LTDA,

todos os direitos reservados. Este é um romance não oficial, feito de fã para fã.

~ CAPÍTULO I ~

v Tóquio, Japão

Um jovem toca flauta no metrô. Sua melodia ecoa com graça por todo local, hipnotizando os transeuntes e enchendo-os de felicidade e melancolia ao mesmo tempo. As pessoas colocam trocados na case em que transporta seu instrumento. Embora não precise daquela ajuda, nos últimos dias quando chega a hora de se retirar, ele entrega o que coletou para um garotinho que perambula pelas ruas ao redor da estação.

“Hoje faz dois anos”, pensou. Provavelmente é o único no mundo que sabe com clareza o porquê desta data ser tão relevante. O dia em que os deuses foram expulsos de sua própria Criação.

- Muito bonita a sua música! – Elogiou aquele que sempre aparece naquele horário, mas que o músico desta vez não notou chegar. Um rapaz de cabelos verdes e sorriso gentil. Depois de alguns instantes, encerra sua melodia de forma decrescente e triste.

- Obrigado. – Retribuiu o sorriso.

- Sempre passo aqui, mas nunca lhe contei como acho essa música familiar. Tenho a estranha sensação de tê-la escutado antes.

- A música é de minha autoria. Realmente acho difícil que você a tenha escutado através de outra pessoa. – O músico coloca seu instrumento na case, que por sua vez a guarda dentro da bolsa.

- Desculpe, eu não quis lhe ofender, moço. Não precisa ir por minha causa.

- Não se preocupe, já cumpri meu objetivo aqui. – Assegurou, em tom de voz sereno. – Creio que nunca fomos apresentados.

- É verdade! – O rapaz estende a mão com entusiasmo. – Meu nome é Shun!

- O meu é Sorento. Prazer em conhecê-lo! – Após falar, o estômago de Sorento roncou forte. Ele coloca a mão na barriga como se apenas agora tivesse notado a própria fome. – Shun, você conhece algum local com boa comida por aqui? Sou estrangeiro e não conheço muito a cidade.

- Pode deixar, eu também estava indo jantar. Você pode vir se quiser.

- Tem certeza? Não quero ser um incômodo.

- Nenhum! Vamos, venha.

Os dois seguiram para a saída da estação. Por mais que Sorento investigasse a mente do cavaleiro de Andrômeda, ele não tinha a menor recordação de nada de sua época como guerreiro, como se isto nunca tivesse acontecido. Para ele, nos últimos anos tem vivido uma vida pacífica como um vendedor de flores na loja de um velho floricultor que vive perto de sua casa. Uma vida tão pacata que faz o General Marina se questionar se o que planeja fazer é o correto, mas sabe que essa paz não passa de uma ilusão, que aos poucos está desmoronando em todo o mundo.

No meio do trajeto, após cruzar uma avenida em obras que havia sido destruída por um terremoto recentemente, eles passam pelo meio de um grande parque na capital japonesa, cheio de verde e com belas árvores cerejeiras. Sorento para de andar e deixa Shun dar alguns passos à sua frente, que ao perceber, vira-se para ele.

- O que houve?

- Andrômeda, você realmente não se lembra do que ocorreu há exatos dois anos atrás? – Fita Shun com seriedade.

- Do que está falando, Sorento? – Responde, genuinamente confuso.

- Nós já nos conhecemos antes. Eu sou Sorento de Sirene, Protetor do Pilar do Oceano Atlântico Sul, General Marina do Senhor Poseidon. – Revelou-se de maneira imponente. – E você é Shun de Andrômeda, um Cavaleiro de Atena.

Aquela atitude, o porte do homem que se intitula um “General Marina” impressiona muito Shun e traz certa sensação de familiaridade, mas nenhuma lembrança.

- Desculpe-me então, Andrômeda, mas não me resta alternativa.

Sorento retira sua flauta e começa a tocar lentamente, o que apenas deixa Shun intrigado, no entanto, algo estranho começa a acontecer: uma dor dilacerante começa a tomar conta da cabeça do desmemoriado Cavaleiro de Atena, que tenta tampar os ouvidos para cessar a dor, mas a música parece ir diretamente ao seu cérebro.

- O que é isso Sorento?? O que está acontecendo comigo?? – Ajoelha-se no chão e se contorce de dor, mas não recebe nenhuma resposta. A sensação é que sua cabeça vai explodir a qualquer momento.

Um barulho de uma ave parece rasgar o céu. “Deu certo”, pensou. O General Marina sabe muito bem de quem se trata e para de tocar, fazendo sua flauta girar 360 graus no ar e criar uma proteção para a investida cheia de fogo e fúria que veio em seguida e o atinge em cheio. A proteção segura o golpe, mas ele é arrastado vários metros para trás. Ao olhar com atenção, percebeu um homem de roupas civis e cabelo azul colocando-se na frente de Andrômeda.

- Ikki! – Comemorou. – Como você veio parar aqui, irmão?!

- Você está bem, Shun? – Perguntou Ikki, preocupado.

- Sim, estou!

Fênix olha para frente e fita com firmeza o agressor de seu irmão mais novo.

- O que você está fazendo aqui, Sorento?

- Então você se lembra? – Perguntou, sem parecer surpreendido. – Eu sabia que se existia alguém que não seria afetada por aquele truque, seria você. Aquele que domina a ilusão máxima através do Golpe Fantasma de Fênix.

- Não temos nada do que tratar aqui. Nunca mais volte a cruzar nosso caminho. – Ikki o encara com veemência. – Vá embora.

Fênix ajuda seu irmão a levantar e os dois caminham devagar para longe. A última chance de conseguir contornar aquela situação estava escapando por entre os dedos do General Marina, que sabe não ser possível reverter a mente de Ikki utilizando apenas a força. Se for para estabelecer alguma base de confiança, a iniciativa tem que partir de Sorento.

- Senhor Julian Solo está morto. – Confessa, sentindo uma dor no peito apenas por ter que dizer isso em voz alta.

Ikki para de caminhar com Shun, mas fica em silêncio, esperando escutar mais.

- Quando um daqueles sujeitos veio, nós estávamos refugiados no Templo de Poseidon nos Sete Pilares. Senhor Julian pediu para que eu me recolhesse no Pilar Central para ser salvo, eu recusei, implorei, mas suas ordens foram claras. Ele falava como se soubesse que sua derrota era iminente. – Sorento segura forte sua flauta, revivendo aquele momento terrível. – Foi a maior humilhação que já passei. Tive que ficar quieto e escutar meu suserano se digladiar para sobreviver, o que por si só simbolizou minha inutilidade como seu guardião. – Seus olhos começam a ficar marejados. – Primeiro veio o frio, depois o silêncio. Como ele me ordenou, esperei dois dias antes de sair do Pilar Central, foi quando eu o vi. Senhor Julian Solo, o último de sua linhagem, congelado junto de sua Escama, além de todo o reino marítimo. – As lágrimas começam a escorrer no rosto de Sorento. – Assim que toquei a esquife, esperando sentir algum palpitar de vida, o gelo se partiu em milhões de pedaços.

- Eu... – Fala Ikki, um pouco desajeitado. – Eu sinto muito. Mas não há nada que eu possa fazer. Apenas nos deixe viver nossas vidas em paz.

- Espere Ikki! – Protestou Shun, rejeitando o apoio para de ficar de pé oferecido pelo irmão. – Claramente está acontecendo alguma coisa aqui que não estou conseguindo entender, mas você sim.

- Shun?

- Eu preciso que você me diga a verdade!

Ikki olha para seu irmão, tão confuso, e se pergunta se realmente não seria esta a hora de revelar a verdade, ou seria melhor deixa-lo na paz da ignorância. “Prometi a mim mesmo que se a hora chegasse, deixaria a decisão para ele, não posso recuar agora”, pensa Ikki.

- Está bem. – O cavaleiro de Fênix toma fôlego, pois a explicação é extensa. – Nós somos cavaleiros de Athena. Eu, você, Shiryu, Seiya e Hyoga.

- Por que não lembro nenhum desses nomes?

- Porque todos aqueles que possuem seu cosmo despertado no mundo tiveram suas memórias alteradas por uma ilusão, para esquecerem que um dia foram cavaleiros, que podiam queimar o Cosmo dentro de si. Aqueles monstros vieram para caçar todos os deuses e trancafiá-los, sem possibilidade de escapatória. Diziam querer eliminar o mundo da ameaça divina.

- Ameaça divina? Pensei que os deuses existissem para nos proteger.

- Alguns sim. – Ikki olha para Sorento com julgamento. – Outros não.

Sorento se aproxima calmamente. Ele fala:

- Você pode poupar seu trabalho se fizer o que pode fazer, Fênix.

- Não... não posso.

- É a única maneira do Andrômeda recuperar a memória.

- Eu posso mata-lo.

- Ele é um dos milagrosos Cavaleiros de Athena. Vocês derrotaram inúmeros deuses, incluindo Poseidon e Hades. Tenha um pouco mais de fé em seu irmão.

- O que o Sorento quer dizer, Ikki?

A Fênix fica em silêncio. Sabe que o Marina está falando a verdade, mas não queria acabar com a rotina pacata e feliz que seu irmão conseguiu. “Não importa, essa decisão tem que ser do Shun”, pensou. Com um aceno de cabeça do Ikki, Sorento soube o que fazer. Ele se direcionou até Andrômeda e o segurou por trás, impossibilitando-o de correr se quisesse.

- Não tenha medo, Shun. – Disse seu irmão. – Confie em mim.

E como um passe de mágica, as dúvidas de Shun se esvaíram e decidiu simplesmente aceitar aquilo que sempre aceitou: seu irmão iria protege-lo. Ikki tomou sua posição, concentrou um pouco de seu infinito cosmo e disparou:

~ GOLPE FANTASMA DE FÊNIX ~

 

Tudo veio a mente de Shun.

- Muito bem Seiya! Consigo escutar o coração do Shiryu batendo em alto e bom som!

- Eu posso aquecer o Hyoga com o calor do meu cosmo!

- Por que os cavaleiros de ouro querem continuar com esta luta sem sentido?!

- Eu sou Shun de Andrômeda, eu vim do futuro!

- Eu lembro... eu lembro de tudo... – Dito isso, o Cavaleiro de Andrômeda desmaiou.

Sorento o apara em seus braços e o coloca gentilmente na grama do parque.

- Deve demorar algum tempo para ele acordar. É bom que finalmente possamos conversar Fênix. – Fita-o com o mesmo olhar de julgamento que lhe foi direcionado antes. – Por que decidiu manter esta mentira? Que nada aconteceu? Você sabe que sua Deusa Atena também está exilada.

- Eles prometeram deixar a humanidade em paz. Nada de ameaças dos deuses, de batalhas sem sentido porque sempre tentam nos dizimar. Nada de inocentes sendo massacrados feito peões em jogos que nunca puderam jogar. Um mundo em que meus amigos poderiam viver vidas normais.

- Você ainda não percebeu que o mundo está se desfazendo? Que de fato não estamos livres dos deuses, apenas estamos sob a tutela de novos?

- Não vejo muita diferença de como era antes. Apenas que agora não precisamos lutar.

- Eu sei que você é cabeça dura, Fênix. Mas deve estar sabendo que “Eles” estão interferindo nas decisões globais. Que as catástrofes naturais acontecem em maior escala dia após dia. Os Deuses não percebiam que não podem existir sem a humanidade, mas nós temos que perceber que também não podemos existir sem eles. É o equilíbrio da Criação que está em jogo. Só porque “Eles” dizem que nos deixarão em paz, que querem nos proteger, não significa que mortais não estejam morrendo dia após dia por causa deles.

- Você só está tentando salvar Poseidon.

- E VOCÊ deveria estar tentando salvar ATENA! – Gritou Sorento.

Ikki sente que deveria estar irritado com esta presunção do General Marina, mas ele falou exatamente o que Seiya falaria e isso lhe atinge.

Sorento crê que conseguiu penetrar a camada de teimosia do Cavaleiro de Atena, então decide lhe revelar a verdadeira razão de estar ali.

- Dentro de três dias perderemos de vez a chance de resgatar nossos deuses. O selo que impede seu retorno terá efeito definitivo no próximo eclipse solar, e com isso se esvairá toda a esperança de um futuro para a humanidade. Eu irei fazer minha parte e lutar por Poseidon. Sugiro que faça o mesmo por Atena. - Sorento se vira e começa a se distanciar do Fênix. –Te vejo no Santuário.

- Então temos que fazer um novo milagre? – Ikki ri. – Derrotar os Doze Cavaleiros de Ouro?

- Não apenas isso. São os Doze Cavaleiros de Ouro Originais.

E os dois se despedem em silêncio.

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~ CAPÍTULO II ~

v Cinco Picos Antigos, Rozan, China.

 

 

Após um longo dia na lavoura, o homem senta-se na pedra em frente à cachoeira para fazer sua meditação diária. Muitas preocupações rondam a cabeça de Shiryu, enquanto ele tenta encontrar um raro momento de paz interior. Seus pensamentos sempre vão para Shoryu, seu filho adotivo de apenas dois anos, que tem sofrido problemas respiratórios severos e não consegue dormir. Além disso, seu filho recém-nascido, Ryuho, precisa de uma vitamina especial que custa muito dinheiro, mas a safra de arroz foi escassa este ano devido à seca. “Se continuar assim, vou ter que vender em breve parte do terreno”, lamenta-se. Falhando mais uma vez em conseguir meditar, Shiryu se dá por vencido e decide retornar para casa, mas alguém aparenta estar em seu caminho.

- Eu lamento Shiryu. – Revela o homem de aspecto severo e cabelo azul.

- Mas quem é voc...

~ GOLPE FANTASMA DE FÊNIX ~

 

Assim como Shun, as memórias foram retornando para o Dragão.

- Do que está falando, Mestre Ancião? Um ponto Fraco?

- Você deveria saber Shura! É tudo por Atena!

- Ataquem todos de uma vez, nesse momento, eu lhes mostrarei a técnica suprema do Dragão!

- Então o senhor acredita em mim, Mestre Ancião?!

- I... Ikki? – Cai inconsciente depois.

Shiryu ficou desacordado por cerca de meia hora, tempo em que sua mente começou a reajustar as memórias antigas em uma mente que estava sendo compelida a bloqueá-las. Quando acordou, Ikki lhe deu um cantil com água e sugeriu que bebesse bastante. Assim o fez.

- O que você está fazendo aqui?

- Nós temos pouco tempo, Shiryu. Em dois dias o selo que aprisionou Atena e os outros deuses em sua própria dimensão, terá efeito definitivo.

O Dragão fica alarmado com a notícia. Suas memórias de logo antes da amnésia são turvas e confusas. Lembra-se de estar no Santuário e um homem, de aparência gentil, parece tentar convencê-lo de algo.

- A Saori, ela..?

- Eles pouparam a Saori, mas lhe arrancaram a divindade de Atena à força. Cerca de um ano atrás eu a vi no Japão, comandando a Fundação Graad como se nada tivesse acontecido. – Ikki ri. – Quando me viu no outro lado da rua, deu aquele mesmo olhar esnobe de garotinha mimada que eu até havia esquecido.

- Então temos que ir para o Santuário. – Shiryu ergue-se com o velho ímpeto depois do chamado para o combate, mas ao ficar de pé, lembra-se daquilo que é seu principal dever. - Shunrei! Meus filhos... não posso simplesmente abandoná-los, Ikki. Eles precisam de mim aqui.

- Eu sei disso. – Fênix olha para trás, na direção de um senhor careca, vestido elegantemente em um terno com risca de giz, que se aproxima dos cavaleiros. – Por sorte, tem alguém que não se esqueceu da gente na Fundação Graad.

Shiryu abre um sincero sorriso ao ver aquele homem, coisa que seria impensável até anos atrás, quando era criança, mas muita coisa aconteceu nesse tempo para cá.

- Tatsumi!

- Olá Shiryu! – Retribui o sorriso com a mesma sinceridade. – Você não achou que deixaríamos sua família na mão, não é mesmo? Tem um helicóptero esperando, vamos levar Shunrei e os meninos para o Japão, para que possam ser bem tratados com os melhores médicos. Vamos deixar também alguém competente aqui para cuidar de sua lavoura.

- Não sei como agradecer, Tatsumi. – Shiryu coloca a mão no braço do senhor. – Nunca vou me esquecer.

- É o mínimo que posso fazer, Shiryu, depois de tudo que a Fundação e eu fizemos vocês passarem.

Os três seguiram no caminho para a casa de Shiryu, que orgulhosamente falou tudo sobre seus filhos de forma minuciosamente excruciante para Ikki, que não é a melhor pessoa para se conversar sobre este tipo de coisa, mas ele consegue resistir em reclamar, pois Shiryu – pelo visto – não teve muitas oportunidades de conversar sobre as crianças com pessoas próximas, além de Shunrei. Já Tatsumi, no entanto, abre sua carteira e mostra uma infinidade de fotos de seu neto recém-nascido. Pela careta de surpresa dos cavaleiros de bronze, eles não sabiam nem que ele era pai.

Ao abrir a porta de sua casa, Shiryu se depara com uma desagradável surpresa. Um homem alto e de cabelos negros carrega Shoryu em seus braços, dormindo tranquilamente. A face daquele sujeito atinge sua mente quase tão forte quanto o Golpe Fantasma. Ikki também reconhece o homem e se coloca em alerta no lado oposto da sala. Shunrei então emerge de um dos cômodos e vai à direção de Shiryu.

- Ainda bem que você voltou. Este homem gentil veio aqui e disse ser um amigo seu de longa data. Shoryu não parava de torci, mas só foi seu amigo colocar ele nos braços que a crise passou como num passe de mágica. – Shunrei sorri, alheia ao perigo que entrou em sua casa.

Os atenienses ficam surpreendidos por não terem sentido o cosmo do Cavaleiro de Ouro, e mesmo agora que estão frente a frente, o homem não aparenta emanar ameaça alguma, pelo contrário, agora podem sentir um cosmo pacífico e cheio de amor, muito similar ao da própria Atena, e seu semblante sem agressividade lembra o Shun.

- Não se preocupem Dragão e Fênix. Vim em paz.

- Por que veio até aqui, Ékthesi? - Pergunta Ikki, sem dar muito crédito a afirmação.

- Mas Shiryu, quem é este sujeito? – Pergunta Tatsumi, sem entender.

- Ele é um Cavaleiro de Ouro Original. Um dos doze filhos de Atena, pertencente à quarta geração de deuses gregos, perdida e esquecida graças aos deuses olimpianos. Seu nome é Ékthesi de Libra.

 

 

v Atenas, Grécia.

 

Um rapaz caminha com uma bolsa nas costas, carregando apenas alguns poucos objetos pessoais. Fica admirado com o tamanho da beleza daquele mar cristalino, combinado com o magnífico jardim onde está, enfeitado pelas folhas que caem pelo Outono.

- Posso ajudar? – Pergunta a doce voz de uma moça, logo atrás.

Apenas então percebe que está na propriedade de alguém. Olha para a moça que está na varanda de sua casa de veraneio e se justifica.

- Ah, me desculpe! É tão bonito por aqui. Me lembra alguma coisa... mesmo achando que nunca estive aqui antes. – Ele olha novamente para o mar. – A luz das ondas me faz tão bem.

- Está tudo bem! Não há ninguém aqui além de mim. – Responde a moça.

- Obrigado. Agora me perdoe, mas tenho que ir. Estou procurando por alguém. – Sorri.

- Certo. – Retribui o sorriso. – Espero que encontre a pessoa que está procurando.

Os dois se despedem e Seiya continua sua caminhada, ainda deslumbrado pela visão do local. Ao olhar para a frente, no entanto, repara em algo inusitado. Parece ser uma grande taça de prata, cheia de água. Olha para os lados, confuso, pois parece que alguém esqueceu aquele objeto ali. Ao se aproximar, no momento em que iria ver seu reflexo na água contida na taça, alguém empurra sua cabeça para lá e o segura. O rapaz começa a se debater, se afogando, engolindo muita água, então é puxado para trás e jogado no chão.

- Por favor, não morra Shiryu!

- Cicatrizes são verdadeiras medalhas da coragem!

- Naquele momento eu tive uma impressão... como se os doze cavaleiros de ouro sorrissem.

- Como você pode se chamar de Deus sem sentir amor pela humanidade? Se ser Deus é isso então eu não preciso de vocês!!

- Quem? O que... que está acontecendo? – Se revira Seiya, tentando compreender o que se sucede.

- Você apenas voltou a ser quem era, Pégaso. – Diz o homem responsável por devolver as memórias do Cavaleiro de Atena.

Seiya não parece reconhecer o sujeito, mas sua armadura é prova suficiente de que não é um aliado. “Uma surplice”! Só pode ser um espectro de Hades.

- O que você quer?! – Pergunta Seiya, já em pé e em posição de combate.

- Não estou aqui para mata-lo, se é isso que deseja saber. – Responde, sem passar muita confiança para o Pégaso. – Sou um dos Três Juízes do Submundo, mas também já fui um Cavaleiro de Atena. – Ele retira o elmo. – Sou Suikyo de Garuda, a Estrela Celeste do Heroísmo.

 

 

v Cinco Picos Antigos, Rozan, China.

 

Ékthesi aparentemente ficou a vontade na residência de Shiryu. Seu cosmo pacífico conseguiu transmitir confiança tanto para Shunrei, quanto para Shoryu, que ainda dorme o sono dos justos. Tatsumi fez o que seu instinto mandou e correu para longe.

- Por favor, deixe meu filho em paz, Ékthesi. Vamos resolver isso em outro lugar.

- Irei embora assim que você me escutar, Dragão. Você também, Fênix.

- Fale de uma vez. – Intimou Ikki.

- A esta altura os dois recuperaram a memória. O General Marina finalmente encontrou você, Ikki, que é a chave para trazer de volta os milagrosos cavaleiros de bronze de Atena.

- Como você sabe?

- Ele conseguiu passar incógnito nesses dois anos, pois fez questão de não utilizar o próprio cosmo. Viveu como uma pessoa comum, procurando por você. Assim que ele encontrou Shun, percebeu que era a chance que estava esperando e decidiu usar seu cosmo para atraí-lo.

- Então se ele não tivesse passado incógnito, vocês o teriam matado. – Supôs Shiryu.

- Jamais. Meus irmãos e eu sabíamos que uma hora vocês recuperariam a memória, pelo menos até o selo que nos separa dos velhos deuses seja permanente. Agora que vocês sabem a verdade, estou aqui para convencê-los de que não há razão para irem até o Santuário.

- Não me venham com essa conversa fiada. – Se irrita Ikki. – Vocês vêm interferindo até mesmo em decisões de países. Terremotos, maremotos, tsunamis, doenças, tudo vem acontecendo em intensidade cada vez maior. O equilíbrio das coisas está comprometido.

- Com todo o respeito, Fênix. – O primeiro dourado de Libra o olha serenamente. – Eu entendo um pouco mais sobre o equilíbrio das coisas. – Ele se aproxima de Shunrei e lhe entrega o adormecido Shoryu. – Após o selo ser definitivo, o mundo voltará a se estabilizar, sem a necessidade dos deuses.

- Como podemos confiar em vocês? – Pergunta Shiryu. – Exilaram a própria Mãe em um outro plano.

- Dragão, nós fomos criados graças ao amor de nossa Mãe com o intuito de proteger todos os seres humanos. Este é o propósito de nossa existência, no entanto, Atena não foi criada assim. Assistimos impassíveis, trancafiados dentro de nossas armaduras, o mundo se desfazendo, pois Atena não tinha os meios de proteger a humanidade. Emprestamos nosso cosmo para valiosos cavaleiros de ouro, que lutaram com bravura e honra, apenas para perderem suas vidas em vão, em um ciclo de Guerras Santas que jamais tem fim. – Ékthesi tem o olhar triste, pesaroso. – Não nos agrada exilar nossa Mãe, mas ela não tem lugar neste Novo Mundo que estamos criando para os humanos. Ela pertence junto aos deuses olimpianos, no Monte Olimpo. – Ele fita Shiryu. – Dohko foi um dos homens mais brilhantes e valiosos que já vestiram minha armadura, eu entendia sua mente como se fosse a minha própria, tenho certeza que ele teria a sapiência para compreender que o que digo é verdade. Espero que você também tenha, Shiryu.

Ékthesi desaparece logo em seguida, não deixando nenhum rastro. Shiryu fica confuso com a explicação do Cavaleiro de Libra. Ele olha para Ikki.

- O que você acha?

- À exceção do Shun... – Ikki cruza os braços, refletindo sobre como todo aquele papo pacifista do filho de Atena não passou de uma ameaça velada. – ...não confio em ninguém tão bonzinho assim.

 

 

v Atenas, Grécia.

 

- Então você foi o mestre do antigo cavaleiro de Pégaso? – Seiya se surpreende. – Agora que penso a respeito, lembro que o Shun comentou algo sobre você. Mas não morreu há mais de duzentos anos?

- Antes de ser retirado a força do Campos Elísios, Hades enviou uma pequena fração de seu cosmo para o tridente de Pandora, no intuito que ela ressuscitasse um de seus Espectros e este liderasse uma nova tropa. Só que o General Marina, Sorento de Sirene, descobriu que o selo que trancafia os deuses em outro plano iria se tornar definitivo. Ele nos alertou e não nos deixou muita escolha. A única alternativa para Hades é que unamos forças para derrotar estes tais Cavaleiros de Ouro Originais.

- Mas porque Pandora ressuscitou alguém que já foi um Cavaleiro de Atena?

- Os espectros são fiéis, mas nem sempre confiáveis. Ao me ressuscitar, Pandora garante que se eu não completar meu objetivo em nome de Hades. – Fita Seiya com determinação. – Com certeza completaria em nome de Atena.

- Entendo. – Seiya olha para trás, na direção da casa de veraneio.

- A mortal que encarnou Atena não precisa ficar a par de nada disso. – Sugeriu.

Uma voz rompe a conversa entre os dois cavaleiros, ao passo que um cosmo colossal toma conta de todo o ambiente.

- A questão não é essa, Suikyo. – Diz a voz feminina. – O Cavaleiro de Pégaso nutre um sentimento muito forte por Saori Kido. A questão é se agora, sabendo que ela está a salvo em sua luxuosa casa, ele terá a mesma motivação para lutar “apenas” pela Deusa Atena? – A moça de longos cabelos marrons, rosto afilado e vestindo uma túnica branca e dourada, se revela.

- Quem é você?! – Pergunta Seiya.

- Meu nome é Igétis. – Ela sorri calorosamente. - Sou a Amazona Original de Sagitário. Que bom que finalmente posso falar com você, Pégaso!

 

 

 

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Muito bom!

 

Gostei da introdução dos cavaleiros/amazonas originais.

A união de três exércitos contra os dourados promete.

 

O unica sugestão refere-se aos diálogos. Me perdi um pouco nas falas de ikki e sorrento e ikki, shiryu e o libriano.

 

E vamos acompanhando.

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~ CAPÍTULO III ~

v Atenas, Grécia.

 

- Você... se parece com... – Seiya tem semblante perplexo.

- Com sua irmã Seika? – Supõe a deusa. – Sempre achei que nós fossemos bastante parecidas, embora eu prefira o cabelo comprido. – Sorri. – Talvez seja de família.

- Seiya, afaste-se dela! – Grita Suikyo. – Sem sua armadura ela pode esmaga-lo até mesmo com um olhar!

- Ora, por que eu faria isso? – Igétis aparenta ofendida com a insinuação. – O Cavaleiro de Pégaso é o meu mortal preferido. Desde a época da Guerra Galáctica eu observo seus feitos. Foi uma honra lhe enviar minha armadura em diversas oportunidades.

- Foi você que me enviou a armadura de Sagitário?!

- Bom, não sozinha. – Confessa. – Selada dentro da armadura não havia muito que eu pudesse fazer, para isso precisei da ajuda dos meus sucessores. Principalmente de Aioros.

- Espere. – Pondera Suikyo. – O que você está fazendo aqui, se não para nos atacar?

- Alguns nós, dos Doze Originais, percebemos que a convergência das coisas está caminhando para que tenhamos que impedir o avanço de nossos próprios sucessores. – Ela olha para Seiya, entristecida. – Não conseguimos imaginar nada pior que ter de enfrentar não apenas mortais, a quem devemos proteger, mas aqueles que escolhemos para honrar nossas constelações em nosso lugar.

- Então não lute! Nos deixe passar, Igétis! – Sugere Seiya.

- Mesmo que eu quisesse, eu não posso deixar ninguém passar pela Casa de Sagitário, tanto quanto não posso impedir o sol de nascer. Quando protejo minha casa, protejo os humanos, e esta é a razão da minha criação. Assim como eu, meus irmãos também não irão deixar ninguém avançar. – Igétis pega nas mãos de Seiya e suplica, com os olhos cheios de lágrimas. – Por favor, acredite em mim que o que estamos fazendo é o melhor para a humanidade. Um mundo livre de Hades, Poseidon, Artêmis, Apolo, Zeus! De Todos que querem acabar com tudo!

O apelo da deusa chega a balançar o coração de Seiya, mas muito mais pela sua incrível semelhança com sua irmã. Mesmo considerando todas as promessas dos Originais, não é possível para o cavaleiro concordar com estes termos.

- Um mundo sem Atena. – Ele completa a lista proferida pela Amazona de Sagitário. – É um mundo em que não há justiça. Não posso aceitar isso, Igétis.

Ela enxuga as próprias lágrimas.

- Entendo, Seiya. – Ela se vira e começa a caminhar na direção do Santuário. – Então espero que você chegue até Sagitário. Será uma honra lhe enfrentar.

Igétis desaparece, assim como seu cosmo esmagador.

v 100 km ao Norte de Yakutski, Sibéria, Rússia.

 

Finalmente estão chegando ao fim os últimos reparos na casa da Sra. Sokolova, uma adorável velhinha que acolheu em seu lar o Jacob nos últimos anos. No momento ele está estudando na cidade de Yakutski, o que deixa Hyoga bastante orgulhoso. A casa dela foi destruída devido ao último temporal, que arrasou não apenas sua residência, mas de várias outras famílias nas redondezas.

- Pronto, Sra. Sokolova. Agora a senhora já pode se mudar de volta. – Hyoga coloca seu casaco de volta na saída. – Mas agora tenho que ir.

- Não quer um pouco de chá, meu filho?

- Eu... – Um barulho de corvo rasga o vento e chama sua atenção. – Não, obrigado. Realmente tenho que ir. Se houver algum problema, já sabe onde me procurar.

- Tudo bem. Vá e cuidado, tem muito lobo por aqui ultimamente.

- Pode deixar. – Sorri. – Até mais!

Andando na direção de sua casa afastada do vilarejo, Hyoga percebe, mesmo através da nevasca, dois corvos pairando pelo ar e trocando de posições. Depois tem a impressão de estar sendo perseguido e vira-se, mas não encontra ninguém.

- Quem está aí? – Pergunta, sem ter resposta.

Ao voltar sua atenção para frente, os dois corvos estão logo adiante, no chão, como se o estivessem aguardando. “O que está acontecendo”? Então as duas aves começam a emitir um brilho azul intenso. O primeiro pensamento que vem à mente de Hyoga é correr, mas seu corpo se move à sua revelia, ficando instintivamente em posição de combate. Longe dali, uma voz grita:

- Hugin! Munin! Agora!!

Um dos corvos sobrevoa e fica do lado oposto de Hyoga, então as duas criaturas o atingem com uma rajada de cosmo, como se o prendessem dentro de um vórtex.

- No lugar onde recebi meu treinamento para me tornar Cavaleiro, entre o mar do norte e o ártico, a neve cai em forma de cristais de gelo…

- Houve um tempo em que eu amaldiçoei o meu destino, mas agora eu agradeço a Deus por Ele me deixar viver ao mesmo tempo em que meus amigos.

- Quando acreditamos num sonho e lutamos por ele, este se torna realidade. Mas para isso você precisa de muita coragem!

Hyoga sente uma enorme dor de cabeça e cai inconsciente. Algum tempo depois começou a acordar e reparou que estava na própria cama, em sua cabana isolada. Olhando para o outro lado reparou em um homem de sobretudo preto e longos cabelos verdes, sentado em sua cadeira, contemplando as brasas da lareira.

- Quem... está aí?

- Nunca nos conhecemos antes, Cisne, mas sou um velho conhecido dos seus amigos Shun e Ikki. Você já lembra deles, não é mesmo?

- S... sim... o que está acontecendo? Me diga quem é você!

- Me chamo Bado. Lutei contra vocês, Cavaleiros de Atena na batalha de Asgard, quando minha antiga suserana, Hilda de Polaris, estava possuída pelo Anel de Nibelungo.

- Shun já me falou sobre você. – Hyoga se senta. – Pensei que todos os Guerreiros Deuses tivessem morrido. Não me diga que veio atrás de vingança pelos seus companheiros?

- Se este fosse o caso, você já estaria morto.

Bado se levanta e apaga o fogo que estava esquentando o café. Sentindo-se em casa, ele separa duas xícaras e coloca a bebida nelas, entregando uma para Hyoga.

- Quais são suas últimas lembranças, Cisne?

- Eu lembro que estava no Santuário com meus amigos quando Eles apareceram. Depois fizeram algo com a Saori... – “A SAORI”!

- Ela está bem, mas não sei se continuará assim por muito tempo.

- Do que está falando?

- Segundo o que a Senhorita Hilda me disse, a mulher que você chama de Saori nasceu como Atena neste mundo, não é mera hospedeira da Deusa. Hilda crê que quanto mais tempo ela ficar separada de Atena, mais perigoso será para a mortal.

- Então eu tenho que ir! – Hyoga se ergue de pronto, então olha curioso para Bado. – Mas por que você está aqui?

- Os Cavaleiros de Ouro não exilaram apenas os seus deuses gregos, mas também Odin e toda divindade que reinava sobre a Terra. Quando a onda que apagou a memória de todos os que queimam o cosmo atingiu todo o planeta, Hilda e Lífia foram salvas graças a proteção de Hugin e Munin, os corvos mitológicos do pensamento e da memória, que tomam forma do elmo da Senhorita Hilda.

Hyoga se lembra do elmo negro da antiga regente de Asgard, que tinha asas em suas laterais. Bado prossegue:

- Os novos Guerreiros Deuses tem que proteger Lífia e Asgard nestes tempos turbulentos, então Hilda teve a ideia de procurar alguém de uma outra época. – Bado olha compenetrado para a fogueira. – Eu havia abdicado tudo depois da morte do meu irmão Shido. Procurei viver em paz em um pequeno vilarejo nos arredores de Asgard, ajudando pessoas comuns a sobreviver no tempo gelado. – Ele ergue a xícara na direção de Hyoga. – Não diferente de você.

- Então ela lhe procurou. Não deve ter sido fácil.

- Sim. Ainda mais depois que também fui afetado pela amnésia. Assim que Hugin e Munin recuperaram minha memória, Shido me veio à mente, junto de toda a dor.

- Mas onde estão estes corvos agora?

- Aqui. – Bado mostra um anel negro com inscrições douradas em seu dedo. – Eles tomaram essa forma graças a Lífia. – Voltou o olhar para a fogueira. - Depois que Hilda foi me procurar, disse que eu poderia redimir não apenas Shido, mas toda Asgard por tudo o que aconteceu antes. – Ele olha seriamente para Hyoga. – Que posso lutar em nome do meu irmão e dos meus companheiros mortos para salvar Odin, atravessando as doze casas do Santuário.

- Então não temos tempo a perder! – Hyoga estende sua mão para o Guerreiro Deus. – Vai ser uma honra lutar ao seu lado!

Bado dá um pequeno sorriso.

- Jamais pensei que um dia lutaria o lado de um Cavaleiro de Atena. – Responde ao gesto levantando e pegando na mão de Hyoga. – Igualmente, Cisne!

 

 

v Atenas, Grécia.

 

O relógio marca meia-noite. Começa o dia em que o destino dos deuses e dos humanos será decidido. Suikyo e Seiya, vestindo roupas comuns, observam o mar da costa do Santuário, junto das caixas de pandora de suas armaduras.

- Tem certeza que vocês combinaram nesse lugar e horário, Suikyo? – Pergunta Seiya, impaciente.

Suikyo ri.

- Realmente você e o Tenma são muito parecidos.

- Ah, está falando do antigo Cavaleiro de Pégaso? – Seiya faz uma careta de desaprovação. – Acho difícil esse sujeito ser tão bonito quanto eu.

Neste momento chegam juntos Shiryu e Shun, carregando suas armaduras. Ficam bastante surpresos ao ver Suikyo, que lhes explica toda a situação. Passam a conversar por um breve momento sobre suas vidas enquanto desmemoriados, chegando a conclusão de que por mais que as coisas não fossem tão ruins, esse tempo não passou de um merecido descanso para a grande batalha que agora se apresenta. Shun se distrai ao sentir dois cosmos familiares se aproximando, um deles de alguém que sempre acreditou estar morto. Uma rajada de ar gélido passa por entre os homens quando Hyoga e Bado chegam para se juntar ao grupo.

- Bado! – Shun parece genuinamente feliz. – Que bom que você está vivo! Isso significa que os Guerreiros Deuses também vão nos ajudar?

- Exato, Andrômeda. – Ele da um pequeno sorriso.

Shun percebe que a caixa de pandora da armadura de Bado é toda negra, o que acha estranho.

- Bado, sua robe de Alcor não era toda branca?

- Esta não é a robe de Alcor, Shun. – Ele olha para o alto, na direção da constelação de Ursa Maior, onde brilha intensamente a estrela Zeta. – Lífia me concedeu a honra de usar a Robe de Mizar.

Ao olhar para Bado, Shun consegue perceber atrás dele a imagem de um orgulhoso Shido, que parece zelar pelo seu irmão gêmeo. O Cavaleiro de Atena apenas consegue imaginar este sentimento.

Então chega Sorento, carregando a caixa de pandora com sua escama de Sirene.

- Parece que estamos todos aqui. – Diz o General, observando o grupo que se formou para a grande batalha.

- Não. Está faltando o Fênix. – Constata Bado.

- Sorento me falou que ele estaria aqui a esta altura. – Revela Suikyo, intrigado. – Onde está?

- Pelo visto vocês não conhecem muito bem o Ikki. – Diz Seiya, com um pequeno sorriso. – Ele age por conta própria.

- O que importa é que ele estará aqui na hora certa. – Fala Shun, em defesa de seu irmão.

Todos fazem um círculo. Shiryu observa todos os guerreiros presentes no local e não consegue deixar passar o significado daquilo. Ele diz:

- Fomos adversários em outra época, mas hoje estamos juntos com um objetivo em comum. Que improvável união de forças entre Cavaleiros de Atena, um Guerreiro Deus, um General Marina e um Juiz do Submundo. – Shiryu estende seu braço com punho fechado no centro do círculo.

- Não há espaço hoje para velhas feridas, do corpo, da alma ou do ego. O que importa é que temos que salvar nossos deuses. – Fala Sorento, com bastante ímpeto, e coloca seu braço em cima do de Shiryu.

- E mostrar para os Originais que não podem decidir nosso destino por nós. – Seiya também coloca seu braço.

- Em treze horas estaremos todos aqui de volta! – Shun faz o mesmo.

Hyoga, Bado e Suikyo repetem o gesto.

- Vamos fazer um milagre! – Hyoga então grita. – VAMOS VENCER!!

- VAMOS VENCER! – Gritam todos.

Pouco tempo depois, o relógio de fogo das 12 casas se acende.

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Bom. Essa união de adversários promete!

Bem que podia haver mais marinas, GD e Kyotos, mas tá muito bom.

Esperemos por novidades ao longo do caminho.

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~ CAPÍTULO IV ~

v Casa de Áries.

 

Os sete aliados chegam trajados com suas armaduras nos pés da escadaria da primeira casa, a de Áries. Uma sensação nostálgica acaba atingindo os quatro cavaleiros de bronze presentes, uma vez que em tempos passados seriam recepcionados ali por Mu, um dos mais honrados homens com quem tiveram o prazer de conhecer e lutar ao lado. A sensação de Suikyo não é muito diferente, pois apesar de não ter conhecido Mu, ali era a morada de seu amigo de infância, Shion.

- É hora de avançar. – Diz Suikyo, com a autoridade que lhe é conferida pela idade.

Caminham com cuidado escadaria acima, até que se deparam com a entrada.

- Não estou sentindo cosmo nenhum. – Constata Seiya. – Talvez seja bom avançarmos depressa!

- Tenha paciência, Pégaso. – Responde o Juiz. – Não será assim tão fá...

Pode se escutar o eco de passos vindo de dentro da morada de Áries. Lá de dentro, sai um homem trajando uma túnica branca com detalhes em dourado, parecida com a roupa que Igétis trajava quando se apresentou para Seiya e Suikyo. Longos cabelos cor de vinho e olhos azuis cintilantes, ele emana passividade em todos os seus aspectos, inclusive na ausência de cosmo. Shun nota que ele possui as mesmas marcas na testa que Shion e Mu tinham. Todos ficam imediatamente em posição de ataque, mas o homem apenas para de caminhar e faz uma leve mesura.

- Sejam bem-vindos. É um prazer recebe-los em minha casa. – Coloca as mãos para trás, como sinal de paz. – Eu sou Sofós, Cavaleiro de Ouro de Áries, e eu tenho um recado para aquele que se chama Shun de Andrômeda.

- Pra mim? – Shun fica confuso. – Que recado?

- Nosso Curador deseja vê-lo. Pediu que eu o levasse até ele, no Templo do Mestre do Santuário, assim que nossos caminhos se cruzassem. – Fita-o intensamente. – Ele tem uma proposta de paz.

- Não confie Shun! – Alerta Shiryu.

- Pode ser uma armadilha, Andrômeda. – Reforça Sorento.

- Por favor, guerreiros. – Sofós objeta. – Por mais que queiram me enxergar como um inimigo, eu ainda sou um Cavaleiro de Ouro. Podem não me conhecer, mas conheceram meus sucessores.

Shun olha com confiança para os amigos e se decide.

- Eu vou. Se houver ao menos uma chance de resolvermos essa situação sem derramamento desnecessário de sangue, é meu dever averiguar.

- Mas, Shun... – Seiya não parece confiante com a decisão.

- Não se preocupe, Seiya. Eu vou ficar bem.

Sofós fica ao lado do Cavaleiro de Andrômeda.

- Podemos ir?

- Sim.

- Espera! – Protesta Bado. – Até vocês atravessarem as 12 casas e voltarem, muito tempo precioso terá sido gasto.

- Não iremos atravessar a pé as 12 casas. – Sorri Sofós, então ele e Shun desaparecem.

Todos ficam assustados com aquilo. Shiryu tem um dejá-vu e lembra do tele transporte do Mu.

- Não temos tempo a perder. – Fala Suikyo. – Temos que partir para a Casa de Touro.

Sorento e Bado concordam, mas os outros ficam relutantes.

- Shiryu, Hyoga, vão! Eu fico aqui e aguardo o Sofós retornar com o Shun. – Diz Seiya. – Como o Suikyo disse, não temos tempo a perder.

Após um pouco de protesto, os dois foram, deixando Seiya para trás. Os que decidiram continuar entram em Áries e correm o trajeto até a saída, mas quando chegam no meio da casa, um cosmo grandioso os faz suspender o avanço. Um brilho dourado pode ser visto perto da saída, se aproximando lentamente.

- Aquela é... – Hyoga fica surpreso.

- A armadura de Áries! – Revela Shiryu.

A armadura parece vestir uma pessoa invisível, mas não há ninguém lá dentro. Shiryu tem certeza que ela está sendo controlada à distância através da telecinese de Sofós.

- Preparem-se! – O Dragão alerta seus companheiros.

 

 

v Sala do Grande Mestre

 

Sófos e Shun chegam na Sala, a mesma onde Seiya, Ikki e Saga se digladiaram em uma batalha feroz. Lá adiante, sentado no trono do Mestre, está um homem com a vestimenta do Papa. Os dois caminham sem pressa através daquele grande hall, ao passo que Shun fica cada vez mais intrigado.

- Pensei que fosse impossível se tele transportar pelo Santuário.

- Para todos os demais sim. – Revela Sofós, orgulhoso. – Fui eu quem colocou esta proteção nas 12 casas, milênios atrás.

Os dois avançam. “Quem será aquele homem”? Não percebe cosmo nenhum vindo daquela direção. Quando estão perto o bastante, Sofós para, deixando o visitante dar três passos à sua frente.

- Quem é você? Por que deseja me ver? – Pergunta ao homem sentado.

- Porque você talvez seja a única pessoa de quem tenho boas lembranças, Shun. – O homem se levanta e retira o elmo vermelho, demonstrando o curto cabelo loiro.

“Essa voz”.

Depois a máscara azul.

- Nicklaus?! – Shun fica bastante emocionado.

Shun corre e abraça o amigo de infância, há muito tempo dado como morto. Nicklaus retribui o carinho na mesma medida.

- Senti sua falta, Shun.

Os olhos dos dois ficam marejados devido ao reencontro.

- A Fundação te dava como morto! Você foi enviado para treinar na Noruega e nunca mais tivemos notícias!

- Eu fui treinar sim, mas nunca tive aptidão nenhuma para me tornar cavaleiro. Em um dos meus treinamentos fui deixado para morrer no frio pelo meu mestre, acabei perdendo metade da perna esquerda por causa disso. – Nicklaus toca na prótese biônica dele. - Felizmente uma família bastante rica me encontrou, cuidou de mim e depois me adotou. – Ele sorri, lembrando-se de uma época mais feliz. – Mas um assassino do Santuário foi mandado para me matar. Consegui me salvar, me escondendo na América do Sul por anos, mas meus pais adotivos também foram mortos. Herdei a fortuna deles e comecei a estudar sobre os cavaleiros. Quando a Guerra Galáctica começou, vi que era minha chance de saber mais sobre o Santuário. Fiquei obcecado! – Nicklaus olha para Shun. - Assisti o torneio em pessoa e fiquei muito feliz em ver que você sobreviveu a Ilha de Andrômeda. Você, que sempre me protegeu.

- Você era ainda menor que eu. Enquanto Ikki me protegia, eu seguia o exemplo e tentava lhe proteger.

- A coisa mais humana que existe, zelar por aqueles que mais precisam de ajuda. – Sorri. – Depois de tudo o que descobri, sobre as Guerras Santas passadas, das batalhas que vocês travaram incessantes vezes contra Poseidon, Hades, etc, cheguei a conclusão de que deveria existir uma maneira de acabar com tudo isso. Custou quase toda a fortuna de minha família, mas descobri sobre a parte obscura da Mitologia Grega: a quarta geração de deuses, que se atreveu a se rebelar contra o próprio Zeus, em defesa da humanidade. Filhos de Atena, protetores naturais de todos os seres vivos desse planeta. Os Cavaleiros de Ouro originais, ironicamente selados dentro das próprias armaduras pela divindade que as criou, Hefestos.

- Mas como você conseguiu libertar eles?

- No templo de Hefestos no Monte Olimpo estava a chave para isso, um encantamento que não poderia ser feito por um deus, pois Eles poderiam ser utilizados como instrumentos em uma guerra entre os olimpianos, e isto poderia destruir tudo. Hefestos tinha certeza que a Quarta Geração ficaria para sempre trancafiada e esquecida para sempre, pois o encantamento para libertá-los só poderia ser lido por um humano, e ter efeito se este humano tivesse o coração puro.

- Então...

- Qualquer pessoa que tentasse ler e não fosse merecedor, seria pulverizada instantaneamente. Arrisquei minha vida quando proferi aquelas palavras. – Nicklaus estende os braços, triunfante. – Mas estou aqui. Me tornei o Curador dos Doze Originais, e eles devem me obedecer. Não um Deus, que se crê superior a todas as coisas e que deseja dizimar os mortais, mas um humano comum.

Shun percebe que incontáveis tragédias marcaram a vida de Nicklaus, e que não julga o rancor que ele sente pelos deuses, mas há algo diferente. Talvez tenha mudado desde que conseguiu libertar os cavaleiros de ouro e se deparou com todo este poder na palma de suas mãos.

- Nicklaus, a humanidade tem que decidir isso por si só. Você não pode passar por cima da vontade das pessoas e escolher por elas se os deuses devem fazer parte ou não de suas vidas.

- Estou ciente de que as decisões que tomei não são simples, além de serem muito questionáveis. – Nicklaus senta-se mais uma vez no trono. – Por isso eu vou lhe dar uma chance de desfazer tudo o que fiz.

- Como assim?

- O selo que separa nosso mundo da dimensão dos deuses foi criado pelo poder dos Doze Originais, e estes só podem caminhar neste mundo enquanto seu Curador tiver vida. – Ele olha Shun de forma séria. – Eu não sou um guerreiro, não possuo poder algum, não consigo utilizar meu cosmo. Em outras palavras, para que os Originais retornem às suas prisões e o selo seja desfeito, basta que você me mate. Aqui, agora.

- Como é?! – Shun se assusta com aquela solução. – Eu não posso fazer isso!

- A menos que queiram enfrentar os 12 deuses, esta é a única forma de evitar que você e seus amigos sejam mortos. – Continua a fitar Shun com firmeza, não lembrando em nada o semblante da criança gentil que o cavaleiro conhecera no orfanato da Fundação Graad. – Se uma pessoa tão boa quanto você puder ser corrompida desta forma e tirar a vida de alguém que não representa ameaça alguma, significa que meu sonho não passava de um sonho, e que não somos melhores que os deuses.

A Corrente de Andrômeda não reage, pois não vê inimigo nenhum diante de si. A mesma coisa diz o coração de Shun, mas por outro lado, toda aquela situação pode se encerrar ele tiver coragem de fazer apenas mais uma vez aquilo que de maneira relutante e dolorosa teve que fazer durante seus anos como Cavaleiro de Atena: tirar uma vida. “Posso acabar com tudo agora”, Shun pensa, sentindo seu coração pesar.

O cavaleiro ergue seu braço e a corrente de ataque avança, mas para no ar, a cerca de um palmo do rosto de Nicklaus, que permanece impassível, como se estivesse satisfeito com qualquer que fosse a decisão de seu amigo. A corrente treme, devido a incerteza de seu cavaleiro. “Não posso”.

- Eu não posso te matar Nicklaus. – Abaixa a corrente

O jovem alemão dá um sorriso, como se Shun houvesse lhe reforçado a fé que tinha na humanidade.

- Se for seu desejo continuar sua luta, vou pedir para Sofós voltar com vocês para a Casa de Áries.

- Sim. É o meu desejo.

Sofós, que se manteve impassível no diálogo entre os dois mortais, se aproxima de Shun e lhe toca o braço. Logo, os dois desaparecem da Sala do Mestre.

 

 

v Casa de Áries.

 

- Conseguimos! – Grita Bado eufórico.

Suikyo, Hyoga e Shiryu atacam a armadura e conseguem abrir uma brecha para que Bado e Sorento pudessem passar e avançar. Os dois correm na direção da saída da Casa, mas, ao tentarem atravessá-la, batem com muita força em algo que parece ser uma muralha invisível.

Na frente da Casa de Áries, Shun retorna com Sofós e vai ao encontro de Seiya.

- Shun! O que aconteceu?

- Depois explico, Seiya! Temos que continuar!

Sofós olha para os dois e faz um gesto com a mão, convidando-os a ir em frente.

- Vamos nos encontrar com seus amigos.

- Hah! A essa hora eles já devem estar chegando na casa de Touro! – Revela Seiya, todo confiante.

- Será? – O Original dá um sorriso enigmático.

Os três caminham até chegarem ao meio da casa, onde os outros cavaleiros parecem estar tendo dificuldades contra a armadura de Áries. Sofós ergue seu braço direito com a mão estendida, como se convidasse sua proteção dourada para se juntar a ele. Logo, cavaleiro e armadura viram um só, e com isso, o enorme cosmo do protetor da Casa de Áries se faz presente de forma assustadora.

Os cavaleiros de bronze se encontram entre Sofós e a entrada, Bado, Sorento e Suikyo entre ele e a saída. O dourado olha para os atenienses e diz:

- Deplorável o estado que vocês deixaram estas armaduras. Meus descendentes as fez com muito esmero no antigo continente de Mú e vocês as destroem repetidas vezes. Consigo até mesmo sentir as dores que suas vestes carregam depois de tantas cicatrizes. – Ele junta seu dedo polegar com o do meio, como se fosse estalar os dedos.

- O que ele vai fazer?! – Assusta-se Shiryu.

E com um mero estalar de dedos, Sofós pulveriza as armaduras de bronze de Andrômeda, Pégaso, Cisne e Dragão.

 

 

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E as armaduras se foram.

Acredito que ele as restaurará. Vamos esperar.

 

Ficou só algo confuso para mim. Entendi que Hefesto criou as armaduras de ouro, mas por que não criaria todas? Por que os lemurianos criariam as demais?

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Vamos esperar.

Qual a periodicidade de publicação no fórum, semanal?

Cara, vai variar. Como estou de férias pode continuar saindo nesse ritmo atual, mas dependendo do tamanho que for ficar, mais adiante pode espaçar mais o período de tempo.

 

Valeu!

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Tranquilo.

 

Tamanho sempre varia mesmo. Tem hora que mesmo que fique grande não dá pra quebrar em dois, e até terminar esse capítulo de tamanho maior demora.

Vamos acompanhando no ritmo.

 

A minha já tem capítulos a frente escritos, facilita manter, mas ter que digitar é osso. Faço no papel e digito, o que dá uma preguiça. Kkkkkk

 

Acabei de postar uma das minhas

http://www.cdz.com.br/forum/topic/10101-a-ordem-de-serpentario-preludio-memorias-da-primeira-guerra-santa/

 

Capítulo 009 oficialmente lançado.

 

Abraço.

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~ CAPÍTULO IV ~

v Casa de Áries.

 

Os cavaleiros de bronze ficam completamente estarrecidos com a facilidade com que suas armaduras sagradas viraram poeira.

- Por que a surpresa? – Pergunta Sofós. – Ficamos sabendo que deixaram Tanatos destruir as armaduras de ouro, acharam que eu não poderia fazer o mesmo com suas pobres vestes de bronze? Até uma criança poderia fazer isso no estado lamentável em que se encontravam. – Ele se vira para os outros três homens e os fita com curiosidade. – Uma surplice de Hades, uma robe de Odin e uma escama de Poseidon. O conhecimento que esses três deuses têm sobre construir uma armadura tem a mesma escala do quanto uma rã sabe sobre física quântica.

Sofós dá um passo para frente na direção dos três e eles dão um passo para trás, receosos sobre o significado do último comentário. Do outro lado, Seiya é o primeiro a sair do choque.

- Não importa se você pode destruir nossas armaduras ou não, nosso objetivo não mudou! – O cavaleiro começa a movimentar seus braços, sinalizando a constelação de Pégaso, e a entrar em comunhão com seu cosmo. – Apenas temos que fazer a mesma coisa que sempre fazemos!

Os outros cavaleiros de bronze também retomam o foco ao escutar as palavras de Seiya, que por sua vez dispara à toda velocidade na direção do deus.

~ METEORO DE... ~

O golpe é cessado no momento em que Seiya é arremessado contra o teto da Casa de Áries e em seguida cai com enorme impacto no chão, sem Sofós precisar nem olhar para trás, tudo através de sua poderosa telecinese. Uma cratera se abre no chão e Seiya fica atordoado dentro dela.

- Ele... ignorou o golpe do Seiya. – Diz Shiryu.

- Realmente, ele é... – Shun fala olhando impressionado para o oponente.

- Um Deus! – Completa Hyoga.

Suikyo percebe o profundo revés psicológico do momento, mas tem que mostrar para seus companheiros que a batalha ainda não está perdida. Que sequer começou! Rapidamente salta na direção de Sofós preparando seu ataque. Bado e Sorento o acompanham. No momento em que irão dar sua investida, mais uma vez a telecinese do cavaleiro de áries age e os três homens ficam parados no ar, como se estivessem parados no tempo. Depois disso, Sofós começa a parecer extremamente desapontado com a situação.

- Vocês realmente acharam que iriam chegar aqui e realizar outra façanha como aquela com que aprontaram para cima dos últimos guardiões das Doze Casas? Deixe-me contar uma coisa, cavaleiros, eu não sou sua primeira ameaça nesta loucura que vocês se meteram, eu sou a última!

O cosmo de Sofós explode, demonstrando para os invasores todo o esplendor e o colosso de um cosmo divino. A pressão é tanta que os sete homens são jogados ao chão e ficam lá, sem conseguir ao menos se levantar, ajoelhados em submissão.

- A não ser que façam aquilo novamente, jamais irão encostar um dedo em mim!

Seiya vai se arrastando devagar para fora da cratera, ao mesmo tempo tenta encontrar sentido nas palavras do inimigo. “Ele está falando da...”

- K... kamui! – Diz Seiya.

Quando o cavaleiro de Pégaso fala essa palavra, Sofós cessa a pressão que sua divindade exercia sobre todos os demais.

- Kamuis são as vestes dos Doze Olimpianos. A obra máxima de meu pai, Hefestos. Armaduras dignas para a majestade desses deuses. Mesmo elas, no entanto, precisam de uma coisa para se regenerar. – Ele olha com intensidade para Seiya, que vai se levantando lentamente. – Sangue!

- Mas nossas armaduras receberam o sangue de Atena. – Diz Shiryu, erguendo-se também.

- O sangue de um deus é capaz de incontáveis “milagres”, na perspectiva de um humano, mas a forma com que elas foram destruídas antes e ainda assim não apenas voltaram à vida, mas adquiriram uma forma imprevista por mim e meus descendentes. – Os olhos de Sofós brilham enquanto ele olha em contemplação para os cinco de bronze. – Elas só atingiram aquela forma porque vocês transpuseram a barreira dos mortais e tocaram o céu! Por um breve momento, alcançaram o cosmo dos deuses!

- Aquele... foi um momento único... – Diz Hyoga, já em pé.

- Naquele momento fizeram algo além do que simplesmente vencer Hades, o Eterno Derrotado. Triunfaram onde Ícaro falhou e agora estão marcados para sempre. Não percebem?

- Está querendo dizer que...

- Vocês reverteram o fluxo da origem e se tornaram mortais divinos. Não há outra explicação para que seus corpos não tenham sido desintegrados no momento em que suas armaduras se transformaram em uma espécie de kamui! Isso aconteceu algumas vezes antes, mas nunca com tantos.

Sofós aponta o dedo para Seiya.

- Se vocês, Cavaleiros de Atena, conseguirem repetir este milagre aqui, vocês poderão passar para a próxima casa.

- Mas... – Diz Seiya, confuso. – Igétis disse que vocês não podem deixar ninguém passar.

- Quem falou em “deixar”? – Sofós cruza os braços, com um sorriso no rosto. – Não tenho a empáfia de Apolo ou outros olimpianos. A realidade é que se conseguirem repetir o que fizeram no Elísios, dificilmente serei capaz de conter todos os sete ao mesmo tempo.

Um fio de esperança começa a atravessar o rosto dos cavaleiros de bronze. Um a um começam a elevar seus cosmos ao máximo.

- Eu vou contar até cinco para que consigam tocar os céus novamente. – O cavaleiro de ouro começa a caminhar na direção de Bado, Sorento e Suikyo, que até ali apenas assistiam impassíveis. – Ou vou começar a matar estes inúteis servos de deuses menores que trouxeram com vocês, um por um.

- O que foi que você disse?! – Diz o Guerreiro Deus, indignado.

- É bom também começarmos a elevar nosso cosmo, Bado. – Alerta Suikyo.

Sorento começa a fazer o mesmo e os três tentam entrar em sincronia com os cosmos dos cavaleiros de Atena. Logo, a casa de Áries se ilumina com aquela variedade de pequenos universos em explosão.

- Cinco! – Sofós inicia a contagem.

“Temos que conseguir! Só mais uma vez”! Pensa Seiya.

“Vamos conseguir! Temos que ultrapassar nosso limite”. Reflete Hyoga para a mente dos demais.

- AHHHH!!!! – Gritam os atenienses enquanto explodem seus cosmos.

- Quatro!

“Vamos mostrar que também temos nosso valor”! Comunica Sorento, em pensamento, para Bado e Suikyo.

- Três!

“Não quero que mais ninguém se machuque! Queime cosmo”! Pensa Shun.

- Dois!

O cosmo esmagador de Sofós se eleva, retornando a antiga pressão, como se a gravidade do local tivesse aumentado exponencialmente de força.

- UM!

- NÃO!! – Grita Shun.

Como um raio, Sofós partiu em direção de Bado, mirando-lhe o pescoço, na intenção de arrancar sua cabeça utilizando a mão direita, porém, um escudo dourado, verde e branco recebe o impacto do golpe no lugar do Guerreiro Deus. O cosmo de Shiryu conseguiu invocar o apenas o escudo da kamui de Dragão, mas o suficiente para que o cavaleiro se lançasse na frente do golpe para proteger Bado. Percebendo o que aconteceu, Sofós leva o braço esquerdo para trás e começa a projetar uma poderosa energia nela, mas ao fazer isso, seu braço é preso pela corrente de Andrômeda! O cavaleiro de ouro olha para trás e percebe que o mesmo aconteceu com Shun: apenas os braços de sua kamui foram invocados.

- Impressionante! Mas apenas isso não será suficiente! – Diz Sofós.

Logo após o alerta do deus, ele volta o olhar para cima ao escutar o relinchar daquela criatura mítica, o Pégaso. Seiya foi o único que conseguiu invocar completamente a kamui de sua constelação! Agora ele sobrevoa seu oponente e os próprios companheiros, ainda elevando o cosmo. “É realmente ele”! Pensa Sofós, eufórico, mas ainda planejando parar o Pégaso. Quando tenta saltar para alcançar o cavaleiro, se vê preso ao chão.

- O quê?! – Assusta-se Sofós ao perceber que suas pernas estão congeladas. Está preso ao chão graças ao cavaleiro de Cisne, que conseguiu invocar os braços de sua kamui e, assim, se aproximou furtivamente. Agarrou cada perna com uma mão, congelando-as ao toque.

- Vai, Seiya! – Diz Hyoga.

Lá no alto, o Cavaleiro de Atena se prepara para o golpe.

~ METEORO DE PÉGASO ~

O golpe vai na direção da saída da casa de Áries. A muralha invisível erguida pelo Original é atingida com toda força pelo cometa de Seiya. Por um segundo ela parece inalterada, mas logo em seguida, parte-se em milhões de pedaços como se fosse uma enorme tela de vidro. Seiya então se posiciona entre Sofós e Bado, Suikyo e Sorento.

- VÃO! – Diz Seiya para os três. – AGORA!

Bado, que por um triz não perdeu a própria vida, parece assustado com os últimos eventos, mas Suikyo o puxa pelo ombro e os três começam a correr na direção da Casa de Touro. O Guerreiro Deus olha para trás, na direção do cavaleiro de Pégaso, e consegue ouvi-lo dizer:

- Conto com vocês!

 

v Sala do Supremo, Templo de Zeus, Monte Olimpo.

 

- E então? – Pergunta Artêmis, em tom de desaprovação.

- O enviado deve estar chegando. – Diz Apolo, sentado no trono do pai. - É a última alternativa que existe. Por mais improvável que seja.

- Por que nosso Pai iria recorrer justo a ele?

- Por desespero, talvez. Desde que tudo começou Ele ficou recluso, provavelmente procurando uma maneira de desfazer o selo que nos separou dos mortais. Talvez Avô tenha a resposta que ele procura.

- Não acredito que mesmo nessa situação, nosso Pai iria ao encontro daquele Titã.

- Pai está perdendo força. O Olimpo vem desmoronando pouco a pouco junto com ele. – Apolo aperta o punho direito, apoiado no encosto do majestoso trono. – Se Atena não estivesse aqui, poderia jurar que isto é uma obra dela. Um último ato de rebeldia.

- Seria do feitio dela. – Diz Artêmis, reflexiva. – Virar uma mártir.

- Seria... – Pondera o irmão. – Se os humanos não fossem perecer junto conosco.

- Ainda não há garantias que isto aconteça. A segregação total entre nossa dimensão e a deles é algo único.

- Você se esquece de algo, querida irmã. – Ele a fita com seriedade. – Nossos sobrinhos são deuses, mas estão ligados ao mortal. Assim que sua vida humana se esvair, seja pela idade ou outras razões pífias, devido sua condição de mortal, eles irão junto.

- A não ser que...

Os portões dourados da Sala se abrem, e um Guerreiro Celestial anuncia a entrada do mensageiro. Ele caminha pelo ambiente e seus passos ecoam com peso. Abraão, um dos Capitães Celestiais de Apolo chega no centro do grande círculo da Sala e se ajoelha.

- Senhor Apolo. – Diz o homem, com expressão pesada. – Não encontrei o Líder Supremo no local indicado. Procurei ostensivamente, mas nenhum sinal de sua divina presença.

- Então nossas opções se esgotaram. – Fala Artêmis, pesarosa. – Vou retornar ao meu templo. Comuniquem-me qualquer novidade.

Com isso, a deusa faz um leve aceno para o irmão e se dirige até a saída. Apolo se levanta de seu trono e caminha até o centro da Sala do Supremo, onde está seu subordinado, que se levanta após um breve aceno.

- Algo mais que queira me contar, Abraão? – Pergunta, como se já soubesse a resposta pra isso.

- Senhor, finalmente consegui entrar no Tártaro, com relutante ajuda da Deusa Perséfone.

- E então? – Fica curioso o deus.

- Entrei lá pessoalmente para verificar, e constatei uma presença indevida. O Senhor Hefestos se encontra adormecido lá.

- Meu irmão? – Apolo parece estupefato. – Quem mais sabe disso?

- Apenas eu, Senhor. – Responde.

- Isso é muito perturbador. – Diz o deus, com a mão no queixo. – Obrigado pela sua assistência, Abraão. Não passará despercebida.

- O seu reconhecimento é tudo que preciso. – O guerreiro se ajoelha e beija a mão de seu suserano.

Abraão começa a caminhar na mesma direção que Artêmis foi antes. Sem perceber qualquer coisa, é dizimado pelo grandioso poder divino de Apolo, sem a menor chance de defesa.

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~ CAPÍTULO VI ~

v Escadarias Para Touro.

 

 

Os três guerreiros que avançaram além da primeira casa correm em silêncio na direção do próximo desafio. O pensamento de todos era o mesmo: o abismo imenso que se criou entre o nível de seus cosmos e os dos atenienses. A sensação é de que irão apenas ficar no caminho. Eles sabem o valor que possuem, mas agora se dão conta de que estão enfrentando deuses poderosos e, mesmo com a grande demonstração de poder dos cavaleiros de bronze, os quatro tiveram que agir juntos para criar uma pequena brecha necessária para eles. Percebendo a moral baixa, Suikyo decide fazer algo a respeito.

- Não há nada definido. – Fala enquanto corre, olhando para os companheiros improváveis, com convicção. – Ainda temos que cumprir com nosso dever para com nossos deuses e ainda não começamos a elevar nosso cosmo. A luta de verdade está apenas começando, e é dentro de nossas mentes.

Suikyo diminui a velocidade e para, o que faz com que Sorento e Bado façam o mesmo.

- Aqueles jovens que estão em Áries – Aponta para o local. – Eles apenas conseguem o impossível porque esse tipo de insegurança não passa em suas cabeças. A ÚNICA alternativa que existe para eles é a vitória. Mesmo quando estão enfrentando deuses. Foi assim que eles conseguiram vencer.

- “Conto com vocês”, foi o que o Pégaso disse. E parece que ele realmente conta. – Fala Bado. – Eles têm fé que podemos fazer isso. Por Odin, tenho que acreditar que ainda estou vivo por alguma razão.

- Quando eles venceram o Senhor Julian e derrubaram o Pilar Central, não pude acreditar. Mas se a devoção deles os fez chegar a esse ponto, tenho que acreditar que sou tão fiel a Poseidon quanto eles a Atena, e que posso fazer o mesmo. – Diz Sorento.

- Então vamos. Que qualquer insegurança que temos fique neste último degrau, e nunca mais nos alcance. Não há alternativa, pois assim que chegarmos a Casa de Touro, apenas teremos a vitória como opção. Alcançaremos o céu! – Completa Suikyo.

Os outros dois se olham e respondem.

- Alcançaremos o céu!

Os três retomam a correria com mais ímpeto que nunca. Agora o que era uma improvável aliança, aproxima-se cada vez mais de se tornar também uma improvável amizade.

 

 

v Casa de Áries.

 

Os cavaleiros de bronze se mantêm a uma distância segura ao redor de Sofós, que os olha com curiosidade, em seguida, bate palmas entusiasmadas.

- Isso! Perfeito! Era isso o que eu queria ver com meus próprios olhos, Pégaso! – O dourado sorri. – Um completo renascimento de uma armadura, através não apenas do sangue de Atena, mas do cosmo desbravador de um santo guerreiro! – Ele aponta para Seiya. – Escolho você como meu adversário.

Os outros se olham confusos.

- Do que está falando, Sofós? Vamos todos lutar! – Se indigna Shiryu.

O Original dá um olhar entediado para o Dragão.

- Vocês foram muito bem, mas não passaram no meu teste.

- Como assim?! – Pergunta Shun.

- Quer dizer que se nega a lutar contra nos?! – A irritação de Hyoga era clara.

- Exatamente. – Sofós olha atento para os outros três. – Irei manda-los para o outro lado do mundo, onde jamais poderão retornar a tempo ao Santuário para quebrar o selo que separa as dimensões, mesmo que pudessem.

O cavaleiro de Áries começa a tomar uma posição que traz de volta uma memória do começo da Guerra contra Hades. “Ele vai...”!

- Shiryu! Hyoga! Shun! Cuidado! – Grita Seiya.

Com os dois braços estendidos retos, o dourado eleva seu cosmo e o direciona para suas duas mãos, com fim de liberar na totalidade a:

~ EXTINÇÃO ESTELAR ~

 

Todos, menos Seiya, são envolvidos por uma enorme aura dourada e desaparecem do local onde estão. O dourado olha para trás, na direção do Seiya, como se o desafiasse a fazer alguma coisa à respeito daquilo.

- No final das contas você não é diferente dos deuses que vieram antes de você, Sofós. – O Pégaso caminha na direção do oponente. – Encarei deuses suficientes para saber quando eles têm prazer em punir os mais fracos.

- Como é? – Fica curioso com aquela declaração.

Seiya cerra os punhos e começa a elevar seu cosmo com intensidade. Ele diz, fitando Sofós:

- Você pode ser um deus, mas não é metade do homem que foram os outros cavaleiros que vestiram essa armadura sagrada!

A expressão do deus é complexa. Na medida em que se impressiona com a forma que um mortal decide se impor diante de um deus, também parece se ofender com a ousadia.

- Seiya...

Neste momento um clarão dourado ilumina completamente a primeira casa do santuário. Quando ele se dissipa, Sofós e Seiya se surpreendem que Shiryu, Hyoga e Shun voltaram para as doze casas e estão desacordados. O Original pensa “Isso não é possível, eu os mandei para longe com a Extinção Estelar. Tenho certeza disso”! Sofós retira seu elmo e o coloca ao olhar, observando-o atentamente, como se esperasse encontrar um rosto.

- Você também sentiu, não é? – Pergunta Seiya, confiante.

- Do que está falando? – Sofós demonstra incredulidade.

- Nossas armaduras não tem apenas o nosso sangue, ela tem o de todos os que já a usaram! – Seiya aponta para o adversário. – Eu senti o cosmo de Mu emanando dessa armadura de ouro!

Pela primeira vez, o Cavaleiro de Áries Original sai da passividade e expressa um tom de cólera.

- Essa armadura é minha. – A pressão do cosmo do deus retorna, mais forte que antes. – E eu vou mostrar para você de uma vez por todas!

A armadura dourada brilha intensamente, e toma um aspecto maior, completamente diferente de como era antes, como se ela estivesse demonstrando sua forma definitiva.

- Conheça a kamui de Áries! – Diz Sofós, coberto de imponência!

 

v Casa de Touro.

 

O indivíduo gigante se encontra na porta da casa. Provavelmente cerca de três metros de altura, um colosso, já trajando a armadura dourada de Touro e de expressão severa. Ele observa os três invasores do Santuário, mais especificamente o jovem de longos cabelos verdes no meio.

- Vocês não deveriam estar aqui. – Diz o homem. – Nada de bom resultará nesse ato de vocês, mortais. Vão embora. Não voltem. – Ele se vira e começa a caminhar para dentro da casa, como se seu comando em tom paternal fosse ser obedecido sem questionamentos.

Suikyo caminha devagar e sem demonstrar agressividade na direção da entrada da casa, deixando seus companheiros para trás.

- Cavaleiro Original de Touro. Temos enorme respeito por você, por favor mostre mais respeito com os mortais que demonstram interesse em ter a honra de combate-lo. – Diz o Juiz do Submundo, apelando para o dito dever de proteção e respeito que a Quarta Geração diz ter pelos mortais.

O cavaleiro para, sem olhar para trás, e diz:

- Eu realmente gostaria que fossem embora em paz, mas se for s vontade de vocês – Ele vira o olhar para Suikyo. - então podem entrar em minha casa. – Continua o caminhar.

Pouco tempo depois, todos estão no centro da Casa de Touro, quando escutam um enorme colidir de cosmos vindo da casa anterior. Os três invasores olham para trás, demonstrando clara preocupação. O Original de Touro os conforta.

- Se estão preocupados com os seus amigos, relaxem. Seria preocupante nenhum cosmo fosse sentido.

O Espectro se aproxima do Touro.

- Eu sou Suikyo, um dos Três Juízes do Submundo. Estes são...

- ...eu sei quem eles são. – Interrompe o cavaleiro. – Estes são Sorento de Sirene, General Marina de Poseidon, e Bado, o covarde, Guerreiro Deus de Asgard.

- O “covarde”? – Se surpreende Bado.

- Você foi o peão de Odin que veio aqui e atacou Aldebaran de Touro pelas costas. – O homem tira seu córneo elmo, revelando o rosto bruto. – Aldebaran! O mortal de coração mais puro que já tive o prazer de ter como sucessor.

Memórias retornam para o Guerreiro Deus, no único momento anterior em que esteve na Casa de Touro, para assegurar a vitória de seu irmão Shido contra o ateniense. Um momento que Bado carrega com grande culpa, pois além do seu irmão ter agido com um ato de covardia, coube a Bado agir de forma ainda mais traiçoeira como um guerreiro.

- Eu... eu estava tentando proteger meu Irmão.

- Mais uma palavra sua, asgardiano, e eu arranco sua cabeça agora mesmo, antes de você sentir o golpe. – Ameaça o cavaleiro, tomado por genuína revolta pelo acontecido com Aldebaran. – Pelo fato de você ser um mortal, e eu ter grande admiração pela sua espécie, lhe dou uma ÚLTIMA oportunidade de dar a volta e retornar para o inferno gelado de onde veio.

Tão logo vem a ameaça, uma melodia pode ser escutada, vinda de uma flauta. Ninguém fala, apenas se escuta a canção mortal de Sorento, que ecoa triunfante por toda a casa. O cavaleiro olha para o General Marina, sem parecer se incomodar.

- Sua composição é bela, peão de Poseidon, mas não me afeta. Eu sou Ímisy, o Caveleiro de Touro. Um deus! Sua frequência não atinge meus ouvidos. Minha voz verdadeira é celestial, se escutassem uma única palavra dela, vocês seriam despedaçados. O que o faz pensar que sua melodia mundana faria algum mal a mim?

- Que pergunta inútil. – Diz Suikyo. – Ele irá continuar tocando até ela atingir o inimigo, ou ser morto tentando. Mas primeiro... – Ele fica em posição de batalha. – ...você terá que passar por mim e por Bado, que não irá a lugar nenhum!

Ímisy olha para Suikyo com admiração e seriedade, depois põe a mão no rosto, tentando conter o sentimento que o toma por dentro.

- Hahahahah!! – Ele ri, entusiasmado. – Vocês mortais são realmente admiráveis! Por isso que os velhos deuses os têm como ameaça tão séria! – Cruza os braços. – Sendo assim, vou lhes dar três chances de me atacarem sem sofrer resistência. Tomara que assim vocês se deem conta da infertilidade de sua missão.

Sorento continua tocando sua flauta enquanto eleva o cosmo. Suikyo olha para Bado e dá um sinal de positivo com a cabeça, então os dois seguem o exemplo do Marina. Toda Casa de Touro adquire uma pequena camada gelada, ambiente favorável para os guerreiros que lidam com o frio. Bado e Suikyo saltam grande altura para os flancos de Ímisy e soltam:

~GARRAS DO TIGRE DAS SOMBRAS~

~LANÇAS DE GELO DA LÓTUS BRANCA~

As garras de Bado se misturam com as incontáveis lanças do Espectro e vão com toda força na direção do oponente. Escuta-se o som de rochas se partindo e uma camada de poeira se ergue. Os invasores aguardam a visão clarear para conferir o resultado de sua ação, mas antes disso, escutam a voz de Ímisy iniciando a contagem das chances.

- Uma.

 

 

v Casa de Áries.

 

Seiya dobra o joelho e se apoia com uma mão no chão, completamente exausto. Disparou incontáveis meteoros por repetidas vezes na direção do oponente, mas mesmo utilizando todo seu cosmo e trajando a kamui – que parece casa vez mais pesada- nada consegue penetrar a forte defesa de Sofós, que agora parece mais poderoso que nunca. O dourado não precisou nem atacar o Pégaso para fazê-lo se sentir exausto, como se o peso do mundo estivesse em suas costas.

- Este é o momento em que você se dá conta. – Diz Sofós. – Quando se atinge o nível de cosmo necessário para criar uma armadura como esta, não se deve fraquejar depois, ou a kamui apenas irá pesar, ao ponto que poderá lhe destruir.

O ateniense se lembra da primeira vez em que vestiu a armadura de Pégaso, quando Marin lhe alertou que sem o cosmo necessário, ela não passaria de metal. “Não! Eu tenho que conseguir, ainda estamos na primeira casa”! Pensa Seiya, que se ergue novamente, rejeitando ter que olhar para seu oponente de baixo para cima. Neste momento, seus amigos acordam.

- Você ainda não conhece o Seiya, Sofós. – Diz Shiryu.

- Nem nenhum de nós! – Reforça Hyoga.

- Não vamos parar aqui de jeito nenhum! – Promete Shun, determinado.

- Vamos, amigos! Encontrar Suikyo e os outros na Casa de Touro!

- SIM! – Responderam com entusiasmo.

Mais uma vez os cavaleiros de bronze elevam todo seu cosmo, fazendo-os ressoar uns com os outros, o que aumenta exponencialmente sua potência. Então chega o momento:

~TROVÃO AURORA! ATAQUE!~

~CÓLERA DO DRAGÃO~

~ONDA RELÂMPAGO~

- Desta vez vocês irão sumir daqui! – Alerta o cavaleiro de ouro, que novamente solta a:

~EXTINÇÃO ESTELAR~

Mais uma vez a explosão de luz atinge todo o ambiente, fazendo desaparecer Hyoga e Shiryu, mas não o cavaleiro de Andrômeda! Shun quando elevou seu cosmo conseguiu trazer na totalidade a kamui de sua constelação. Sofós olha para si e não acredita que foi totalmente amarrado pela corrente do cavaleiro de bronze.

- Como...?! – Tenta se tele transportar, mas em vão.

- Agora você está seguro na minha corrente! – Diz Andrômeda. – Não irá sair daí para lugar nenhum!

O Original olha estupefato para Shun, mas atrás dele Seiya irrompe para o ar, exatamente como fez quando destruiu a muralha de cristal que trancava a casa de Áries.

- Você sabe que seus meteoros são inúteis cintra, Seiya!!

- Quem disse que ele vai usar os meteoros? – Diz Shun, confiante.

Seiya começa a girar no ar, fazendo com que seu punho em riste e todo o resto de seu corpo se transforme em um grande:

~COMETA DE PÉGASO~

Sofós ainda tenta conter o golpe com sua telecinese, mas ele é poderoso demais para ser parado e atravessa sua última defesa. Um impacto faz tremer as fundações da casa de Áries.

Após o golpe, Seiya posiciona-se ao lado de Shun e fica atento ao ambiente. O cosmo do cavaleiro de ouro parece ter desaparecido, mas algo incomoda o Pégaso.

- É isso? Será que conseguimos? – Pergunta-se, confuso.

- Olhe alí, Seiya!

A armadura de Áries volta à sua forma antiga e monta o carneiro de sua constelação, sem um cavaleiro dentro. Seiya coloca a mão na cabeça e se pergunta:

- Onde será que estão Shiryu e Hyoga? Sinto que o cosmo deles não está longe daqui. Algo mais uma vez afetou o golpe de Sofós.

- Seiya, o fogo da Casa de Áries no relógio deve estar se apagando. Vamos correr para ajudar Bado e os outros!

- Sim, vamos!

 

v Casa de Libra.

 

Shiryu acorda após ter sido novamente atingido pela Extinção Estelar de Sofós. Olha ao redor curioso pois aquela não é a Casa de Áries. “Eu... eu conheço essa casa. É a casa do Mestre Ancião”! Então sente aquela presença pacífica que o perturba profundamente. Ao se virar, percebe que ele está ali, trajando sua túnica branca com detalhes em tourado.

- Eu avisei para que não viesse aqui, Shiryu. – Diz Ékthesi.

 

 

 

 

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  • 2 semanas depois...

~ CAPÍTULO VII ~

v Floresta nos Arredores de Asgard. Dez Anos Antes.

 

 

O senhor de longa barba branca prepara um guisado de coelho na fogueira que armou do lado de fora de sua pequena barraca. Prepara dois pequenos pratos, um para ele e o outro para o garoto que nos últimos dias vem sempre aparecendo nesse horário. No começo o rapaz veio para roubar sua comida, mas o velho Forseti lhe ofereceu algo melhor: todo dia um prato de comida quente e uma história.

Vestindo nada mais que uns trapos velhos, Bado chega por entre as árvores carregando a comida do dia seguinte no ombro. Um lobo. Sem trocarem palavras, o velho leva a carne e estoca dentro do casebre, enquanto Bado apressadamente pega o prato e coloca a comida com a ajuda de uma concha. Forseti faz o mesmo, mas sem a mesma pressa. Apenas após ambos estarem bem alimentados, o senhor retoma a história de onde havia parado no dia anterior, quando o seu bisavô, a Estrela Beta, Magni de Merak, lutava contra o perverso Tyr, Deus da Guerra, que queria tomar para si toda Asgard. Após uma batalha que durou sete dias e sete noites, um mortal conseguiu a proeza de subjugar o poder de um deus, ficando para sempre marcado como aquele que conseguiu abrir a porta que separa deuses de homens.

- Eu não acredito nisso. – Diz Bado, que pela primeira vez desde o acordo que fizeram, abre a boca para comentar uma das histórias contadas.

- É seu direito, mas não muda o fato de que aconteceu.

- Como um homem pode alcançar um deus? Isso deve ser até um crime.

- “A porta que nos separa dos deuses não se abre para um homem, mas para a humanidade”, disse meu bisavô para meu pai, que disse para mim.

- O que isso quer dizer?

- Não sei. – Forseti dá um pequeno sorriso e olha para o céu, como se quisesse ver o rosto de seu antepassado. – Mas quando ele lutou contra Tyr, não era apenas um homem, ele era toda Asgard!

 

- Então nesse tempo todo... era possível?

v Casa de Touro.

 

Sorento, Suikyo e Bado se encontram derrotados, todos em uma cratera diferente, atingidos pela assustadora potência do Grande Chifre de Ímisy. “Os cavaleiros de bronze não lutam sozinhos. Asgard não está lutando sozinha...”

O Guerreiro Deus se levanta, com a ombreira direita e braço direito de sua robe destroçadas, mas com determinação ainda mais forte.

- Eu... não estou lutando sozinho!

Ímisy olha para o asgardiano completamente maravilhado, esquecendo-se por um momento do desprezo que sente por aquele homem, que atacou Aldebaran de maneira tão vil. Começa então a caminhar na sua direção.

- Existe uma forma de você se redimir diante de mim pelo que fez com meu antecessor. – O cosmo do cavaleiro de Touro se ergue. – Vou fazê-lo sofrer uma dor mil vezes maior. Se sobreviver, deixarei mais uma vez que vá embora. – Ímisy levanta seu braço direito e estende a mão. Incontáveis raios de luz vão à direção de Bado, numa estrutura bastante similar com o Meteoro de Pégasus. O guerreiro é atingido centenas, milhares de vezes até atingir a parede da casa, onde é atingido mais uma vez por outros milhares de raios.

Sorento tenta se arrastar para fora da cratera em que está e tenta alcançar sua flauta. Suikyo morde a boca com tamanha raiva pela impotência em ajudar Bado, o que faz sangue escorrer por seu maxilar.

Quando o golpe se encerra, Bado despenca da parede à uma enorme altura, mas é amparado por Shun, que acabou de entrar na casa. Seiya vem logo atrás, com seu cosmo preparado para o ataque.

- Não se preocupem amigos! Nós daremos conta do Touro!

A essa altura, Sorento começou a se levantar, com sua flauta em riste.

- N... não se atreva... Pégaso...

- Sorento? – Pergunta Seiya, confuso.

O General Marina coloca sua flauta na boca e começa a tocar mais uma vez, insistentemente, apesar de até agora não ter produzido nenhum resultado. Suikyo também se ergue e ensaia alguns passos cambaleantes na direção dos cavaleiros de bronze.

- Avancem. – Ordena o Juiz do Submundo, que começa a elevar seu cosmo.

Shun olha entristecido para seus novos companheiros. Enxerga uma grande determinação, mas eles não passaram pelas mesmas provações que os atenienses. Parece querer dizer algo, mas escuta a voz do Seiya em sua cabeça dizendo “Não diga nada que ofenda o orgulho deles. Vamos seguir em frente”. O cavaleiro de Andrômeda entende que não é o papel dele dizer quais batalhas um cavaleiro deve lutar.

- Vamos, Seiya.

A canção de Sorento começa a ecoar pela casa enquanto Seiya e Shun correm na direção de Ímisy, que não parece disposto a deixa-los passar. Quando os dois passam pelos flancos do dourado, ele despeja um poderoso golpe na direção de ambos, mas eles eram apenas uma ilusão e, ao invés de os atingir, centenas de sereias flutuantes começam a circular o Original de Touro. Ao mesmo tempo, Seiya e Shun passaram pelo alto e agora correm na direção da saída da casa. Preocupado em deter os cavaleiros de bronze, Ímisy não percebe que no alto, Suikyo aparece no topo do pequeno tornado de sereias em que o deus está no centro. Sem perder tempo, ele dispara:

~LANÇAS DE GELO DA LÓTUS BRANCA~

 

As lanças cravam com força no chão, mas antes que o Juiz do Submundo retorne ao solo, um clarão provocado pelo cosmo de Ímisy prenuncia o:

~GRANDE CHIFRE~

Seiya e Shun avançam para a casa de Gêmeos e não percebem a destruição provocada dentro da casa anterior, com mais um devastador golpe do filho de Atena. O lado esquerdo do peitoral e ombreira direita da surplice de Suikyo foram destruídas, assim como o capacete e braços da escama de Sorento. Ambos estão desacordados.

Ímisy olha intrigado para o General Marina, como se também o conhecesse de algum lugar, tentando entender do porque naquele momento ter sido afetado pela sua melodia. “Será que, em algum nível, eu fui afetado pela sua música”?

Bado cerra os punhos. Ele também percebeu que naquele instante, Sorento conseguiu tocar naquela porta. O Guerreiro Deus, inconsciente, tenta enxergar esta mesma porta, mas ela está muito distante, como se estivesse em um corredor muito longo e escuro. Bado fica prestes a entregar os pontos, mas escuta uma nota de uma música. Não vem da flauta de Sorento, mas de outro lugar, muito longe. Depois outra nota. Até reconhecer.

Nas escadarias para Gêmeos, Shun para de correr e olha para trás, escutando um som familiar, que apesar de triste, lhe aquece o coração.

O cavaleiro de Touro escuta o som de uma harpa, uma belíssima canção, mas ela não pode estar vindo do General, que está inconsciente. Ao virar para trás, percebe que mais uma vez o Guerreiro Deus está de pé.

- Eu tenho um amigo me mandando lutar. Não posso negar este pedido!

Ímisy consegue visualizar atrás de Bado a aura da pessoa que está interferindo em sua batalha, um homem de cabelos loiros e tristes olhos vermelhos.

- Quem é este homem? – Pergunta o Original, intrigado.

- Ele se chama Mime de Benetnasch!

Quando este nome é pronunciado, a canção fica substancialmente mais pesada e assustadora. Agora o som de uma flauta se junta ao da harpa. Sorento de Sirene segue a teimosia do companheiro e se encontra de pé, tocando seu instrumento em perfeita harmonia com a harpa, gerando uma grande cosmo energia que intensifica o crescente cosmo de Bado de Mizar! “A porta... está mais próxima... posso sentir”!

Ao tentar caminhar na direção do guerreiro, as pernas e braços de Ímisy se juntam ao corpo e parecem ser apertadas por incontáveis fios invisíveis.

- O que... é isso?!?

- O Réquiem de Cordas! Veio para levar Asgard à vitória!

- Como disse??

A ressonância de todos os cosmos presentes faz com que o cosmo do guerreiro deus se ascenda como nunca. Toda a casa de Touro adquire uma camada de gelo em sua superfície, à medida que Bado dispara na direção de seu oponente para, finalmente, tocar a porta que separa os humanos dos deuses.

~GARRAS DO TIGRE DAS SOMBRAS~

 

v Palácio Valhala, Asgard.

 

Hilda se aproxima da enorme sacada no andar superior do palácio, onde Lyfia ora para que Odin proteja os bravos guerreiros que pelejam nas Doze Casas. Ela se ajoelha e diz:

- O que seu cosmo diz, Senhora?

A jovem moça responde:

- Temi pela morte do nosso guerreiro. Ele está queimando seu cosmo de forma heroica, como os seus antecessores. – Sua voz soa pesarosa. – Logo Bado, que tanto sofreu e apenas recentemente encontrou motivos pra continuar a luta. Eu temo muito por ele, Senhorita Hilda.

- Você tem um bom coração, Lyfia. Bado é nossa esperança contra essa trama maligna que ameaça todos nós. – A preocupação de Hilda embarga sua pergunta. – Mas e a jovem Saori? E Atena?

- Sua preocupação tinha fundamento, Senhorita Hilda. Mas há algo protegendo ela do dano de ter sido separada de sua divindade. Um cosmo grandioso e divino. Sem isso, temo que Saori Kido estaria morta.

- Mas quem estaria fazendo isso? Os deuses foram expurgados.

- Sinto alguém que tem enorme amor por ela. Tomara que este cosmo persista, caso contrário... – Lyfia não precisou concluir a frase, para que Hilda entendesse a gravidade que seria resultado disso.

v Casa de Gêmeos.

 

Um poderoso homem adentra a terceira casa do Santuário de Atena. O guardião, Dynatós de Gêmeos, grisalho e de intimidadores olhos vermelhos, portando a armadura dourada de sua constelação, caminha lentamente na direção da pessoa. Chegando lá, encontra um velho conhecido em necessidade de ajuda.

- Que estado deplorável você se encontra. – Confessa, sem papas na língua.

- Eu... cometi um erro de cálculo... Dynatós... – Responde Sofós de Áries.

- Para dizer o mínimo. – Ele se ajoelha para observar melhor as cicatrizes do cavaleiro de ouro e não consegue controlar a vontade de rir. – Hahahah! Somente um idiota subestimaria aqueles cavaleiros. Já vi incontáveis cavaleiros de Gêmeos falharem por essa mesma soberba. Mesmo contando com minha assistência.

- Preciso... me recuperar...

Dynatós coloca a mão no pescoço de Sofós e começa a sufoca-lo.

- Eu poderia mata-lo aqui mesmo e acabar com essa sua audaciosa insurreição. Ninguém precisaria saber de nada.

Ficando sem ar, o Original de Áries diz:

- Você... está comigo nisso até o fim... filho de Ares. – Sofós cospe após pronunciar o nome do deus da Guerra.

O cavaleiro de gêmeos não parece ofendido com o gesto e oferece uma mão para que seu companheiro se levante.

- Vá fazer o que tem que fazer... “irmão”. – Diz um desdenhoso Dynatós.

 

v Casa de Touro.

 

O elmo da armadura de Touro voou para longe, enquanto seu cavaleiro se encontra ajoelhado no chão, depois de ter sido arrastado vários metros para trás. Ele tem a mão em seu olho esquerdo, como se estivesse protegendo algum ferimento. Bado está de pé, mas completamente exausto. Suikyo permanece em estado de alerta e Sorento fica com o olhar fixo no oponente.

- Muito bem, rapazes. – Diz Ímisy, que depois remove a mão de seu rosto e mostra a ferida que lhe arrancou o olho esquerdo, graças as garras de Bado. Ao invés de sangue, parece que sai pó estelar. – Fizeram algo que nem mesmo Hércules conseguiu fazer: ferir meu santo corpo.

Com toda sua altura, Ímisy relembra seus adversários de sua imponência ao se levantar.

- O dano que fizeram em mim é ainda maior do que parece. Então preciso finalmente lutar com todas as minhas forças. Me perdoem. – Diz, soando sincero.

O cosmo do Original de Touro se ergue monstruosamente e os três invasores caem devido a sua pressão. Logo, a armadura dourada começa a brilhar de forma intensa, até gradualmente aumentar de volume e tomar uma forma diferente da anterior, mais ameaçadora.

- Esta é a kamui de Touro. – Cruza os braços. - Lamento que este seja seu fim.

Ao andar para frente, Ímisy sente que alguém o segura pelo braço. Ao olhar para trás, o pó de estrelas que escapou de sua ferida parece formar a silhueta de alguém. Os olhos do original enchem d’água ao perceber de quem pertence o cosmo que está sentindo.

- Aldebaran?!

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Bom.

Novos guerreiros dos outros deuses. Muitos deles foram subjulgados pelos cavaleiros, e não conseguiram mostrar seu potencial.

 

Vamos acompanhando.

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